PENÚLTIMO CAPÍTULO

14.4K 1.6K 127
                                    

               — Ei, vocês dois! — Uma voz me despertou, era Katsu. O crepúsculo já havia terminado há algum tempo, estava escuro e o jardim exibia um lindo sistema de luzes com centenas de pequenas lâmpadas provocando a sensação de que havia um céu estrelado bem próximo de nós. — Eu procurei vocês pela casa toda! Estava a beira de um ataque cardíaco pensando que Samaris havia sumido novamente!

            Abri um sorriso instantâneo quando percebi que ela ainda estava dormindo em meus braços, com a sua cabeça encostada no meu peito.

            — Ela não foi a lugar algum! — Digo sorridente, falando muito mais comigo mesmo do que com Katsu.

            — Isso já pude perceber. Agora a acorde para vocês entrarem logo, está ficando frio aqui fora.

            Acordá-la para quê? A carreguei, ainda dormindo, nos meus braços através do jardim.

            — Está pesada? — Katsu me perguntou.

            — Não. Dá para aguentar sem esforço.

            — Ela é do tamanho perfeito para caber nos seus braços. Incrível.

            Ele tinha razão. O meu braço esquerdo se encaixava exatamente na parte em que seus joelhos dobravam e o meu direito apoiava os seus ombros com firmeza. Como se fosse feita sob medida para isso.

            — Incrível. — Confirmei.

             A levamos de volta ao seu quarto grande e decorado, a coloquei cuidadosamente sobre sua cama e me deitei para dormir também.

            — O que está fazendo? — Katsu perguntou enquanto eu me deitava ao lado de Samaris e puxava os cobertores.

            — Como assim? Vou dormir. — Me perguntava se não era óbvio.

            — Na mesma cama que ela? — Logo entendi qual era a sua preocupação, não pude segurar o riso. Obviamente Katsu não leu todas as páginas do diário de Samaris.

             — Era o que eu estava pretendendo, algum problema? — Katsu reluta um pouco e então diz:

            — Não, senhor. Problema nenhum. — Ele anda alguns passos à porta, para e pensa por um segundo. — Mas existem outros nove quartos nessa casa. Tem certeza que não prefere que eu arrume um para o senhor?

            — Tudo bem, Katsu. — Achei melhor ceder. — Me mostre um dos quartos.

            Katsu me mostrou o quarto ao lado. A cama era macia e enorme, mesmo com a cabeça cheia de novas excitantes informações, foi fácil cair no sono.

            Tive a impressão de que dormi menos do que três horas, quando a Samaris me acordou no dia seguinte, cheia de energia:

            — Acorda, amor! Você ainda não conheceu o canto mais importante da casa. Você quer conhecer o canto mais importante da casa?

            — Tenho opção? – Perguntei sonolento.

            — Claro que não. Vem logo. – Respondeu sorrindo e me puxou da cama usando as duas mãos.

            Estava com tanto sono que nem vi por quais corredores passamos.

            — Tcharã! — Samaris exclamou ao abrir a porta. De todos os cômodos que nós percorremos, esse fora o que ela teve mais facilidade de encontrar. Seus pezinhos correram automaticamente pela casa em direção à sua sala especial. Uma pintura na parede dava nome ao cômodo: "Nosso cantinho".

A VIDA DESENCAIXADA DE ICK FERNANDES (história completa)Where stories live. Discover now