Culpa daquele maldito beijo

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- Você está nervosa? — Joseph perguntou.

- Eu sou nervosa. — Heloísa permaneceu com a feição sóbria.

- Você entendeu, Helô. Não é difícil compreender meu lado.

- Joseph Bouvier, fique em silêncio, por favor — ela reprimiu os olhos.

- Sinto muito por estragar seu teatro feminista, mas é difícil controlar um exército e ainda ser seu ex-namorado.

Heloísa franziu o cenho, enquanto observava Joseph, o julgando mentalmente, ele havia mudado em tantos aspectos, ela sentia que o mesmo carecia de inteligência ou senso.

- Não estou te forçando a escolher um lado, Joseph, só desejo que você não interfira na forma como eu penso, não vou mudar meus princípios por você nem por ninguém — ela bateu levemente em sua coxa.

- Você continha a mesma, Helô. — ele tentou sorrir.

- Exatamente por isso que você terminou comigo.

- Eu não...

- Tudo bem, Joseph. — Heloísa respirou pausadamente. — Eu vou cumprir o que o conselho pediu.

- O quê? — ele assustou-se.

- Vou escrever sobre as visões, mas com uma condição.

- Que seria?

- Ninguém tem o direito de lê-lo sem minha autorização, é algo particular e, mesmo que tenha aceitado a sua ajuda, não vou deixar que minha privacidade seja invadida.

- Você está certa, nada vai acontecer.

Heloísa olhava para algo além do general, a cena avistada corroeu sua mente por inteiro, destruindo a carcaça que a jovem havia criado durante anos. A passagem mostrava uma mãe que carregava consigo seu filho pequeno, eles riam enquanto ela beijava a face angelical do menor, era lindo.

Joseph desviou sua visão para a cena que Heloísa admirava com tanta ânsia, durante mínimos segundos ela desejou não estar ali, para poder chorar enquanto lembrava-se de sua família, que agora estava tão longe. Ele, em um ato impensado, levou sua mão e a depositou sobre coxa coberta de Marchand, as palavras não eram necessárias, a região que ele havia tocado esquentou-se no instante seguinte. A loira não pretendia reclamar, mas a realidade lhe atingiu de forma dolorosa e grosseira.

- Não te dei intimidade.

- Heloísa... Eu sinto muito...

- Não sinta, eu estou bem. — ela bufou, levantando-se.

- Vem comigo, está na sua hora.

Ela não reclamou. Realmente não sabia como Joseph não desistiu de ajudá-la, a grosseria da jovem era imensurável, e poucas pessoas eram capacitadas a suportá-la. Heloísa o acompanhava sem pronunciar nenhuma palavra, ela acreditava que se fizesse, provavelmente não articularia palavras afáveis e delicadas. Marchand constatava que sua mão suava por um motivo ainda não conhecido, o coração gélido e sem sentimentos da menor disparava de forma ágil e repentina, o que estava acontecendo?

- Feliz aniversário Holô. — Joseph comentou, abrindo a porta.

Heloísa abriu a boca para protestar devido ao apelido caricato de Joseph, mas sua fala fora prejudicada por culpa da surpresa que a esperava dentro do recinto. Sua perna vacilou, enquanto a mesma precisou se apoiar no encosto da porta para ganhar sustentabilidade. Catherine Rousseau, sua melhor amiga, a sua francesa favorita, estava sorrindo, gentilmente, no término da sala, logo atrás da menor, era notório a presença dos dois indivíduos que a criaram: seus pais cantarolavam virtualmente por meio de um computador.

Complexo de CassandraWhere stories live. Discover now