Capítulo 32

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Pisco aturdido, sentindo-me instável, como se o chão estivesse se abrindo sob meus pés e eu não tivesse mais qualquer equilíbrio

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Pisco aturdido, sentindo-me instável, como se o chão estivesse se abrindo sob meus pés e eu não tivesse mais qualquer equilíbrio. Por um breve momento, tento me iludir, imaginar que ouvi errado, que o que vejo é apenas uma miragem desgraçada. Mas não, eu ouvi o que minha mãe disse com perfeição, e o que vejo é real, não dá pra negar. A raiva e surpresa dentro de mim são avassaladoras, como ondas violentas batendo contra um penhasco.

__ Eu estou tão feliz que eles estão se conhecendo melhor. Ele precisava mesmo de uma companhia em idade próxima a dele, não acha? __ Minha mãe desanda a falar, sua voz empolgada me causa um sentimento horrível. __ Como mãe eu me preocupo que o seu irmão faça boas amizades. E se eles se apaixonarem mesmo, vai ser perfeito, Heitor.

Meu coração bate acelerado, como se quisesse sair pela boca. O binocolo em minhas mãos só não vira pó, ou perde o seu formato, porque é feito de um material absurdamente resistente. Eu o seguro com tanta força. Sinto ódio, um ciúmes de proporções nucleares.

Estou no inferno!

Aurora ri para o meu irmão, sua cabeça inclina para trás, tamanha a magnitude de sua risada. A cena deles sentados compartilhando um momento juntos é como a maior das afrontas. Ela conversa com ele... Sinto como se uma agulha afiada perfurasse meu peito lentamente, alimentando o sentimento indigesto, venenoso que cria raízes rápidas.

Tento controlar minha respiração, mas é quase impossível.

Não! Eles não vão se apaixonar, eles não continuarão a ser noivos, e não vão se casar. Nunca! O Adam não ousaria roubar algo de mim, algo que pertence exclusivamente a mim. Eu teria que estar morto e insinerado pra permitir isso.

Com um esforço sobre-humano, desvio o olhar do binóculo, tentando afastar esses pensamentos sombrios. Minha mãe está ao meu lado, sua atenção voltada pra mim e eu sei que devo manter a compostura, afinal, eu não posso, não devo demonstrar o que eu sinto por aquela pequena traidora no jardim, sorrindo para o meu irmãozinho suicida. Mas por dentro, sou um vulcão prestes a entrar em erupção, lutando para não deixar transparecer a intensidade da minha obsessão pela Aurora, nem o veneno do ciúme que consome cada fibra do meu ser.

__ Eles estão noivos? __ Minha voz tem um tom controlado, mecânica. Entrego o binóculo a ela, em um movimento lento. Sinto o nó da gravata reduzindo em volta do meu pescoço. __ Em algum momento alguém pensou em me comunicar a respeito disso? Mesmo por um instante?

__ Seu pai e o Francesco intermediaram tudo. Não fique chateado. __ Ela fala ao me olhar com atenção e um pouco menos sorridente.

__ Por que acha que eu estou chateado, mãe?

__ Seus olhos estão com aquele brilho de pura insatisfação. Seu maxilar cerrado, enquanto busca não proferir um palavrão diante de mim. Posso não enxergar você totalmente da maneira que é, mas é meu filho e eu o conheço um pouco. Heitor, nada disso foi feito para afrontar sua liderança querido. O seu pai respeita você. Sabe muito bem disso. __ Eu fracasso até mesmo em esconder da minha mãe, que estou irritado.

SECRETS Vol.02 (Série: Grecos)Where stories live. Discover now