Capítulo 11

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No dia seguinte fui pra facul debaixo de chuva. Chegando lá não teve como eu não olhar o professor Marcelo e não lembrar dele rebolando gostoso em cima do meu pau. Não tive aula dele, mas o vi cercado de menininhas pelos corredores da facul na hora do intervalo. Nunca falaria pra ninguém o que aconteceu. Ele ainda tinha a família dele pra voltar e compartilhar o dia-a-dia, mas e eu? Não tinha ninguém porque ninguém supria a vontade que eu tinha de ficar com o Paulo. Olhei no cel em busca de alguma chamada perdida, torpedo, qualquer porra e nada.

— Oi Fabinhooo. — Era a Danielle.

Nos demos um abraço apertado e demorado. Parecia que já faziam séculos que nos conhecemos na semana do bicho.

— E aí, lindona, como você está?

— Eu to ótima e você, moço? — Ela perguntou.

Ela era linda demais. Nem dava pra crer que era sapatão. Loira, delicada, toda maquiada, tinha jeito de ser bem de vida. Com certeza devia ter os problemas dela, mas estava sempre de alto astral zoando tudo e todos. Ela fugia completamente do estereótipo da bolachona com cara de caminhoneira que todos fazemos de lésbicas.

— To de boa.

— Eu vim aqui porque quero te vender um convite pra minha festa de formatura.

Ela, assim como o Negão, estavam saindo da facul. Era o último semestre deles.

— Compro sim gatona, pode reservar um pra mim. — Eu disse.

— Reservo sim. Eu quero que você vá com o Paulo hein.

Ãh? Não tinha entendido certo.

— Faz mó era que eu não vejo o Paulo, Dani. Nem sei se o cara está vivo ou morto.

— Paciência, quando ele voltar você diga que é pra ele ir com você. E nada de ficar borococho por causa dele hein amigo. Não vejo a hora de vocês se entenderem logo.

Comecei a ficar puto.

— Como assim, Dani?

— Está na cara que você anda super mal por causa dele.

— Você está viajando, Dani? — Baixei a voz e falei perto do ouvido dela: — Não sou viado não, porra!

Ela se afastou um bocado, segurou meus ombros e disse olhando em meus olhos:

— Querido, uma borboleta conhece a outra pelo bater das asas.

Ela estava me chamando de viado. Vaca!

Comecei a ficar muito puto e com muita vergonha. Aquele dia na balada quando o Paulo me beijou pela primeira vez ela estava lá, mas não nos viu. Quando fomos para a praia ela dormiu em um cômodo e eu e Paulo no outro. Não tinha como ela saber nada da gente. Sempre tive o maior cuidado de não falar e não demonstrar nada com relação a isso para ninguém. Só se o Paulo tivesse dito alguma coisa. Mas era praticamente impossível porque ele nem ligava pra mim e não me procurava qual o sentido de ir falar com a Dani justamente sobre isso? E outra, ele tinha uma namorada! O Paulo eu tinha a certeza que não era. Alguém estava falando merda sobre mim. Sorte que foi falar pra Dani que era uma sapatão, mas e se isso caísse na boca do povo? E se todo mundo começasse a me chamar de viado pela facul ou ter essa imagem de mim? Eu não ia aguentar. Eu ia ter que trancar minha matrícula, sei lá. Mas ninguém sabia de mim. Tudo que tinha acontecido entre Paulo e eu ninguém sabia, exceto Deus e o...

— Daniel. Foi o Daniel que andou te falando merda, não foi?

Eles estavam andando muito juntinhos e ficaram amiguinhos. Só podia ser ele.

2 HÉTEROS NUMA BALADA GLS (2016)Where stories live. Discover now