SECRETS Vol.02 (Série: Grecos)

Capítulo 29

Estou na Grécia, o berço das origens da minha família. Em meio a teimosia e insistência da minha mãe quanto a eu ter que descansar, fiquei pensando que me afastar de tudo, inclusive da minha própria família, ajudaria em meu raciocínio, então mesmo relutante a princípio, resolvi me ausentar por alguns dias.

Não sou ingênuo o suficiente para não perceber a maneira como meu pai manipula as coisas. Ele sabe que minha mãe, dona Helena, tem seu papel de influência em minha vida, e não pensou duas vezes antes de usá-la pra me convencer de vez a tirar uma folga da rotina intensa de trabalho na qual vivo.

Isso não me conforta em nada, ele acreditar que estou cansando, ele perceber isso.

Eu cedi, porque de fato preciso pensar com calma, cautela e clareza em relação aos meus próximos passos, em meus planos para ter o que quero. Tenho sido impulsivo em algumas atitudes, quase ridiculamente juvenil, perdendo o meu controle quando ela está por perto, e isso é inadmissível.

Não sou simplesmente um homem, mas um homem adulto, consciente do meu poder e influência. Sou Heitor Greco, líder da Olympus, com domínio no mundo dos negócios e no comando do maior banco de controle econômico global. Minha identidade vai muito além do que um mero mortal consegue ter dimensão, sou o arquiteto das estratégias financeiras que moldam o curso das economias mundiais. Meu nome é sinônimo de autoridade e temor, e minha liderança é respeitada por todos que cruzam o meu caminho, pois do contrário sabem das consequências.

Eu não posso nem por um segundo ignorar o fato que vivo em um mundo de feras tão selvagens e hediondas quanto eu mesmo sou. Onde um devora o outro na primeira oportunidade. Então tudo isso precisa ser meticulosamente calculado. Eu não pretendo agir de forma que fique evidente pra qualquer um, seja da minha família, e menos ainda do conselho, o quanto eu desejo aquela pequena ninfa. As minhas intenções em relação a ela... Assuntos referentes ao que o meu pau deseja, são inteiramente meus.

Eu não tenho a menor intenção de evidenciar esse desejo, essa afeição inexplicável. Seria demonstrar uma fraqueza, expôr um calcanhar de Aquiles em mim, um ponto fraco para os meus inimigos, algo em que eles poderiam me atacar.

Sinto-me diferente em relação a Aurora, ela exerce um estranho poder sobre mim, algo do qual eu não tenho controle, e eu já não posso mais negar. Ao mesmo tempo que reconheço a intensidade do desejo que eu sinto por aquela bastardinha gostosa, também reconheço que isso é uma puta fraqueza, que isso pode representar a minha ruína. Eu não deveria me sentir assim, mas me sinto e preciso tomar as decisões certas a fim de por tudo no lugar que preciso, e quero. Com especificidade, quero ela na minha cama, sob mim, gemendo meu nome, me dando tudo... Essa visão me consome.

Ao desembarcar em Atenas, eu quase pude sentir a aura majestosa que paira sobre a cidade. As antigas ruínas e os monumentos imponentes parecem sussurrar segredos de um passado cheio de glória.

Ao chegar à antiquíssima residência da família Greco, pude contemplar a grandiosidade da arquitetura grega em nosso lar mais antigo. Por um tempo, no passado ela deixou de nos pertencer, mas a adquirimos de volta quando foi possível. As colunas imponentes e as estátuas em tamanho real são testemunhas do esplendor passado da minha família aqui. A casa, com seus corredores de mármore e jardins exuberantes, é um testemunho vivo da rica história da minha família nesse país. Há muito tempo desde a última vez que estive aqui, mas as memórias da infância e adolescência ressurgem tão vívidas quanto o sol que brilha irritando os meus olhos.