Capítulo 07

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Sento-me e início a abertura dos sistemas necessários para a execução do meu trabalho a partir daqui

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Sento-me e início a abertura dos sistemas necessários para a execução do meu trabalho a partir daqui. Posiciono cada coisa no seu devido lugar.

Eu não consigo me desvincular de certos hábitos, de coisas que precisam ser executadas em uma ordem exata.

O espaço precisa conter o silêncio necessário, e também a iluminação certa.

O que no momento não está de acordo, porque todas as malditas cortinas estão abertas, permitindo uma quantidade de luz desnecessária, entrando no escritório.

Me ponho de pé, empurrando com a força dos meus joelhos a poltrona atrás de mim.

Já poderiam ter instalado um sistema eletrônico pra essas costinas, mas não, o velho sistema, de uma empregada ter que abri-las e fechá-las todos os dias, permanece.

Não faz sentido, e a incompetência piora tudo. A minha mãe é tão flexível com todos nessa casa, que não sei como algo ainda funciona com eficiência aqui.

Puxo um punhado pesado do tecido até a metade da janela, e depois o outro, deixando apenas um espaço no meio para a entreda de iluminação.

Sinto o latejar do ombro, e suspiro irritado.

__ Inferno.

Eu quase sempre o ignoro, não é uma dor intensa, forte como um dia foi, mas ainda incomoda.

Uma corrente de ar agradável entra pelo espaço aberto, e me movo o suficiente para que atinja o meu rosto.

Preciso ignorar a dor.

Meus olhos vasculham a paisagem adiante. Tudo em perfeita harmonia nos jardins da dona Helena.

Penso em retornar a poltrona e executar o meu trabalho imediatamente, mas antes que eu me mova novamente, algo atrai a minha atenção.

Distante algo se move, ou melhor, alguém.

Uma figura esguia e pequena, percorre uma das trilhas. Os passos são vagarosos, quase inseguros. As roupas de um tom de azul muito claro, a destacam em meio ao verde.

Permaneço olhando, observando ela se mover, os cabelos ruivos, absurdamente acobreados, longos, lindíssimo. Eu me sinto quase hipnotizado pela imagem, uma força dentro de mim me mantém de olhos fixos nela, não sei dizer com exatidão como ela é, mas uma curiosidade inexplicável me faz cerrar o olhar em uma tentativa vã de enxerga-lá com perfeição.

Ela está de costas, com o rosto oculto.

Ela continua a se mover, e por um instante me faz ter um pensamento ridículo, voltar a uma lembrança há muito tempo esquecida.

A pequena criatura parece parte das inúmeras cores que compõem o jardim, parte das inúmeras flores, como uma das pequenas ninfas da natureza, aquelas que eu tanto apreciava nas imagens de arte, sobre mitologia grega e romana, Hilas e as Ninfas, tão sensuais.

SECRETS Vol.02 (Série: Grecos)Where stories live. Discover now