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Philippe Coutinho

Eu tenho uma filha. Uma filha, de quase quatro anos, que eu não sabia que existia. Uma filha cujo a mãe me escondeu desde o seu nascimento e sabe-se lá Deus por quanto tempo mais a manteria assim se eu não descobrisse agora.

__ Mãe, ela é minha filha. Sua neta! Marianna não tinha o direito de fazer isso comigo, não tinha. __  Mais um vez o bolo se faz em minha garganta e as lágrimas voltam aos meus olhos.

__ Meu menino, eu não posso imaginar a dor que você esteja sentindo nesse momento, não posso mesmo. Mas ir pra cima de Marianna feito um bicho como você quer ir, não vai resolver em nada o seu problema.

__ Mas mãe, foram 4 anos, Marianna teve 4 anos pra me contar sobre isso... Nós temos amigos em comum, mãe, minhas redes sociais são abertas, ela poderia ter me achado em qualquer lugar e ela sabe disso, sabe que está errada a mesma falou isso. __ Pontuo andando pelo quarto de um lado pro outro.

__ Philippe, respira! __ Pede calma e eu bufo sentando na cama e respirando fundo. __ Meu filho, eu não sei o que houve, mas Marianna era muito nova, estava começando a vida quando você foi embora. Filho, você magoou muito ela também, precisa levar em consideração toda a circunstância...

__ Aí Aí resolve se vingar disso, me privando de conhecer minha filha? Que ridículo, mãe.

__ Philippe Coutinho Correia. Não me interrompa quando eu estiver falando. __ Briga e eu sussurro um "desculpa" __ Mesmo que nada justifique o que ela fez, dê a ela pelo menos a chance de se explicar, conheça sua filha primeiro, se aproxime delas, faça parte da vida delas. Ou você acha mesmo que Maria vai ter algum respeito pelo responsável de a tirar da própria mãe? Pense bem antes de tomar alguma atitude precoce e se igualar a atitude feia que você tanto está julgando em Marianna.

__ Tudo bem, mãe. Vou conversar com ela primeiro pra depois tomar alguma atitude. __ Afirmo convencido e ela suspirou do outro lado.

__ Ótimo... Agora me conte, como ela é? __ Pede e um pequeno sorriso surge em meu rosto ao lembrar da foto que vi do perfil de Marianna.

__ Ela é linda, mãe. Tem os olhinhos mais brilhantes, o sorriso mais fofo do mundo, ela parece comigo quando tinha a idade dela.

__ Aí meu Deus, mal posso esperar pra conhece-la. Tratem de ganhar essa Copa pra que elas voltem pro Rio e eu possa conhecer minha netinha.

__ Você sabe que elas moram aí, não sabe? Você vai vê-la independente disso. __ Afirmo e ouço ela murmurar algo totalmente desconexo.

__ Sim, mas te serve de incentivo e lembrete extra pra ganhar essa jorça. __ Avisa e eu rio concordando.

__ Tudo bem, dona Dina, tudo bem...

__ Agora vai ajeitar suas coisas pra viagem, nos falamos depois. Te amo, meu menino.

__ Tudo bem. Se cuida ein, te amo mãe.

Me despeço de dona Esmeraldina e desligou a chamada me jogando de costas na cama e passando as mãos no rosto.

Eu ainda não consigo acreditar em tudo que está acontecendo, minha ficha parece não cair de jeito nenhum. Puta merda, eu tenho uma filha. Meus Deus o quão louca pode ser a vida?

Estava distraído, com os pensamentos longe, distantes quando senti meu celular vibrar ao meu lado indicando novas mensagens.

Abri e era uma foto seguida de um áudio de Marianna, meus olhos lacrimejaram e meu coração faltou sair pela boca. Era uma foto da minha filha, aparentemente em um parque.

WhatsApp Messenger.
Chat: Marianna B.

Marianna B.:

Reencounter | P. CoutinhoWhere stories live. Discover now