Capítulo 8

6.7K 334 411
                                    

                  

Assim que cheguei em casa já começou a putaria.

— Ainda bem que você chegou, né mermão? Esqueceu que é teu dia de lavar a porra da louça? — Disse o Negão levando para sala um prato de pedreiro sem desgrudar os olhos da tv. O Alemão também estava jantando na sala, o Japa estava no quarto estudando.

— Eu sei que é meu dia. — Eu disse já ficando puto. No fundo eu tinha esquecido realmente. Odeio cobranças.

Fui para o meu quarto. Encontrei o Japa largando os livros e abrindo o guarda-roupas.

— E ae Japa, beleza?

— Beleza. Vou tomar banho rapidão pra acordar, amanhã tenho prova e tenho que estudar pra caramba. Vocês vão usar o banheiro?

— Não, pode usar.

Ele pegou as roupas dele e foi para o banheiro. Eu tirei a camiseta, o boné, joguei o chinelo debaixo da cama. Fiquei "a vonts". Daniel entrou no quarto com a mala de roupas sujas da chácara.

— Negão é foda, meu. Eu sei que é meu dia de lavar a louça. Precisa ficar cobrando, caralho? Tá achando que é meu pai agora esse filho da puta.

Daniel abriu a mala e começou a tirar as minhas coisas de dentro.

— Você quer que eu te ajudo a lavar? Você lava e eu enxugo? — Ele ofereceu.

— Porra, seria massa hein. Ia acabar mais rápido, to mó quebradão.

— Foi da hora a chácara né?

— Foi, muito. — Respondi com um sorriso safado.

— Quem sabe a gente repete, né? — Ele disse me olhando de jeito estranho.

— Repetir o quê, véi? — Perguntei me fazendo de bobo — Vamos lá lavar a louça vai, Manezão.

Peguei entre as roupas sujas uma cueca minha. Era a cueca que eu tinha jogado bola na chácara, estava com mó cheiro de saco da porra.

— Pega ae. — Disse jogando a cueca pro Daniel. Ele pegou ela no ar fazendo cara de desentendido — Pode ficar com ela se você me ajudar a lavar a louça.

Disse aquilo e saí, mas de rabo de olho eu vi ele cheirando a cueca disfarçadamente.

Lavamos a louça, relaxamos um pouco no sofá junto com os caras e depois de um banho gostoso deitei na cama e capotei. No outro dia fui trabalhar com uma puta preguiça. Fazia duas semanas que eu não ia pra academia. Eu gostava de malhar, mas eu era e sou muito preguiçoso. Estava fechando o caixa da loja tarde da noite quando meu pai me ligou no celular. Ele queria que eu fosse com ele e minha mãe para Araraquara visitar um tio meu que fora internado e aproveitar para rever um outro tio meu que morava em Maringá, no Paraná, e estava em Araraquara para visitar o doente. Fazia tanto tempo que não fazia esse tipo de entretenimento familiar que acabei topando, apesar de achar esses passeios de família um verdadeiro porre.

A semana passou tão devagar pra mim que eu achei que tinha trabalhado duas semanas sem folga. Quando chegou minha folga eu nem acreditei. Eu folgava aos domingo de 15 em 15 dias. E naquela semana minha folga tinha caído no sábado, isso significava que eu ia ficar sábado e domingo em casa.

Sábado de manhã eu acordei preocupado com minhas notas baixas. Tinha tirado 6 em um trabalho e 0 no outro porque esqueci de entregar e o professor filha da puta não deixou eu entregar depois. Com certeza minha mãe ia perguntar sobre minhas notas e se soubesse daquilo Aff Maria, seria mais encheção.

Estava arrumando minha mala para ir pra casa dos meus pais quando eu ouço a campainha tocar duas vezes e alguém berrar:

— Carteiro!

2 HÉTEROS NUMA BALADA GLS (2016)Where stories live. Discover now