Capítulo 22

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Aurora Serrano

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Aurora Serrano

Meu pai, habitualmente contido, revela uma frieza inacreditável. Cada palavra dirigida a mulher de tez insensível, dura mas elegante, é proferida com uma confiança surpreendente. Seus olhos, normalmente calorosos, emanam uma ameaça palpável.

A tensão no ambiente é quase tangível.

__ Não pode fazer isso! Se fizer, vai despedaçar anos de tradição e respeito. Não pode sacrificar o nome Serrano por um capricho romântico. __ Sinto arrepios ao ouvir o tom de voz irado dela e sua movimentação raivosa mesmo sobre a cama.

__ Poder, essa é a palavra chave. E eu posso o que eu quiser. O poder é meu Isabel, e ninguém mais vai me dizer o que fazer. __ Ele fala imperturbável, transmitindo uma segurança e certeza absolutas.

__ Vai manchar o nosso legado. Você não pode manchar a nossa história. __ Seus olhos castanhos desbotados, piscam agitados, intercalando entre olha-lo e me olhar.

__ Você se preocupa com isso? Eu tenho certeza que não. Você defecou em cima desse legado hipócrita há anos sem quaisquer escrúpulos. __ As palavras dele são duras, e nada educadas para um filho dizer a própria mãe, mas parece estar diante de algo que finalmente decidiu enfrentar.

Observo em silêncio e nervosa, tentando decifrar o que está havendo. Por que estou aqui, quando ele sabia que ela não seria amistosa?

__ Você trouxe essa bastarda aqui para me afrontar. Ela me ofende com a sua presença imunda. __ As palavras dela cáusticas me fazem recuar um passo.

Meu pai me olha com atenção, suas feições duras. Um ressentimento contra ele surgindo em mim.

O que está havendo? Por que ele está me fazendo passar por isso?

__ Você é a única imunda aqui. Aurora, está vendo essa mulher? __ Sua voz é controlada. __ Ela é a minha mãe, a sua avó. É inevitável, eu não posso apagar da minha vida esse fato. __ Pisco aturdida, tentando compreender onde ele quer chegar. __ Assim como é um fato ela ser desagradável, desumana, mesquinha...

__ Essa ainda é a minha casa. Saia com a sua bastarda. __ Ela fala em um tom de voz controlado, mas ainda assim repleto de asco.

Asco de mim.

__ Cale a boca Isabel. Toda essa maldição aqui é minha, e um dia também vai pertencer a ela.

__ Papai, eu quero ir embora. Eu não sei o que isso significa, mas não quero estar aqui. __ Consigo falar.

__ Eu preciso que veja Aurora, eu prometo meu amor que eu vou explicar depois, mas eu preciso que veja que o ser humano pode ser horrendo e não há um critério pra quem seja. Essa mulher deveria ser a minha fonte de segurança, mas ela não foi. Ela não foi, entendeu? Ela foi a primeira a me trair, a trair a minha confiança.

SECRETS Vol.02 (Série: Grecos)Where stories live. Discover now