Capítulo 14

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Acordei às três da tarde. Levantei de ressaca, com uma nhaca da porra. Saí da cama e fui direto para debaixo do chuveiro. Tomei um banho, coloquei uma berma limpa, uma camiseta da hora. Era dia de folga. Quer dizer, ia aproveitar o resto do dia que sobrava né. Os caras tinham fritado uns filés de frango. Peguei um com a mão mesmo e fui comer na sala junto com um copo de coca. Daniel entrou em casa e perguntou:

— Está pronto?

— Pronto pra que, caralho? — Perguntei sem entender.

— Ce não disse que ia me ajudar a levar as paradas lá no buffet que vai ter a festa da minha sobrinha, porra?

— Porra, é mesmo! Esqueci, cara.

— A gente está atrasado pra porra. — Ele disse — A festa é às 8 da noite e a gente não tem nada arrumado lá. Se meus tios chegarem e não verem essas paradas lá, to fodido.

— Vamos embora então, caralho. — Disse limpando a gordura da mão na minha bermuda.

— Descolei o carro do pai da Tábata emprestado. Me ajuda a pôr as coisas no porta-malas. — Ele disse.

Fomos ao quarto dele e começamos a pegar as coisas.

— Minha sobrinha queria essa porra das Meninas Super Poderosas e não tinha esses enfeites lá no Buffet. Saí feito louco procurando essa merda. — Ele justificou pegando os enfeites.

O pai da Tábata tinha um Gol bolinha. Abrimos o porta-malas e o enchemos de enfeites e um monte de engradado de cervejas e refrigerantes que o Daniel aproveitou pra comprar quando saiu pra comprar cerveja para o Alemão durante a festa.

Enquanto eu ajeitava os baratos no porta-malas, Daniel entrou pra pegar mais engradado de cerveja. Foi nessa hora que eu ouvi um carro estacionando atrás de mim. Bati as mãos limpando uma na outra. Virei e reconheci o carro na hora. Era um Corsinha.

Sabem o que é infarto, caros leitores? Pois é, quase tive um. Era o Paulo. Ele parou o carro. Uma mão no volante e o braço apoiado na janela com o cotovelo para fora. Minhas pernas amoleceram. Achei que ia ter um treco e bater com a cabeça no capô do carro dele. Mas fiquei firme. Minhas mãos gelaram. Comecei a respirar fundo. Meu rosto esquentou. Minhas bochechas estavam pegando fogo. Eu estava tão quente que pensei que ia fazer "pop" e virar uma pipoca. Era o Paulo. Meu Deus do céu. Ele estava ali. Parado, dentro do carro, de óculos escuros. Comecei a andar em direção a janela do carro dele com muita, mas muita dificuldade.

— Eae. — Eu disse quase sem voz.

— Não atende mais celular não, Cabeção?

Olhei pra casa pra ver se o Daniel estava vindo. Não estava. Respondi:

— Molhou com a chuva, véi. Fodeu tudo.

— Faz uma semana que eu to tentando falar contigo. — Ele disse.

Nesse momento o Daniel surgiu, desceu as escadas correndo e parou na hora ao me ver conversando com Paulo. Olhou pra mim com uma cara que eu vi no olhar dele que tinha ficado triste. Foi até o Gol e começou a colocar o restante das coisas dentro do carro.

Dei as costas para o Daniel e disse para o Paulo:

— Ce que sumiu, véi. Some e nem dá satisfação.

— Não dava, Cabeção. A minha mina descobriu que eu mandei um presente pra você. Fodeu tudo achando que eu tinha outra. Discutimos e tal. — Ele se explicou — Achei que era melhor dar um tempo.

Realmente aquele era um motivo grave para não ter me procurado. Pelo menos a Tati não tinha descoberto que ele tinha mandado um presente na verdade pra um cueca, né?

2 HÉTEROS NUMA BALADA GLS (2016)Where stories live. Discover now