2 HÉTEROS NUMA BALADA GLS (2016)

Capítulo 15

                  

Na escala evolutiva o macaco se transformou em homem das cavernas, o homem das cavernas transformou-se no homem tal como conhecemos - alguns poucos - hoje em dia. O homem que conhecemos já se transformou em Transformista, ou seja, mesmo sendo homem, gostava de se vestir como mulher para se apresentar no show de calouros do Silvio Santos. Os Transformistas se transformaram em Travestis, depois que o show de calouros do Silvio Santos acabou, passaram a injetar silicone industrial no peito, na bunda, na boca, no rabo, enfim... Os Travestis se transformaram em Drag-Queens, passaram a vestir roupas extravagantes e fazer show de humor em baladas GLS por todo o Brasil e desfilar em carro aberto na maior parada gay do planeta. As Drags se transformaram em Transexuais, foram para um açougue e arrancaram a piroca fora pra renascer, tal como uma fênix, mas esqueceram que a barba continuava a mesma, o gogó continuava o mesmo, sem contat com o tamanho das mãos... Mas não tem problema a natureza cuida disso, não é? Afinal, para quem veio do macaco acabar como uma trans que chega a causar dúvidas nas pessoas já é um progresso indescritível na evolução do homem. Mas a natureza não pára, sabe-se lá Deus o que virá a partir de agora.

Eu que dei um beijo em um cara numa balada GLS, acabei entrando nesse rodamoinho "evolutivo" sem saber onde isso vai parar. Homem que no começo é homem. Depois o homem "vira" um gay enrustido e fica dentro do armário, depois começa a fazer academia e a pegar moleques só por curtição, depois sai do armário e vira sensação entre os amigos (afinal de contas hoje em dia é moda ter um amigo gay), depois de se assumir começa a defender as causas GLBTSYZ, depois briga com todos para ser aceito, depois - alguns - viram cabeleireiros, atores, outros designer de moda, de interiores, de exteriores, de interiores e exteriores, outros viram advogados para defender a causa, outros viram... puta, fazer o que, o sol não nasce para todos. Depois acaba com 50 anos e com crise de consciência porque não constituiu família, filhos...depois começa a pegar os menininhos na balada porque ser um velho sarado - na cabeça da própria pessoa - é tudo de bom. Depois cria perfil fake nas redes sociais e fala que tem 18 anos para fazer amizade com a "galera". Então um dia qualquer enquanto está dormindo em seu quarto...Puf! Desaparece. Quando os parentes vão procura-lo, encontram o quarto vazio e as paredes todas borrifadas de purpurina. Já era a bicha.

Sem contar que a vida de um gay é semelhante a um musical. Já repararam, caros leitores? Quem não trabalha com aquele viado que canta e rebola e trabalhar que é bom, nada? Tudo é colorido e regido por uma trilha sonora marcante. Normalmente por ícones do mundo pop, a que chamam de Divas. Não é pra menos, música na vida de um gay é tudo. Para os mais velhos, Glória Gaynor, depois vem Cher, Madonna, sem contar Maya, Suzanne Palmer, Kylie Minogue, Ariana Grande, Rihanna, Britney Spears, e até Silvetty Montilla.

Tem gente que curte, mas não espalha que é para não "dar pinta". Mas tem gente que canta, tem gente que dança, tem inclusive gente que canta e dança. Como um amigo que morava comigo lá na república que colocou na cabeça que era afim de mim. Cantou e dançou na minha frente para chamar minha atenção. Uma música do Abba ainda por cima. Gostar de Abba é assinar que você tem um pé no mundo cor de rosa. Mas cantar e dançar não era o problema. O problema foi a pergunta que me fez depois que eu lhe dei um beijo pra ficar quieto e parar de cantar.

—  Namora comigo? — Daniel me perguntou.

Meu cérebro começou a trabalhar na resposestá que daria a ele naquele momento. Um nervosismo diferente tomou conestá de mim. E agora?

—  Mamma Mia — pensei comigo.

Eu estava parado ainda reverberando aquele pedido dentro da minha cabeça.

A música já tinha acabado. Depois do que me perguntou, fiquei sem graça e larguei seu corpo. Ele continuou me olhando.

Eu pretendia responder, mas fomos interrompidos pelos parentes do Daniel que acabavam de chegar. Cumprimentei todos. Por um momento nós podíamos ter sido pegos no flagra. Aqueles ataques de bichosterona tinham que ter um fim. Já pensou se alguém me pegasse atracado, dando um beijo em um cueca? Pra onde ia a minha moral? Trocamos uma idéia só pra não ficar chato e saímos. Entramos no carro, Daniel perguntou: