Capítulo 5

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No dia seguinte eu acordei de ressaca, já abri os olhos com a porra da dor de cabeça fritando meus miolos. Eita bebedeira do caralho! Sentei na cama com os olhos meio abertos, meio fechados me acostumando com a claridade, o Japa estava dormindo na cama dele. Abri a boca igual a um leão e bocejei me espreguiçando. Virei o corpo pra lá e pra cá estalando a coluna. Pus os chinelos, levantei e fui pegar minha roupa de ontem que estava jogada no chão. Quando eu senti o celular, na hora lembrei que ele tinha feito barulho quando eu estava na sala colocando minha rola pro Daniel cheirar, foi aí que percebi que alguém tinha me mandado um torpedo. Quando eu pego o celular está escrito: PAULO — 1 MENSAGEM. Na hora abri o flip do celular e apertei o botão para ler a seguinte mensagem: SE NÃO FOR FAZER NADA AMANHÃ, ME LIGA PARA GENTE SE ENCONTRAR.

Olhei pro Japa e ele estava roncando e peidando feito um porco do mato, nem liguei. Fiquei feliz, abri um sorrisão e passei os dedos na testa desacreditando que o Paulo estava afim de me ver. Guardei o celular no bolso do shorts e fui para o banheiro. Dei um mijão demorado, escovei os dentes, lavei o rosto e saí do banheiro. Na cozinha já estava a maior falação, todos os caras tinham acabado de chegar e estavam tomando café, exceto pelo Negão e o Japa que tinham ido dormir. Tinham comprado pão, mortadela e estavam tomando café com leite. Cheguei me espreguiçando.

— Dia, cambada! A farra foi boa né?

— Porra, se foi. —Disse o Alemão.

— Só faltou vocês dois lá pra fechação. Dois nó cego, viadinhos. — o Rodrigo provocou.

O Daniel também estava na mesa, não tirava os olhos de mim. Dei um tapão na nuca do Rodrigão e disse:

— Viadinho é o caralho, mano. Eu sou macho, sou cueca! Sua irmã já sentou muito aqui e gostou. — Provoquei ele segurando a pica pra ele aprender.

Fiquei encucado pensando se o Daniel tinha aberto o bico. Nem olhei na cara dele direito. Peguei o pão, abri com a faca, passei maionese, enchi de mortadela e fui pra sala com o pão em uma mão e um copo de café com leite na outra. Estava passando alguma merda falando de mato e bicho na Rede Globo.

Não demorou muito e o Daniel sentou no outro sofá.

— E ae Mané, está melhor da ressaca?

— To de boa mano. — Falei levantando e indo para a cozinha. Não estava afim de papo com o Daniel Timberlake não.

Eu fiquei conversando com os caras um pouco, pirava nos lero-lero deles, contando vantagem e pra variar em todos os assuntos sempre uma buceta tinha que estar no meio, era de praxe. Quando o assunto acabou e todos começaram a se levantar, lembrei do torpedo do Paulo. Na mesma hora me deu aquele gelo no estômago, mas passou. Me levantei e fui sentar no banco lá da varanda na frente da casa, olhando para rua. Comecei a pensar no que o Paulo queria comigo. Não queria ficar na expectativa pra não me foder igual ontem. Na certa ele queria sair eu ele e uns camaradas dele de repente. Eu tinha que afastar da minha cabeça a remota possibilidade de ele me chamar pra conversar a sós. Aff, meu, mas que Mané conversar a sós? Isso era coisa de viado. Nós dois éramos cuecas, espada, macho, caralho! Nunca ia ter essas paradas de conversar a sós. Minha cabeça estava começando a dar um nó.

Estava lá viajando quando o Daniel senta do meu lado, já estava me irritando, já tinha dado um litro de porra direto da fonte pro cara. Será que ele não ia desencanar e me deixar em paz? Será que ele ia virar um chiclete? Comecei a me arrepender de ter deixado ele bezerrar minha vara.

— O que está pegando ae, Mané? Está afim de levar um papo reto comigo?

— Não, caralho, to aqui só olhando a rua. — Respondi bem seco.

2 HÉTEROS NUMA BALADA GLS (2016)On viuen les histories. Descobreix ara