Capítulo 33

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POV CHARLOTTE

Ele ainda está em silêncio quando chegamos no apartamento, e isso me deixa cada vez mais irritada, porque está mais que óbvio que ele ganhou.
Elijah vai até a mesinha de bebidas no canto da sala, as garrafas que quebrei foram repostas, percebo. Vejo-o pegar uma dose de uísque no copo liso e se recostar no sofá sem olhar para mim, como se eu nem existisse.

Filho da puta.

Analiso mais uma vez seus ferimentos, parecem piores a cada segundo, preciso cuidar disso.

– Deixe-me cuidar de seus ferimentos. – Imponho com o máximo de gentileza que consigo com minha raiva.

– Vou sobreviver. – É tudo o que responde, ainda sem me dar um olhar.
Minha raiva ferve na garganta, implorando para sair, contenho-a para depois que todas as ataduras serem feitas.

– Elijah. – Repreendo-o com raiva, só quero que ele olhe para mim para que eu consiga mostrar o nível de minha irritação.
Ele olha.

– Já disse que vou sobreviver. – Seus olhos me queimam com a raiva enrustida dentro de seu ser, mais do que raiva...
Reconheço esse sentimento como a mais pura e selvagem possessão.
Ciúmes.

– Por que está tão irritado? – Explodo em uma voz estridente e descontrolada. – Foi você quem me tratou feito lixo, sou eu quem deveria estar brava!

Ouço-o bufar e finalmente levantar do sofá, ele encara cada pedaço da minha alma com seus olhos mortais.

– Eu não te entendo, porra. – Diz pausadamente.
Ergo as sobrancelhas em um gesto involuntário.

– O que você não entende? – Pergunto na completa defensiva.

– Vai ser sempre assim, Charlotte? – Ouvir meu nome completo saindo da boca dele com tanta raiva é um baque para mim. – Você sempre vai voltar para o Jason?

Sinto as palavras dele como um peso em meu estômago, tento disfarçar a reação, mas, obviamente, não consigo.

– Jason me ligou... Tive que ir até lá. – Me esforço para explicar, mesmo minha implicância insistindo em dizer que não é da conta dele.

– É só ele te ligar que você vai correndo? – Diz como uma acusação, ainda muito possessivo. – Até quando vai ser assim?

Sinto o sentido escondido em sua frase, mas prefiro que ele me confirme exatamente o que está falando.

– O que quer dizer? – Pergunto, com cuidado.

– Porra, Charlotte! – Ele quase grita, está se contendo e nem sei o porquê. – Você me beija, brinca comigo, parece doida por mim e minutos depois vai atrás do Jason?

As palavras somem da minha boca porque escutei o tom magoado na voz dele, e a culpa tira minha fala.

– Você não entende... – É tudo o que consigo dizer.

– Sabe o que realmente não entendo? Você. – Ainda não está gritando. – Que porra você quer, Charlotte? Já deixei bem claro desde do começo o que eu quero.

– E o que você quer? – Pergunto, insegura. Já sei a resposta, mas quero que ele me diga.

Você. E não finja que é uma surpresa, porque você sempre soube.

Faço contato visual, procurando a mentira no olhar dele, procurando qualquer coisa que o faça se arrepender de me querer, mas tudo o que acho é o ciúmes.
A possessividade que ele sempre sentiu em relação a mim.
Meu coração acelera tanto que solto um suspiro, tenho que me forçar a não sair correndo até ele.

– Desculpe. – Sussurro sem força. Peço desculpas por ser tão desprezível, lembro de como ele reagiu quando fugi para a casa de Jason e decido que nunca mais quero vê-lo assim por minha causa.

– Foda-se. – Resmunga de mau humor, se vira de costas para mim e vai até seu quarto.
Preciso de alguns longos minutos para me recompor da cena.

...

Intocável - Dark Romance Where stories live. Discover now