Capítulo 13

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POV CHARLOTTE

Acordo com o barulho da porta sendo escancarada com violência, fico sem ar pelo susto, dois homens altos e morenos entram no quarto de Talita, rindo e gritando em outra língua, italianos.
Ouço Talita resmungar de trás de mim, ela senta na cama e encara os dois homens em minha frente, que agora me encaram como se eu fosse uma atração turística, mesmo estando completamente vestida, me enrolo no lençol, cobrindo todos os pedacinhos de pele descobertos.
Não sei se devo gritar para alertar Elijah que há invasores em sua casa, mas continuo em pose de defesa.

– Saiam do meu quarto, seus abutres. – Talita resmunga, sonolenta e irritada.
Relaxo um pouco ao saber que ela conhece esses dois, então não são dos Viola.

– Que tesouro que conseguiu, cugina. – Um deles diz, ainda me encarando com seus olhos de predador.

Elijah também tem um olhar de predador, mas os olhos desse homem transmitem algo totalmente diferente do que vejo nos olhos de Elijah.

Me encolho na cama mais um pouco, Talita percebe meu desconforto.

– Quem é ela? E quando está disponível para mim? – O outro pergunta no mesmo tom, sinto vontade de vomitar duas vezes.

Quero arrancar sangue deles com minhas unhas até que eles aprendam como tratar uma mulher.

– Ela é do Eli – Talita começa com desinteresse, eles passam o olhar entre mim e ela. – Então, sugiro que nem percam seu tempo.

– Ele dividiu com você, pode muito bem dividir comigo. – O primeiro diz como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.

Quando estou prestes a xingá-lo de mil maneiras diferentes, ouço um xingo alto o suficiente para me fazer pular de susto.
Alguns segundos depois, Elijah aparece na porta do quarto de Talita, só reconheço raiva em seu semblante, e um pouco de sono.
Primeiro foca o olhar em mim, depois nos dois homens no quarto, Elijah dá um passo para perto deles, é o suficiente para vê-los suando frio.

– Que porra vocês estão fazendo no quarto da minha prima? – Ele troveja em uma raiva totalmente nova, diferente de quando ele tem raiva de mim. – Se eu souber que algum de vocês tocou nela, eu mato sem nem hesitar... Além da surra humilhante que levariam antes – Elijah direciona o olhar mortal para um deles, o primeiro que falou comigo. – Não seria a primeira vez, não é, Raffaello?

Raffaello cruza os braços tentando disfarçar que está quase paralisado de medo.
Por que todo mundo tem tanto medo do Elijah?

– Só queríamos conhecer a sua nova convidada, Eli – O outro diz baixinho, Elijah cerra os olhos para ele.

– Se eu pegá-lo mais uma vez olhando para minha noiva como olha agora, eu te arrebento, entendeu? – Elijah diz cada palavra como um alerta, agora só vejo puro medo no olhar dos dois.
Talita fica em um silêncio turbulento por muito tempo.

– Todos os homens saiam do meu quarto, preciso me trocar. – Ela intervém com seriedade, os dois saem como um vulto, Elijah sai também, mas antes de fechar a porta, faz contato visual comigo, posso jurar que vi toda aquela raiva se suavizar um pouco.

Talita levanta da cama, preciso de um segundo para notar que ela está só de lingerie, desvio o olhar rapidamente e me odeio um pouco por minhas bochechas queimando.
Ela parece ter um detector das minhas emoções, porque solta uma gargalhada alta.

– Relaxa, amor. Pode olhar, não me importo. – Ela diz com tranquilidade, nem parece a mesma garota tensa de um minuto atrás.
Passo o olhar por ela rapidamente mais uma vez, apenas para olhar as várias tatuagens espalhadas em seu corpo.

– São lindas... – Sussurro com vergonha, ela ergue uma sobrancelha para mim. – As tatuagens.

Ela sorri para mim gentilmente, ela é bem mais gentil do que pensei.
Ontem ela me deixou com o maior espaço da cama, e se ofereceu até para dormir no chão, mas quando recusei, ela fez questão de nem encostar um fio de cabelo em mim.
Talita dá a volta na cama e para bem em minha frente, ela me encara por um momento, me analisando.

– Você já ficou com uma garota, Charlotte? – A pergunta é tão sútil que quase esqueço de ficar com vergonha.
Mas fico mesmo assim.

Eu... Não... – Murmuro, completamente vermelha.

– E tem vontade? – Ela pergunta, novamente com sutileza. Abro a boca para responder, mas nada sai. Ela ri baixinho. – Tudo bem. Não precisa responder, mas se algum dia quiser tentar algo diferente do meu primo, só me ligar.

Pisco uma vez para absorver a mensagem, ela dá de ombros e se afasta, a garota vai em direção ao closet e se perde lá dentro.

– Aliás, Charlotte... – Ela diz de algum lugar da pilha de roupas em seu closet. – Cuidado com esses dois que você acabou de conhecer. Eles são da família, mas não são, entende?

– O Elijah pareceu bem irritado com eles. – Solto como se não quisesse nada.

– Meu primo é mal humorado com todo mundo, exceto com você, obviamente. – Ela diz, ainda longe. – Mas ele tem uma rixa com esses dois.

Ouço o barulho de bolsas caindo no chão e depois um xingo irritado.

– Uma vez o Raffaello tentou... Ele entrou no meu quarto bem de noite, Elijah pegou ele na hora e o espancou por isso – Ela aparece no quarto, já vestida com uma roupa colada e estilosa. – Nesse dia conheci a face verdadeira do Elijah, e é, no melhor dos casos, assustador.

Fico em silêncio durante um longo tempo.
Nunca tinha imaginado Elijah fazendo algo decente. Na verdade, acho que nunca o vi como humano, apenas como um dragão cuspindo fogo bem na minha cara.

É uma novidade e tanto para mim.

– Vou te emprestar uma roupa – Talita muda de assunto com facilidade. – Ao menos que queira parecer uma das putinhas que Elijah empresta a camiseta depois de foder.

Faço uma careta de nojo e de repente quero arrancar o tecido do meu corpo ao pensar em quantas mulheres já usaram essa mesma roupa.

Filho da puta. Filho da puta. Filho da puta.

...

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