Capítulo 30 - Situações constrangedoras

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Era uma segunda-feira. Kally levantou da cama, como sempre fazia, mas dessa vez algo estava diferente, Kally podia sentir. Ela estava com uma dor de barriga estranha e uma sensação estranha. Kally acordou, e quando foi levantou da cama viu que havia uma mancha vermelha de sangue no lençol.

Snape nunca explicou para Kally nada sobre o corpo humano e as mudanças que Kally iria sofrer ao chegar em uma certa idade. Nenhum dos dois se sentia confortável de conversar sobre essas coisas, ainda mais que Snape era seu pai. Kally ficou aliviada porque ela sabia o que estava acontecendo, suas amigas e todas as meninas de sua idade sempre falavam sobre isso, e Andromeda chegou a falar com ela sobre essas coisas, não queria deixar que Snape tivesse que lidar com isso. Ficou mais aliviada ainda que isso não aconteceu nas férias, quando estaria sozinha em casa com seu pai e não teria nenhuma figura feminina a quem recorrer.

Suas amigas logo levantaram, todas desciam juntas para o café da manhã. Kally contou para elas o que havia acontecido, e disse que não iria descer para tomar café naquela manhã, iria direto para a Ala Hospitalar pedir ajuda de Madame Pomfrey.

Kally se vestiu e foi até lá. Entrou e logo Madame Pomfrey foi até ela.

- Precisa de alguma ajuda, querida? - Madame Pomfrey perguntou.

Kally, que viu que a Ala Hospitalar estava vazia a não ser por ela e Madame Pomfrey, suspirou de alívio.

- Sim... Eu estou com uma dor na barriga... uma dor estranha e diferente... - Kally disse.

- Oh, querida, já sei o que lhe incomoda. Por acaso você ficou menstruada? - Madame Pomfrey disse.

- S-sim... - Kally disse, envergonhada.

- Não se preocupe, querida. Isso é uma coisa natural. Irei providenciar uma poção para a sua dor e trarei as coisas de que precisa para lidar com isso.

Madame Pomfrey foi até um canto onde ficavam as diversas poções de cura e outros utensílios. Pegou um copo e o serviu de uma poção amarelada e depois separou algumas coisas e colocou em uma sacola para Kally.

- Tome, irá aliviar a sua dor. - Madame Pomfrey disse, entregando o copo à Kally.

Kally tomou a poção e ela logo fez efeito e aliviou sua dor.

- E isto aqui é o que você precisa para lidar com o sangue. Algumas meninas já trazem na mala quando vem para Hogwarts, outras preferem me procurar e conseguir a cada mês, faça como preferir. - Madame Pomfrey disse, entregando a sacola à Kally.

- Muito obrigada, Madame Pomfrey. - Kally disse, saindo da Ala Hospitalar e indo em direção a sala comunal da Sonserina.

Kally foi até o banheiro da sala comunal e colocou o que Madame Pomfrey lhe deu e logo subiu para seu dormitório para guardar o resto em sua mala, nem foi para o salão principal.

Quando estava no dormitório, sozinha, e pensando no que acabara de acontecer, Kally, inevitavelmente, começou a chorar. Estava angustiada de não poder contar à ninguém de sua família sobre o que aconteceu. Snape a pediu para parar de mandar cartas à Andromeda e Ninfadora, as únicas pessoas que saberiam lidar melhor com esse tipo de situação. Kally nunca se sentiu tanto desejo de ter sua mãe por perto ou de ter uma irmã, como estava sentindo agora.

Kally, ao ficar chorando no dormitório, nem sentiu o tempo passar, e quando percebeu, havia perdido a aula de Poções, mas foi correndo ir às outras aulas do dia que restavam. No fim do dia, Kally e as quatro amigas foram ao salão principal jantar. Kally se sentia nervosa, pois ao faltar o café da manhã e a aula de Poções, sabia que Snape a interrogaria mais tarde, e Kally sabia que desta vez seria difícil de mentir. Durante todo o jantar, Snape tentou fazer contato visual com sua filha, sem sucesso.

Ao término do jantar, como sempre, Kally foi até a sala de seu pai, que já a esperava. Kally bateu na porta, entrou e se sentou.

- Acho que já sabe o que irei perguntar. Posso saber o motivo de você ter faltado ao café da manhã e a minha aula? - Snape perguntou, severamente, estava pensando em dar um castigo à Kally, como pai, não como professor.

Kally olhava para baixo, não conseguia encarar seu pai e contar o que havia acontecido. Começou a chorar, estava mais emotiva ultimamente. Snape se surpreendeu com a reação da filha.

- M-me desculpe por ter faltado s-sua aula... - Kally disse, soluçando. - Voc-você sabe o quanto não g-gosto de perder aulas...

Snape, que se arrependeu de ter sido tão rígido, tentou ser mais calmo.

- Querida, eu me preocupo com você, sabe disso. Justamente pelo fato de que você não gosta de perder aula que eu fiquei preocupado. Alguma coisa aconteceu para você ter faltado à minha aula. - Snape disse. - Quer me contar o que aconteceu?

Kally, que estava envergonhada demais para contar a seu pai em palavras o que aconteceu, com dificuldades, olhou nos olhos de seu pai. Sempre que fazia isso ele entendia o que ela queria dizer.

Assim que Snape entendeu o que havia acontecido, ele também se sentiu desconfortável, e ficou levemente vermelho. Não sabia o que dizer em um momento daqueles.

- V-você já resolveu isso, querida? - Snape disse, gaguejando.

- J-já. - Kally respondeu. - Por isso faltei ao café da manhã.

- Por que está chorando, então? - Snape perguntou.

Kally começou a chorar ainda mais. Antes de falar, escondeu o rosto entre as mãos para não ver a reação de seu pai.

- Eu queria tanto que mamãe estivesse viva... Queria tanto ter alguém para quem contar sobre essas coisas... - Kally disse, sua voz, saindo levemente abafada por estar com o rosto nas mãos.

O coração de Snape se despedaçou ao ouvir aquilo. Ele sempre fazia de tudo para ganhar a felicidade de sua filha, para tentar recompensar o fato de que a menina perdeu a mãe muito cedo.

- E suas amigas, por que não conversa com elas? - Snape perguntou.

- Não é a mesma coisa... Eu queria ter alguém da família para poder falar sobre essas coisas, uma mãe, uma tia, uma prima, uma irmã... - Kally disse.

- Eu já disse isso, e sei que é difícil para você, querida. Você sabe que eu faria tudo para você. Sempre que precisar eu estarei disponível para conversar, sobre o que você quiser. Eu sei que não é muito o que você deseja, e que eu não sou a pessoa ideal para esse tipo de coisa... Acho que hoje posso abrir uma exceção para você, pode escrever uma carta à Ninfadora e Andromeda. - Snape disse.

- Sério? - Kally perguntou, e Snape assentiu. - Muito obrigada, pai!

Kally foi logo abraçar Snape.

- Se quiser, pode dormir aqui hoje. Não quero forçar você a nada, é apenas um convite. - Snape disse.

- Eu vou escrever a carta e volto para dormir aqui. - Kally disse.

Foi correndo até seu dormitório para escrever a carta. Pegou sua pena, tinta e um papel.

Queridas Ninfadora e Andromeda,

Meu pai abriu uma exceção e me autorizou a escrever essa carta à vocês. Hoje aconteceu uma coisa comigo, eu menstruei pela primeira vez. Eu queria muito contar isso à alguém da família, que não fosse meu pai. Ele descobriu pois eu faltei o café da manhã e a aula de Poções.

P.S: Preciso me encontrar com vocês.

Com amor, Kally.

Kally escreveu a carta, a deixou em cima da mesa de seu dormitório, entregaria amanhã de manhã. Pegou seu pijama, desceu até a sala de seu pai e foi dormir lá.

Kally - A filha de Snape e LilyWhere stories live. Discover now