Capítulo 18

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POV ELIJAH

Saio do carro com Chary e no mesmo momento sinto os olhares recaírem sobre mim, acho que essa é a pior parte.
Chary se encolhe de frio, já que está usando o uniforme do trabalho, uma saia preta curta e colada e uma camiseta branca de malha, em plena madrugada.
Dou uma risada sincera, ela me encara com fogo nos olhos, demoro um pouco para notar que eu deixei uma marca fraca e roxa em seu pescoço.

Que bom.

Abro o porta malas do carro, retiro minha jaqueta de couro e um lenço vermelho sangue, fecho o carro. Com o humor excelente, caminho até ela, paro perto o suficiente para colocar a jaqueta sobre seus ombros, quando tento o gesto, ela dá um tapa em minha mão, afastando o casaco, ergo uma sobrancelha para a garota teimosa.

– Pretende morrer congelada? – Pergunto, sem humor.

– Já viu a porra da marca que deixou no meu pescoço? – Ela aponta para o próprio pescoço, sorrio um pouco. – Vou parecer uma das putas que saem com você.

– Mas você está comigo. – Dou de ombros, tento colocar a jaqueta nela novamente, para minha surpresa, dessa vez ela aceita, mas cruza os braços para mim.

– Eu tenho namorado, porra. – Ela continua com a mesma voz irritadiça, evito revirar os olhos.

– Mentirosa.

Ela ergue as sobrancelhas de indignação, dou de ombros mais uma vez.
Estico a bandana em um único fio, levo uma mão até o cabelo de Chary, ela leva uma mão para me impedir, no mesmo segundo, seguro seu pulso. Ergo o cabelo dela em um rabo, solto o pulso da mesma e posiciono o tecido vermelho em seu pescoço, ela faz contato visual comigo em cada gesto.

– O que você está fazendo? – Dessa vez, ela não me impede.
Faço uma amarração simples em seu pescoço, e na hora de dar o nó, aperto muito mais que o necessário apenas para ver a reação da garota, vejo algo brilhar em seu olhar somente por um segundo, algo que ela não conseguiu esconder de mim mais cedo.

Adrenalina.

– Um lenço vermelho a indicará como um dos membros do meu clã. – Digo calmamente, enquanto arrumo o tecido apertado em seu pescoço, roço os dedos propositalmente na marca sensível do chupão que deixei mais cedo, ela ferve de ódio, sorrio em resposta.

– Roccio! – Viro o pescoço para onde me chamam, encontro Ricardo atrás de mim.

– Olá, Ricardo. – Cumprimento.

– Finalmente nos deu a honra de sua presença. Vai lutar ou não?

...

POV JASON

Analiso cada golpe dado por Roccio, as táticas são boas, mas se eu estudar as manobras certas, tenho altas chances de ganhar dele.
O primeiro oponente do maldito cai no chão, completamente inconsciente, todos comemoram a vitória de Roccio, ótimo.

– Jae? – Sinto um alívio imenso ao ouvir a voz tímida me chamar, a voz que tanto conheço. Viro o rosto e lá está ela entre a multidão, usando o uniforme da boate, um lenço vermelho no pescoço e uma jaqueta gigante de couro por cima, fica mais que óbvio que o casaco não é dela.
Ela corre até mim e envolve os braços ao redor do meu pescoço, abraço-a tão forte que chego a levantá-la do chão, quando nos soltamos, analiso cada parte sua, certificando-me que ela está a salvo.

– O que aconteceu? Onde você estava? – Pergunto de uma vez, ela olha em volta, parecendo procurar alguém na multidão.

– É complicado, Jae... Não posso contar tudo agora, mas o mais importante é que você saiba que estou bem. – Ela sorri para mim, tentando me tranquilizar.

– Porra nenhuma, Lotte. Me conta o que aconteceu. – Digo mais uma vez, e mais uma vez ela procura alguém na multidão.

– Me faz um favor? – Ela pede, sigo o olhar dela, mas só encontro o Roccio lutando com outro oponente. Para onde ela está olhando? – Ache minha mãe, Jae.

Suspiro audivelmente, merda.
Como vou achar essa mulher desprezível?
Por mim, a mãe dela poderia ficar desmaiada em uma calçada que eu não me importaria, mas vou achar essa mulher por ela.
Apenas pela Lotte.

Olho para Lotte novamente, seu rosto está contorcido por alguma coisa parecida com medo, ou apenas desconforto. Franzo o cenho para o tecido vermelho em seu pescoço, aqui não é o melhor lugar para se usar vermelho, Lotte pode acabar sendo confundida com outra pessoa.
Ergo a mão para desamarrar o lenço, uso as duas mãos para tirar o nó apertado e firme, ela segura meu pulso antes que eu tire o tecido.

– Você não pode usar vermelho aqui, Lotte. – Explico com calma, ela ergue as sobrancelhas para mim. Finalmente consigo tirar o lenço, levo um susto ao ver a marca de chupão em seu pescoço.

Quem foi o filho da puta?
Jeremy?
Vou matá-lo por isso.

– Que porra é essa no seu pescoço, Charlotte? – Pergunto seriamente, ela arregala os olhos levemente e tampa a marca com a mão.
Ela sorri timidamente para mim.

– Foi o Jeremy, Jae. – Responde com leveza, bufo com a resposta.

– Está com ciúmes da sua melhor amiga? – Ironiza, desvio o olhar para o ringue, e o que encontro me faz ficar confuso: Roccio está olhando em minha direção com sangue nos olhos, e também sangue na boca, provavelmente porque foi acertado por um golpe.
E ele não para de nos encarar com ódio, não desvia o olhar nem quando dá o último golpe no adversário, já caído no chão.

O que caralhos ele quer agora?
Vai me desafiar para uma luta?

Lotte pega o lenço da minha mão e amarra em sua cabeça como um arco.

– Eu gosto da bandana vermelha. – Ela diz, simplesmente, sem nem notar o olhar de Roccio sobre nós.
Desamarro o tecido novamente, que cai como uma cortina nos olhos dela, dessa vez, pego o lenço vermelho para mim.

– Você sabe o que significa o vermelho por aqui, Lotte? – Pergunto, um tanto irritado. Ela cerra os olhos para mim por um segundo, logo depois dá de ombros. – Significa confusão.

Olho para o ringue mais uma vez, Roccio não está mais lá, chegou a minha vez.

– Você vai lutar agora? – Ela pergunta, confirmo com a cabeça.

– Não saia daqui, Lotte. Eu já volto para que me explique o que está acontecendo. – Não espero-a responder para ir em direção ao ringue, jogo a bandana vermelha no chão entre a multidão, e entro no ringue.

Intocável - Dark Romance Where stories live. Discover now