Olhos do mal

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— Mrs. Underwood? — a secretária loira o chamou educadamente. — A primeira ministra o aguarda.

Harry não nega a ansiedade que cresce gradualmente, aguardou por esse momento durante muito tempo e não poderia estragar por simplesmente ser incapaz de conter a palavra.

— General Underwood, é um prazer finalmente revê-lo. — A Senhora levantou-se estendendo a mão em sinal de educação. — A que devo a honra de sua ilustre presença?

— O prazer é todo meu, devo constatar que estava ansioso com essa visita. — Harry sentou-se levando as mãos às coxas tentando reprimir a tensão.

— Ansioso no mau sentido?

— Não sei ao certo. — o general admirou a decoração da sala da primeira ministra. – Vou tentar não roubar do seu tempo, pois tenho plena certeza sobre sua agenda atarefada.

— Sim, tenho muitos assuntos pertinentes a tratar, mas sinta-se à vontade para expor os problemas...

— Não é exatamente um problema... — Harry suspirou buscando as palavras adequadas.

— O general me parece tenso. — a primeira ministra franziu o cenho. — Algo lhe incomoda? Pois tenho consciência que o exército britânico está devidamente bem, certo?

— Sim, claro. A instituição está plenamente nos eixos, o empecilho é outro. — ele decidiu falar logo. — A senhora conhece Heloísa Marchand?

— Claro. Ela é a sensitiva que está desaparecida do país de origem, correto?

— Sim, exatamente ela. — disse. — Eu sei onde ela está.

— Eu também. — a autoridade de respeito comentou.

— Oi? — Harry engasgou com a própria saliva.

— Harry Underwood, nós dois sabemos que o Reino Unido é um Estado soberano importantíssimo que compreende de nações respeitáveis. Como algo tão pequeno seria ignorado por mim? Conheço o paradeiro de Heloísa.

— E...?

— E sei que ela está aprisionada na sede do exército.

— Mantida em segurança. – ele a corrigiu.

— Aprisionada. — ela ratificou a palavra. — Compreendo sua apreensão perante essa conversa, porém como você eu também estava ansiosa. — a senhora levantou-se analisando a feição do general. — Não vou dizer publicamente que concordo com suas escolhas, principalmente as que envolvem Heloísa Marchand, porém acredito que você tenha algum motivo, certo?

— De certo modo...

— Harry, você está bem? — a mulher de idade olhou para o moreno tentando encontrar algum resquício de maluquice.

— Claro que estou, porque não estaria?

— Porque seus ideais foram convertidos para impulsos movidos pela vingança. Eu conheci sua mãe e sei realmente como ela era uma pessoa agradável, porém nada justifica suas atitudes impensadas.

— Mas eu...

— Estou falando, por favor, não me interrompa. — a primeira ministra continuou. — Minha situação não é favorável no momento. Não existe possibilidade de mandá-la novamente para a França, o Senhor compreende? — Harry assentiu. — Devo me responsabilizar por seus erros, mas para que isso aconteça preciso estar viva pelo menos. Então diante disso entendo que Heloísa Marchand não retornará durante um bom tempo para sua casa, pois o resultado não seria agradável. — ela bufou. — Não descartaria a possibilidade de uma terceira guerra, porém acredito que você tenha pensado sobre essa viabilidade.

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