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__ Oi Philippe. Stella me chamou de última hora. __ Sorrio amarelo e ele assente se sentando ao meu lado.

Meu Deus, eu só queria enfiar minha cabeça dentro de um buracao que nem um avestruz e não sair mais de lá. Será que é tarde pra descer desse avião?.

Pego minha mochila tentando achar o meu fone e reviro ela toda, bufando impaciente depois de não achar o objeto. Só aí lembrei que ele ficou com a Maria, meu Deus do céu, só me apetece chorar nesse momento.

__ Ney... __ Chamo o homem ao meu lado que volta sua atenção pra mim confuso __ Tem um fone extra aí? __ Pergunto implorando internamente pra que ele diga que sim.

__ Ixi nega, tenho não... __ Fala e eu finjo choro e ele ri sabendo exatamente o motivo do meu desespero.

Viro pra frente bufando frustrada e o vagabundo do camisa 10 ri mais ainda da minha cara, o que faz Philippe perceber e nos olhar confusos e eu automaticamente belisquei Neymar discretamente pra que ele parasse.

Fechei os olhos e encostei a cabeça na minha almofadinha quando ouvi que o avião decolaria e pedi aos céus pra que fosse rápido o suficiente pra ele não tentar puxar assunto. Essa parte sempre me deixa tensa, então meio que por instinto me agarrei na poltrona e respirei fundo até demais.

__ Ainda tem medo de decolar? Tá tudo bem, vai acabar logo __ Philippe fala baixo ao meu lado e eu só assinto com a cabeça sem coragem de abrir os olhos. __ Tá tudo bem Na... Ehr, Mari. __ Ele se atrapalha quase me chamando pelo apelido que me dera e eu não esboço reação.

O avião logo planou e eu respeitei aliviada voltando a minha postura normal e assim que abri os olhos pude sentir os pares castanhos sobre mim.

__ Quer uma água? __ Pergunta e eu nego com a cabeça.

__ Não precisa. Eu tô bem, obrigada __ Tento soar o mais simpática possível e ele sorri tímido de lado voltando a atenção pro seu celular.

Eu faço o mesmo apenas pra verificar a hora, mas logo bloqueio de novo ao ver a foto da minha filha no plano de fundo do mesmo e meu coração dar uma leve acelerada. Ver a foto dela com ele do meu lado, fez a culpa pesar mais de uma tonelada sobre as minhas costas. Deus, me perdoa.

Apenas fecho os olhos e encosto a cabeça no ombro de Neymar que tem como reação entrelaçar nossas mãos e iniciar um carinho na mesma com o polegar me acalmando sem saber.

Com os olhos fechados e os dois do meu lado, foi impossível não reviver os flashes de alguns dos nossos momentos juntos. Quando crianças essa era a cena mais recorrente de se ver, se queria um era só procurar pelo outro, estaríamos sempre juntos.

2009, Bairro do Rocha- RJ.

Estamos na escola e isso aqui é literalmente um saco, as pessoas são chatas, interesseiras e fúteis, só pensam em si mesmas e mais nada. Sério, escola é uma perda de tempo.

__ Nossa, ele é tão lindinho __ Brenda fala cochichando com uma outra garota da nossa sala enquanto os meninos estão jogando na quadra. Dou um brinde pra quem adivinhar de quem ela falava.

Ato que me faz dar quase que um 360° com os olhos. A gente tava na aula de educação física e hoje era futebol para os meninos e handebol para as meninas. Eles ficaram com o primeiro tempo e a gente com o segundo.

__ Vou chamar ele pra sair depois da aula, será que ele topa? __ Não! Queria gritar, mas me contive em respirar fundo apenas.

__ Não sei amiga... Ele não parece ser muito aberto pra isso. Ele só anda com o Ney e aquela garota, acho difícil ele querer sair __ E ele não vai mesmo, ele sabe que eu não gosto da Brenda, não sairia com ela.

Reencounter | P. CoutinhoWhere stories live. Discover now