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__ Ah não, Marianna. Você disse que ia ver com calma __ Em chamada com Neymar, o jogador insistia pela milésima vez pra que eu fosse acompanhar o primeiro jogo da competição em São Paulo.

__ E desde quando isso significa um sim? Eu vi com toda a calma do mundo e a resposta ainda é a mesma. Não vou pra São Paulo assistir a este jogo. __ Reafirmo minha posição enquanto vejo uma Bia confusa entrar na minha sala e um homem impaciente na tela do meu notebook.

__ Mari, as novas remessas chegaram e ja estão alocadas no depósito, preciso que assine o termo de entrega. __ Diz assim que chega próximo a mim e eu estendo as mãos pegando os documentos.

__ Bia está aí? __ Neymar pergunta e eu apenas balanço a cabeça de forma positiva por estar lendo o documento. __ Finalmente alguém sensato. Bia? Aparece aí.

A loira se aproxima ainda desconfiada da tela e se abaixa pra ficar numa altura onde fique visível a Neymar.

__ Biazinha, por favor, convença a sua digníssima patroa a ir me assistir jogar na Copa? __ Pede e abre um sorriso culpado para a mulher ao meu lado que o olha confusa.

__ Copa? __ Questiona ainda sem entender e Neymar nega levando as mãos a cabeça me fazendo rir baixo.

__ Copa América, Bia. Vai ser em São Paulo e ela não quer ir e nem levar minha sobrinha pra me prestigiar na estréia da seleção. __ Diz como se fosse a coisa mais banal do mundo, como se fosse ir ali na esquina e comprar pão.

Bia me olha com uma sobrancelha erguida, um tanto confusa como se me perguntasse o motivo de estar negando a isso, algo que relativamente seria bobo.

__ Philippe vai estar lá __ Explico fazendo uma careta de desdém e ela ri entendendo do que se tratava.

__ Sinto muito Neymar, não vou insistir. Você é amigo íntimo, eu sou empregada tenho muito mais a perder __ Ela faz um sinal de rendição com as mãos enquanto nega com a cabeça e eu gargalho alto.

__ Beatriz você é um ícone. __ Exclamo e ela ri enquanto Neymar nos olha indignados.

__ Mas isso é um complô contra mim. Só pode. __ Reclama do outro lado da tela e se despede de Bia que volta ao seu lugar.

__ Por que não vai? __ Carol aparece no meu campo de visão e eu olho feio pra Neymar que da de ombros.

__ Olá Dantas, quanto tempo. Como estão? __  Pergunto irônica e ela me da dedo __ Credo, quanta demonstração de afeto. __ Reviro os olhos assim como ela.

__ Marianna, pode parar com isso. Até quando você vai se privar de estar conosco por conta disso? Até quando vai privar sua filha de conviver com quem ela ama por uma escolha que quem tomou foi você? Para ja com essa bobeira, tira férias dessa prisão que você chama de trabalho e vem acompanhar a Copa com a gente. __ Carol solta do nada e me pega totalmente desprevenida. Ela tinha ótimos argumentos e isso ficou óbvio, mas o fato dela ter acabado de jogar na minha cara que eu estou privando minha filha do mínimo me baqueou.

__ Depois conversamos, preciso ir. Deêm um beijo em Davi e no Tin. Amo vocês __ Eles acenam e eu desligo a chamada afundando meu corpo na cadeira.

Eu não tinha nada de tão importante pra fazer que me impedisse de falar com eles, apenas não queria dar o braço a torcer e dizer que Carolina estava certa.

Mas sua fala me fez refletir sobre algo que eu não tinha me dado conta e essa realidade foi como um balde de água fria na minha cara. Por medo eu estou privando minha filha das melhores coisas, de sair, fazer amigos, conviver com quem ela ama. Deus! Eu sou uma fraude.

Reencounter | P. CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora