Capítulo 16

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Saudades da mamãe, foi a minha justificativa para a pergunta da Helena

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Saudades da mamãe, foi a minha justificativa para a pergunta da Helena. Eu não menti, não totalmente.

__ Querida, tudo bem? __ Ela me questionou assim que sentei.

__ Sim.

A mentira escorrendo pelos meus lábios, o sentimento de angústia me sufocando.

__ Me desculpe, eu não quero ser impertinente, mas você parece abatida agora.

__ Minha mãe... Eu estou com saudades dela. Eu não consigo ficar muito tempo longe. Eu não gosto, me sinto preocupada. A situação dela ainda é muito frágil.

__ Compreendo. __ Respondeu de forma gentil.

Voltei meu olhar ao meu pai, que mantinha sua atenção preocupada em mim.

Nos últimos meses eu experimentei os sentimentos mais terríveis, desde profunda dor e medo por minha mãe, a pavor e decepção pelo meu próprio tio. Temor por ter que mudar tão repentinamente de vida ao vir morar com o meu pai.

E agora, isso.

Me sinto engolida pela vergonha, um sentimento de culpa angustiante e irracional, eu quero chorar. Eu quero deixar as lágrimas presas se libertarem. Eu não sei se me sentirei melhor algum dia, livre dessa angústia, dessa raiva.

Senti meu corpo com o dobro do seu peso ao retornar aquela sala, e enfrentar a presença dos demais, me senti indo em direção a forca, um pavor de que percebessem algo.

Porém eu não fiz nada! Eu não fiz nada de errado. Então por que me sentir com medo e receio de que notassem algo?

Eu senti tudo em mim tremer, ao vê-lo novamente.

Aquele homem inescrupuloso, horrível, estava lá, e me encarou com seu olhar mais inocente. Nada em suas feições ou postura denunciavam o que ele havia feito comigo. Enquanto eu me sentia a mais infeliz das criaturas, ele parecia imune ao remorso, um predador disfarçado de ovelha.

Como alguém pode ser tão sínico, dissimulado?

__ Aurora, querida, quando eu aceitei vir a esse jantar, eu tinha esperança de que você fosse se sentir ao menos um pouco feliz, eu achei que veria ao menos alguns sorrisos, e vi por um momento, então não imaginei que você voltaria pra casa tão triste. O que houve? Algo a ofendeu filha? Me diga. __ Meu pai com seus olhar repleto de ternura, me olha profundamente analítico. __ Fale comigo, por favor.

Como ele reagiria se soubesse o que houve, se descobrisse que Heitor Greco, o noivo da sua filha mais velha, o primogênito do seu casal de amigos, se comportou de forma tão imoral comigo?

Eu fui tão imprudente, eu não devia ter direcionado meu olhar a ele. Que mensagem eu passei?

O carro faz o mesmo percurso de volta, tudo em perfeito silêncio na noite sufocante, exceto por minha respiração acelerada.

SECRETS Vol.02 (Série: Grecos)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora