7. Misterioso alvoroço - Lado B (Parte 1)

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Talvez seja necessário reler o capítulo anterior.

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— Então, me deixa aqui.

— Aqui? No meio da rua? Você ficou doida?

— Que diferença faz? Você não se importa comigo, Henrique. Olha o que você fez no restaurante!

— Me perdoa. Eu já pedi desculpa! Eu não... Eu não sabia que ia estar tão cheio ou que você ia...

— Que eu ia dizer não? — Ela grita — Ah, claro que um pedido de casamento no meio de um restaurante cheio era o meu sonho.

— Eu achei que...

— Esse é o problema! Você sempre acha qualquer coisa, mas não pensa em mim em momento nenhum. Sei lá, que merda passa na sua cabeça — Ela funga com o nariz e enxuga o rosto com a manga com casaco. — Eu nem sei se quero me casar com você.

— Dica...

— Só me leva para casa, não quero falar mais nada agora.

Tudo ficou escuro. 

Depois, ouvi ruído de pneus raspando o asfalto e a porta do carro batendo. Não consegui enxergar, porque algum tipo de névoa cobriu os meus olhos.

Um minuto e tudo simplesmente desmoronou à minha volta naquela noite. 

"Eu nem sei se quero me casar com você."

O choro de Amanda ecoou na minha cabeça, tão alto que pareceu que meus tímpanos poderiam ser perfurados.

Abri os olhos.

Merda.

Inspirei: quatro, três, dois, um. Segurei: um, dois. Expirei: um, dois, três, quatro, cinco, seis.

Fechei os olhos novamente.

Eu costumava ter esses sonhos vívidos anos atrás. De volta àquela noite no restaurante, quando as coisas se escalaram muito rápido e eu desci em queda livre no final. 

Não sabia o que significava ou o porquê daqueles sonhos de novo. Era estranho e confuso sempre estar de volta àqueles lugares. Sentado à mesa no restaurante, naquele estacionamento e dentro do carro voltando para casa. 

O desconforto de estar em um lugar conhecido. 

Como na noite passada. 

Sofri um acidente de carro. Bati o carro contra o poste e não tenho certeza de que liguei para a seguradora. Eu liguei?

Eu não consegui chegar ao apartamento de Carolina, porque parei na casa de Amanda. Ela estava bêbada quando tropeçou no tapete da sala e caiu. Não, eu não tenho certeza de que foi no tapete, mas ela não respondeu aos estímulos quando prestei os primeiros socorros.

Inspirei: quatro, três, dois, um. Segurei: um, dois.

Abri os olhos novamente. A primeira coisa que eu vi foram as cortinas verdes. Depois, apurei os ouvidos e passos ecoaram de um lado para o outro, conversa baixa ao lado e um telefone tocando.

Estiquei o braço direito e aproximei o oxímetro do meu rosto. 

Sistólica em cento e vinte e nove. Oxigenação em noventa e cinco.

Nada mal para um acidente de trânsito e suspeita de concussão.

Senti minha testa doer e me lembrei do corte.

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⏰ Última atualização: Jun 23, 2023 ⏰

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Com tequila e com amor [Concluído] [VENCEDOR DO WATTYS 2017]Onde histórias criam vida. Descubra agora