🔮
Raiva.
Tristeza.
Definitivamente, esses foram os únicos sentimentos cultivados dentro de mim durante três longos anos.
Agora, meu coração acelera por outro motivo.
Bate tão forte e tão rápido que me assusta a possibilidade de vê-lo fugir de meu peito. E ainda que não o faça, eu desconfio que todos ao redor podem escutar seus sons desastrados. Mas enquanto eu sinto minhas palmas suadas, os batimentos taquicárdicos e a boca seca, ninguém nessa cafeteria parece perceber o que está acontecendo.
Ninguém parece perceber que, por baixo da mesa, o dedo de Jimin continua entrelaçado ao meu.
Enquanto Hoseok olha o cardápio com atenção, Jimin e Yoongi já parecem ter decidido seus pedidos, atentos a outra coisa que não meu colapso iminente.
Por ser uma cafeteria nos arredores da universidade, nós todos já estamos habituados com o menu, ainda que nunca tenhamos vindo todos juntos. O local é aconchegante, movimentado, mas silencioso, e certamente cada um de nós já esteve aqui nos momentos em que precisávamos parar para recuperar a energia que parece sempre ser sugada pelo meio acadêmico.
Em outra ocasião, eu facilmente escolheria meu pedido. Pararia no balcão, pediria um chocolate quente com pouca espuma e uma porção de mini croissants sem recheio. Ali, eu sentaria sozinho, cercado por outros universitários que, diferente de mim, estariam dividindo a mesa e conversa com seus amigos.
Hoje, eu finalmente sou uma dessas pessoas. Eu finalmente deixei de ser o cara esquisito que senta sozinho. Agora, eu sou o cara esquisito que senta com os... amigos?
Sei que é pretensão demais chamá-los assim, mas a circunstância atual me priva de encontrar um substituto mais brando. É impossível tentar escolher a palavra certa para me referir a eles quando Jimin interdita todo o meu pensamento ao manter seu indicador enrolado ao meu mindinho.
— Chá de ameixa? — Hoseok sugere, sentado em minha frente, deslizando os olhos do cardápio em suas mãos até deitar sua atenção em mim. — Ou de gengibre? O que você prefere? Lembre que seu hyung vai pagar!
Minhas duas mãos estão escondidas debaixo da mesa. Uma, em contínuo contato com a de Jimin; a outra, quase rasgando minha calça de tanto apertá-la.
— Ameixa. — Finalmente respondo, precisando de um esforço descomunal para não gaguejar.
— Você está bem? — É Yoongi quem pergunta, com o braço apoiado no encosto da cadeira de Hoseok, ao seu lado. — Você está suando frio.
— É dor de barriga? — Hoseok pergunta, preocupado. — É melhor não pedir o de ameixa, então. Vai soltar mais. Uma vez eu comi um doce com ameixas e o banheiro foi meu melhor amigo por um dia inteiro.
Jimin está surpreendentemente calado, ao meu lado. Sua mão, a que não toca a minha, sustenta seu queixo ao mesmo tempo em que seus dedos escondem um sorriso discreto e nervoso em seus lábios. Seu rosto está suavemente virado para o outro lado, seus olhos parecendo evitar os meus desde que nos sentamos.
Quando eu nego a suposição de Hoseok, ele e o piromaníaco continuam me olhando com desconfiança. É óbvio que eles percebem que algo está estranho, mas não sabem o motivo. Porque ele está escondido debaixo da mesa. Ele é um segredo compartilhado apenas entre Jimin e eu.
— O de ameixa está bom. — Garanto enquanto, simultaneamente, me pergunto se Jimin está sentindo o suor em minha mão.
— Um chá de ameixa, dois cafés pretos e um capuccino, então. — Hoseok repassa cada pedido para o garçom, para então pousar os olhos cansados, mas suaves, em mim: — Quer mais alguma coisa, Jungkook? — Eu nego timidamente, o que logo faz Hoseok passar o cardápio para o atendente. — É só isso. Obrigado.
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CEM CHANCES • jjk + pjm
Fanfiction[CONCLUÍDA] Jeon Jungkook odiava Park Jimin com todas as suas forças. E o sentimento parecia ser recíproco. Como dizem, dois pólos iguais se repelem, e ter corpos marcados por tatuagens é apenas uma das coisas que eles têm em comum. Quando uma discu...