Capítulo 32

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POV CHARLOTTE

Encaro meu melhor amigo como se nem o reconhecesse mais.
Não posso acreditar que ele quer estar do lado errado.
Afasto as lágrimas dos olhos, não vou me permitir chorar.
Tenho que ajudar Jason a sair desse clã que ele se meteu, ele pode não ver agora o que seus companheiros fazem, mas com o tempo, perceberá.
Pelo menos é nisso que escolho acreditar.

Minha mente se silencia quando sinto a presença masculina atrás de mim, ele leva uma mão machucada até minha cintura, me puxando para si até que estejamos completamente colados um no outro, não preciso olhar para saber quem é.
Sinto cada parte do abdômen rígido de Elijah atrás de mim, ele está quente e molhado, não tenho certeza se é de suor, ou de sangue.
Meu coração se aperta ao lembrar do golpe que ele levou na costela, e para me certificar que ele está bem, encosto a cabeça em seu peito e ergo a cabeça para olhá-lo, tudo o que vejo é seu pescoço e um pedaço do maxilar.
Jason encara o homem atrás de mim com uma raiva primitiva que nunca foi direcionada à mim.

– Tire suas mãos dela. – Ouço Jason trovejar, a risada de Elijah vem como resposta.

Acho que não. – Responde com humor.
Merda.

Jason ergue o pescoço para falar com Elijah, demonstrando que realmente quer briga.

– Quer apanhar de novo, Jason? – Ele fala atrás de mim, está tranquilo, calmo o suficiente para ser uma afronta.

– Você parece meio quebrado para bater em alguém.

– Garanto que ainda consigo te bater – Elijah responde, calmamente. Analiso o nosso redor, a multidão toda parece ter se virado para nós, já que o mais novo campeão está bem atrás de mim. – Principalmente sabendo que, depois, Charlotte cuidará de mim com as mãos gentis e habilidosas.

O segundo sentido em sua frase fica mais que óbvio para todos.
Filho da puta.
Filho da puta.
Filho da puta.
Filho da puta.

Retiro a mão dele de mim imediatamente.

Babaca do caralho.

Quando vejo que Jason vai revidar, me apresso para dizer:

– Já chega, Elijah. – Intrometo-me finalmente, ele solta uma risadinha controlada.
Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, sinto-o puxar meu braço para dentro da multidão, sou puxada entre as pessoas até a saída da academia lotada.

– Elijah, eu nem me despedi dele! – Grito enquanto puxo com força meu braço contra ele, mas de nada adianta, ele apenas aumenta a força.
Quando estamos fora da barulheira do local e quase chegando na Ferrari Vermelha estacionada em um canto, ele finalmente me solta.
Meu coração para ao ver o quanto ele está machucado, ainda está sem camisa, o que me permite ver todos os roxos e cortes em seu corpo, e o rosto de certa forma é o que está pior, há um corte em sua sobrancelha e um roxo gigantesco no mesmo local, além do sangue que escorre de sua boca, o corte em seu lábio é profundo demais.

– Que foi, porra? – Ele pergunta, toda a máscara de humor e tranquilidade foi deixada para trás junto com a plateia.
Elijah Verdetto está de volta, mal humorado e um babaca.

– O que aconteceu com você? – Pergunto com certa arrogância, mas meu coração está parado até agora.
Preciso cuidar dele.

– Me distraí – Diz enquanto me puxa novamente até o carro, nem preciso abrir a porta, ele já faz isso e me joga no banco do passageiro. – Graças a você, que ficou se esfregando no meu maior rival bem em minha frente.

– Do que você está falando? Foi um abraço. – Agora que estamos dentro do carro posso gritar com ele o quanto quiser. – O mundo não gira em torno de você, sabia disso?

– Estou ciente. – Responde, cada vez mais irritado comigo.
Com seu olhar na estrada, me permito analisar o rosto severamente machucado, vou precisar de algumas ataduras, bastante cicatrizante para o corte no lábio...

– Por que você ainda confia na porra desse homem, Charlotte? – Ele finalmente solta a raiz de sua raiva: Jason.

– Ele é meu melhor amigo. – Respondo imediatamente, e sou sincera, mas por algum motivo, minhas bochechas ardem ao lembrar da noite passada quando Jason me beijou.
Por muito tempo quis isso, por muito tempo quis que Jae me beijasse novamente, exatamente da mesma forma que me beijou naquele banheiro há muito tempo atrás, mas ontem...
Ontem minha cabeça estava longe, e por algum motivo odioso, quando Jason colou os lábios nos meus, minha primeira reação foi me afastar, porque ele não era Elijah.

Infelizmente, entendi no mesmo segundo:
Eu passei a vida inteira querendo que Jason me desejasse, e quando finalmente aconteceu, eu só queria a porra do Elijah Verdetto.

Elijah Verdetto, quem me trata mal, age como se eu não tivesse opinião própria e às vezes cuida de mim como se realmente se importasse.

– Você não pode continuar com isso, as pessoas vão começar a pensar que você está com Jason. – A voz irritada de Elijah me arranca dos meus pensamentos. – Vai ter que escolher entre continuar comigo, ou estar com ele. É impossível ter os dois.

Principalmente porque Jason é um Viola.
Sei que ele está certo, mas fico irritada porque mais uma vez Elijah está impondo o que devo ou não fazer como se fosse uma verdade absoluta, sem nem se importar com a minha vontade ou opnião, então, eu surto:

– Talvez eu escolha ele então! – Grito a plenos pulmões, porque estou brava, e preocupada com os ferimentos dele, e mesmo assim ele insiste em me tratar deploravelmente. – Pelo menos Jason me trata bem, ele ainda não me odeia tanto quanto você.

Quando percebo, já soltei tudo, e mesmo que não seja verdade, espero-o responder.
Espero a reação, espero ele me xingar, espero demonstrar qualquer reação que realmente comprove que me odeia.
Mas ele fica em completo silêncio, seu olhar está apenas na estrada e continua assim pelo resto do trajeto.

– Porra, Elijah! Você me deixa louca. – Digo depois de muitos longos minutos.
Ele permanece em silêncio, sem nem mostrar que ouviu.

...

Intocável - Dark Romance Where stories live. Discover now