Você deveria ser suficiente

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[ALERTA DE CONTEÚDO:  O CAPÍTULO CONTÉM CENAS FORTES DE VIOLÊNCIA/VIOLÊNCIA SEXUAL]  

Sem rumo. Heloísa sabe que vive na residência diabo, porém durante um tempo acreditou que uma luz a havia abençoado, tudo parecia bem melhor, minimamente melhor.

Novamente outra carta endereçada à Joseph, contudo é difícil ignorar o teor claro da mensagem: ódio. A francesa questiona sua capacidade de inteligência, tendo em resposta uma medição bem baixa. Exclamava aos ventos sua capacidade de tudo descobrir, mas ao ouvir (acidentalmente) a conversa entre a dupla de amigos seu ego afundou em águas de decepção. Harry não presta, Louise muito menos, ela transparece bondade, mas não recusou o plano maligno do general, apenas concordou como uma seguidora fiel e devota.

O frio cortante de Andover não a afeta, dizem que a raiva supera tudo. Ela amoita entre as mãos o pequeno bilhete que será entregue a Joseph. Marchand conseguiu (com certa dificuldade) convencer Dean a enviar às cartas, em contrapartida a amizade dos dois cresce consideravelmente. O casaco de Louise cobre parcialmente suas coxas, mas a estatura mediana dificulta a situação.

O caminho é traçado com cuidado, porém ao lembrar-se das palavras de Harry seu estômago revira causando espasmos de realidade.

"...desejo proporcionar nela o ódio perante a França. "

"...ela vai apenas desejar nunca voltar para casa. "

Ser usada pelo Reino Unido, mais especificamente por Harry, não é nenhuma surpresa, só não esperava que ele fosse desgraçado em suas escolhas. Se a pedissem para explicar o rancor que sente certamente palavras não encontraria. Ele pensa que ela, Heloísa Marchand, será capaz de um dia odiar sua nação materna?

— O que minha vidente está fazendo essa hora da noite sozinha?

O chamamento despertou calafrios inusitados em seu corpo, sequer foi capaz de manter-se em pé. Um militar alheio a encarava com a feição lunática, olhar depravado e certamente drogado.

— Não sabia que o exército permitia o uso de drogas ilícitas. — emitiu uma risada anasalada semelhante a um choro contido. — E eu não sou vidente seu ignorante, aprenda primeiro a diferença entre os dois depois, talvez, aí possamos conversar.

Interrompeu qualquer contato visual com o militar, contudo o aperto brusco em seu braço fez seu corpo estagnar. Nunca passou por sua cabeça que o homem, visivelmente alterado, conseguisse realizar movimentos articulados. O hálito forte e as pupilas dilatadas somente significava uma coisa: está perdida.

— Não quero conversar, prefiro agir. — o militar a trouxe para perto de si. — Você está tão deliciosa dentro dessa r-roupinha. — gaguejou.

— Você realmente não vai querer continuar com isso. Acho melhor você me soltar, finjo que não vi seu ato antiético e seu emprego será mantido. — ela cerrou os punhos.

— Eu prefiro ficar aqui com você. Você me parece tão gostosinha, deixa eu provar do seu sabor. — silabou com luxúria nos olhos.

Heloísa aderiu à feição imparcial, o ódio e repulsa eram dois sentimentos que cresciam simultaneamente. Forçou seus punhos tentando somente desfazer a ligação entre os corpos, não está afim de criar agitações indesejadas e ferrar com seu plano.

— Adoraria provar meu chute no seu saco velho.

Tentou, inutilmente, chutar o rapaz a sua frente, mas o bêbado ainda é abastecido com certos reflexos.

— Acho que você poderia fazer outras coisas com meu saco velho...

Seu corpo foi posicionado estrategicamente ao do militar, a falta de realidade impediu que o volume em suas calças fosse maior, contudo a sensação já é suficiente para lhe deixar enojada. A luz fraca da região somando aos olhares furtivos do militar quase prejudicou seu senso racional de agir.

Complexo de CassandraWhere stories live. Discover now