Capítulo 19 - Um ano

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POV Sam

Cheguei em casa e encontrei minha mãe sentada no tapete brincando com Amélie e conversando com Cait, não esperava ela ali em um dia de semana.

- Mãe, que surpresa boa! - Disse abaixando para abraçá-la, beijar Cait e falar com Amélie que levantou os braços quando me viu. - Está tudo bem?

- Meu filho querido! Claro que está! Vim fazer uma visita e ficar com minha neta querida para que você e minha nora possam curtir o aniversário de casamento!

É claro que eu havia preparado um "presente" para Cait, afinal era nosso primeiro ano de casamento. Mas agora tínhamos Amélie e as coisas mudam um pouco quando temos filhos. Minha ideia era comemorar depois de colocar nossa filha pra dormir, agora teríamos a oportunidade de ficarmos um pouco a sós, fazia tempo que não conseguíamos encaixar nada assim na nossa rotina.

Enquanto Cait ia se arrumar para sairmos, fiquei com minha mãe conversando quando ela tocou no assunto que eu vinha evitando até para mim mesmo:

- Quando vai contar a ela? - Ela tinha Amélie no colo me olhava bem nos olhos, senti um arrepio me percorrer a espinha.

- Eu não sei mãe! Tenho muito medo dela não me perdoar! - Eu a olhava como quem suplica por uma solução mágica.

- A cada dia que passa, mais complicada a situação vai ficar. Eu nunca duvidei do amor de vocês, eu disse a você assim que conheci Caitriona lembra? Mas amor somente não é suficiente para manter duas pessoas juntas, meu filho, é preciso haver honestidade, confiança, cumplicidade, não que não tenham, mas jamais será completo se ficar escondendo qualquer coisa dela. - Disse baixo, com voz maternal e continuou antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

- E eu sei que fez por amor, por proteção à ela. Mas quando você fez isso, tirou o direito dela de também decidir por vocês e você sabe o quanto ela aprecia a liberdade.

Minha mãe sempre fora assim, não julgava, mas sempre tinha uma maneira doce e certeira de falar a verdade. Eu precisava contar a ela, mas não aquele dia, aquele era um dia para comemorarmos.

Assim que Cait voltou para sala, eu fui me arrumar. Ela estava tão linda com um vestido preto básico curto, uma maquiagem leve e o colar que havia sido meu primeiro presente pra ela no pescoço. Perfeita, como sempre!

Decidimos ir jantar em um restaurante panorâmico. Da nossa mesa, podíamos ver toda a cidade, suas luzes e no fundo, o horizonte maravilhoso que se estendia além da nossa visão.

Depois que acabamos de jantar, colocamos nossas cadeiras lado a lado e eu a envolvi em um abraço. Não sei quanto tempo ficamos assim, era uma sensação de plenitude! Um fechamento de ciclo: tínhamos nos acertado, tínhamos nossa filha e tínhamos nosso casamento. Eu amava tanto aquela mulher que muitas vezes  ainda me pegava pensando se tudo não passava de um sonho.

- Parabéns, meu amor! - Cait me tirava de meus devaneios virando de frente para mim e me entregando uma chave com uma fita.

- Ora, ora! - Dei uma risada e também tirei uma chave do bolso. - Vamos trocar chaves de presente de aniversário de casamento agora?

Rimos muito daquela pequena coincidência, que na verdade, não passava da grande sintonia que eu e Cait sempre tivemos. A chave dela, era de uma moto que eu estava namorando, e a minha era finalmente da nossa casa de campo, havíamos comprado e reformado, e eu disse que estava tudo atrasado porque havia feito um cômodo que seria uma espécie de biblioteca e escritório para ela ler e escrever tranquilamente, quando na verdade, estava tudo pronto.

Nos abraçamos, beijamos e nos agradecemos! Mostrei a ela um vídeo do cômodo e vi seus olhos brilharem de emoção, aquilo pra mim bastava, sempre bastava pra mim, o que me fez me lembrar de uma coisa.

- Sabe quando eu descobri que te amava? - Perguntei pra ela seriamente em meio às nossas brincadeiras.

Cait apenas olhou pra mim esperando, curiosa, minha resposta.

- Aquele dia na sua casa, em que dividíamos o sofá, a coberta e a taça de vinho. Parecia que já nos conhecíamos há anos, mesmo que não fizesse dois meses que você estava em Glasgow. De repente você teve um acesso de riso, e ria muito e sorria, e não conseguia parar. Você estava feliz com tudo que estava acontecendo com você e eu sentia isso.... e quando vi você sorrindo daquele jeito... de repente eu percebi que, apenas o seu sorriso, era um dos melhores motivos para eu sorrir também!

POV Cait

- Sam, você tem uma filha e mulher, pelo amor de Deus, não corre com esta moto! - Eu dizia rindo, mas com aquele fundo de verdade enquanto íamos na concessionária com Sam faceiro do meu lado.

- Eu vou é levar você na minha garupa! Ou estava achando que eu estava com planos de desfrutar do meu presente sozinho? - Sam dizia olhando para mim com desejo.

Ah! O desejo! Um filho muda tudo na vida da gente.

A maternidade tinha me transformado e estava me transformando dia após dia. E sei que a paternidade fez o mesmo com Sam.

Nem todos os dias eram fáceis e um casamento, por melhor que seja, sempre tem seus desafios e acredito que tudo isso fez nosso amor amadurecer, e claro, mudou a forma com que nos relacionávamos também na cama.

O desejo, esse nunca acabava e a medida que tomávamos mais intimidade melhor o sexo ficava. Descobrimos novos prazeres, novas formas de amar e eu me sentia muito feliz e realizada em ter um parceiro que se importava, que se abria comigo e com quem eu podia me abrir livremente.

- Chegamos! Enquanto você vai lá resolver os documentos, vou ligar para casa e ver se está tudo bem com Amélie!

Acabei me distraindo respondendo algumas mensagens, quando Sam volta exultante com dois capacetes na mão.

- Nãooo.... - Falei rindo muito adivinhando o pensamento de Sam!

- Ahh, claro que sim! Foi um presente seu e quero estrear com você! Vamos? - Ele dizia no meu ouvido.

- Mas eu estou de saia.

- Ela é comprida e tem muito pano, é só a gente amarrae ela na lateral. - Sam sorria me mostrando que eu não teria desculpas.

Subimos os dois na moto e fomos rumo aos arredores de Glasgow. Segurei na cintura de Sam que gritava e brincava comigo.

- Não é uma sensação maravilhosa? - Ele dizia!

- Sim! - E era, uma sensação enorme de liberdade, de euforia, de alegria. Viajamos algum tempo, quando Sam diminui a velocidade e vai pegando uma trilha menor que leva à beira de um lago.

O local estava deserto, o que nos dava uma liberdade para nos abraçarmos e beijarmos. Sentamos na beira e ficamos algum tempo contemplando a natureza e fui eu que quebrei o silêncio.

- Você tinha razão, viajar de moto é uma sensação única mesmo! Eu gostei! - Sorri admitindo que Sam estava certo o todo tempo, quando passava horas me contando das suas experiências e por isso eu decidi presenteá-lo com a moto, que agora estampava uma expressão de quem venceu uma competição.

- Ahhh eu sabia que você ia gostar! Você ama a liberdade Cait, nada mais seria sua cara. - Disse e ficou um tempo me encarando, como se quisesse me dizer algo, mas invés de falar, ele veio me beijar e o fez profundamente para depois dizer no meu ouvido. - Faz amor comigo aqui?

- Aqui Sam? E se aparecer alguém? - A ideia me excitava, mas não queria nem pensar em ser flagrada em uma situação como aquela.

- Não vai aparecer, não tem vista para a estrada e não há ninguém aqui nem a kms de distância. - Ele respondeu já beijando meu pescoço e arrumando uma espécie de travesseiro com sua jaqueta para que eu pudesse deitar.

Não sei se foi a energia da estrada, a felicidade por estarmos completando um ano de casamento, ou simplesmente pelo fato de sermos eu e Sam ali, sem precisar mentir ou esconder sobre nós, me entreguei a ele. E fizemos amor na grama, sob o céu e naqueles momentos esquecemos de tudo! Aquele dia ficaria guardado pra sempre na minha memória, no meu corpo e no meu coração, talvez mais do que eu gostaria!

Depois de tudo - Sam e Cait (Outlander)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora