Fui para a cozinha e abri a geladeira. Vazia. O Alemão veio atrás de mim e viu que tinha acabado as brejas. Daniel entrou e o Alemão foi logo falando:
— Vamos comprar mais breja comigo na padoca, vai moleque.
E foi empurrando o Daniel de forma que não teve como ele escapar. Enchi um copo com água e virei. Estava escorrendo suor, minhas costas estavam molhadas.
— Tem água aí? — Tábata perguntou se aproximando.
Enchi meu copo e dei pra ela. Ela bebeu me olhando. Passei a mão nos cabelos dela colocando a franja atrás da orelha.
— Posso te falar uma coisa? — Eu perguntei.
Outra música começou. A gente tinha que falar no ouvido pra conseguir entender o que o outro dizia. Ela fez que sim com a cabeça.
— Você é a mina mais gata que está aqui dentro hoje. — Eu disse.
Ela balançou a cabeça como quem diz "seu safado".
— Cadê o Dani? — Ela perguntou.
— Foi comprar cerveja. Finalmente a sós. — Disse pra ela.
Ela riu. Era o que eu queria. Tinha caído na minha. Ninguém que me beija esquece tão fácil assim.
— Se eu te pedir uma coisa você me dá? — Perguntei.
— Depende. — Ela respondeu balançando o corpinho, segurando o copo, com uma das sobrancelhas erguidas.
— Me dá um beijo? — Perguntei.
Ela fez cara de desentendida e colocou o copo na pia.
— To ficando com o teu amigo, Fábio. — Ela disse — Deveria ter me procurado antes.
— Vai negar que está com vontade? — Perguntei me aproximando.
Ela viu meu corpo suado, peito nu. Engoliu seco e me deu as costas. Saiu da cozinha. Fiquei com cara de cu olhando pros lados.
Não ia deixar as coisas assim. Corri atrás dela, a puxei pelo braço com força e arrastei ela até o quarto mais próximo, que era o do Daniel. Sorte que estava vazio.
— Pára com isso. — Ela berrava.
Entrei e fechei a porta. Fiquei parado obstruindo a saída.
— Só deixo você sair daqui se me der um beijo. — Eu disse.
— Ce está é maluco? — Ela disse — Dá licença?
— Um beijo e você sai.
— Dá licença? — Ela insistiu. Pegando na maçaneta, tentando abrir.
Coitada, quis competir forças comigo.
— Vamo vê quem tem mais força? Vamo vê? Vamo? — Disse apagando a luz e agarrando ela.
Ela se debateu, mas consegui segurar sua cabeça e tascar um beijo. Claro que com ela daquele jeito o meu lábio mais esfregava no seu rosto do que dava beijo. Mas ela cedeu. Colei minha boca na dela e nos beijamos. Nos beijamos muito. Nem sei por quanto tempo. Quando vi que ela tinha relaxado minha mão foi direto pra uma das teta dela.
— Ela me empurrou.
Nos afastamos na mesma hora em que a porta abriu e a luz acendeu.
— Daniel! — Ela disse assustada.
Virei bem devagar. Encarei ele parado na porta olhando mais pra mim do que pra ela. Era a minha vez de apanhar, pensei.
Mas ao contrário disso ele fechou a porta e recebeu a Tábata de braços abertos. Me olhava fixamente. Não sabia se era um olhar de fúria ou decepção. Não era pra menos. Tinha pego a mina do cara.
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2 HÉTEROS NUMA BALADA GLS (2016)
RomanceUma das histórias mais famosas do Orkut está de volta em uma edição totalmente revisada. Fábio Linderoff é um rapaz de 20 anos que, assim como todo mundo, precisa trabalhar, estudar e lidar com os problemas do cotidiano. Sua vida muda após um beij...