Desmaiar era a melhor ação que Heloísa fora capaz de realizar em anos. Acordar em outro lugar inimaginável se tornou uma realidade triste, porém verdadeira. O cheiro de mofo invadiu o olfato da menor que conseguiu distinguir a diferença com seu quarto na sede do exército francês, claramente eram lugares distintos. Seu discernimento sobre os fatos fora prejudicado, porém ela felizmente era capaz de forçar sua mente a atentar-se ao som mínimo que evocava na saleta.
- Eu desejo que todas as unidades do país estejam preparadas para encontrá-la. Todos estão trabalhando arduamente para que o desaparecimento de Heloísa Marchand seja manifestado para que possamos classificar a situação, porém agora, a condição é alarmante. — ele parou por um instante — Eu desejo tê-la em minhas mãos, por bem ou por mal. Quem for o responsável será devidamente castigado.
- Parece que o rei da França está nervoso. — uma voz desconhecida riu diante o comunicado de Joseph no jornal.
- Você deveria fechar essa sua boca, Paul. O chefinho não vai ficar contente ao ter conhecimento sobre seu estado antiético.
- E quem vai contar para ele? Você?— Paul perguntou.
- Não seria capaz de cometer ato de traição, porém nós conhecemos os indivíduos que trabalham aqui. Negligencia está imersa, meu amigo.
- Até quanto tempo essa coisa vai dormir? Achei que poderíamos nos divertir.
- Não seja nojento, você é casado.
- Qual o problema? Sou homem e tenho necessidades— eles mantinham o diálogo em inglês.
Heloísa despertou no instante seguinte, o diálogo nocivo dos responsáveis por vistoriar o cárcere chegava a ser grotesco, eles difundiam ideias repulsivas que a menor rejeitou de maneira brusca. Quando o olhar duplo foi enviado a ela o choque foi instantâneo, o medo não era o fundamental, talvez algo envolvendo a índole dos rapazes a atormentava. Paul sorriu cínico mostrando que através da carranca existia um indivíduo nojento, grande personalidade. A falta de dentes também somava para o espanto automático da francesa. As mãos de Marchand esbarraram na janela que era revestia por fileiras de madeira, talvez cortante.
- Parece que a cinderela acordou — um dos rapazes comentou.
- Parece que a fera decidiu invadir meu conto de fadas — Heloísa respondeu referindo-se a feiura do ser.
- Nossa! — Ele gargalhou — Ele não disse que você tinha senso de humor.
- Quem é ele?
- Você vai conhecê-lo quando chegar o momento, por enquanto deve aguardar.
- Ah, claro – ela deu de ombros. — Por que é realmente agradável acordar em um lugar totalmente contrário do que estava há minutos atrás.
- Minutos? Pobrezinha – um deles riu. – Você está em Andover, minha amada.
- Aonde?
- Inglaterra.
O coração gélido de Heloísa palpitou por um instante, ela provavelmente não havia ouvido direito, porém por um instante acreditou ter pensando na possibilidade de estar na Inglaterra, o lugar que provavelmente continha 08h00min de Alsácia. Marchand olhou para algo além da janela, por trás das filetas de madeira, era um cenário diverso e completamente estranho. Era claro que ela não estava na França.
- Um instante, vocês falam francês? — Ela parecia imersa em uma nuvem de perguntas.
- Sua presença ilustre transformou todo o cenário da nossa instituição, porém meu conhecimento vai além, eu tenho plena consciência que você sabe falar inglês.
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Complexo de Cassandra
RomanceDor. Matança. Sangue. Uma terceira Guerra Mundial. Heloísa Marchand foi escolhida para viver com um dom de premonições de um futuro não tão distante, conseguindo prever a extrema devastação que acontecerá quando duas poderosas nações entrarem em gue...