[f(13) = 5x - 52] Quem

165K 20.6K 134K
                                    

 🔮

No capítulo anterior:

Como se minha força fosse drenada, o aparelho escorrega até o chão. Porque não é mais dia 21 de outubro. É dia 22.

[...]

Depois do dia 21, vem o dia 22. Essa é a ordem natural. No entanto, o natural, agora, me parece estranho.

Então ao mesmo tempo em que uma sensação excelsa de alívio reivindica seu lugar, minha paleta de sentimentos conta também com uma pontada dolorosa de medo e, ainda maior, falta de compreensão.

Por que, depois de se repetir por tantas vezes, o dia 21 de outubro finalmente encontrou seu fim?

De tão tomado pela confusão, eu não esboço qualquer outra reação imediata. Pensamentos e possibilidades bombardeiam minha mente como uma chuva de meteoros. Para Jimin, não parece ser diferente.

Então eu o olho. Com a esperança de encontrar em sua expressão um lampejo de entendimento. A mesma que domina cada traço de seu rosto no momento em que ele interliga os pontos, segundos antes de dar voz ao que se passa em sua cabeça. Eu tenho esperança em sua genialidade, utilizando-a quase como uma âncora.

Mas tudo que ele exibe, depois de se perder nos próprios pensamentos, é um medo ainda mais intenso que o meu próprio.

— Hoseok! — Ele então brada o nome do terceiro elemento envolvido nessa desordem.

Honestamente, talvez o elemento mais afetado, também.

Sem falhar em seu propósito de me servir, minha mente rapidamente percorre um caminho imaginário que me faz entender por que Jimin parece tão preocupado.

São apenas segundos, mas tempo o suficiente para que ele já tenha corrido para fora de minha casa. À altura em que o sigo, Park já está dentro de seu carro, partindo com o canto dos pneus contra o asfalto quando faz uma curva para retornar à sua casa, onde eu profundamente desejo e espero que Hoseok ainda esteja, e esteja bem.

— Hyung? — Ainda parado sem reação na porta de casa, eu ouço a voz de meu irmão mais novo. Ao olhar para trás, eu o vejo bocejando enquanto coça um dos olhos com a mão, o cabelo seriamente despenteado e acho que um pouco de baba seca no canto da boca. — Que horas são? Aquele era o carro de Jimin hyung?

— Era o carro dele. Já passou de meia noite. — Eu respondo, mais uma vez soterrado por uma infinidade de sentimentos.

Agora, felicidade. Porque Junghee lembra de Jimin, então ele lembra das últimas horas que tivemos juntos. Sendo assim, muito mais que provavelmente, minha mãe também lembra. Ela lembra de sorrir pela primeira vez depois de tanto tempo, de sentar à mesa com seus dois filhos, de cuidar de mim. Ela lembra.

— Vocês brigaram? — Junghee ainda pergunta, preocupado. — Por que ele saiu desse jeito?

— Ele está preocupado com um amigo. — Respondo. Contra todas as possibilidades, com um sorriso que talvez sequer se torne aparente quando eu bagunço seus cabelos antes de virá-lo de costas para mim e prendê-lo numa chave de pescoço falsa e frouxa, empurrando-o para dentro de casa depois de fechar a porta com o pé. — Deixe de ser curioso e vai lavar essa boca suja e dormir, moleque.

Ele reclama enquanto tenta se soltar, mas quando o faz e olha para mim, eu vejo seus olhos brilhando intensamente como se sorrissem para mim.

Meu pai sempre dizia que, de todas as semelhanças, o que eu e Junghee mais temos em comum é que nós sorrimos com os olhos.

CEM CHANCES • jjk + pjmWhere stories live. Discover now