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Só haviam dois dias que tínhamos chego em Belo Horizonte e eu já queria ir embora pra bem longe dali.

Carol e Bella chegaram ontem e se uniram aos meus amigos que estão empenhados em montar uma espécie de força tarefa pra me fazerem falar a qualquer custo com Philippe.

Ele por sua vez, está como eu, de saco cheio dessa palhaçada toda. É ridícula a forma com a qual eles se intrometem nesse assunto, sério isso chega a ser patético, minha relação com Coutinho é de cunho pessoal nosso. Dê tudo a uma pessoa menos intimidade.

Não me levem a mal, eu amo meu amigos, nem sei o que seria de mim e da minha filha sem eles, mas acredito que tudo tem limites e essas falas, brincadeiras e insinuações já estão ficando sufocantes.

__ De mel, Philippe e Marianna entendem muito bem. Nunca vi gente pra fazer tanto doce que nem esses dois. __ Marcelo pontuou em cima de algum comentário e vi que Philippe respirou fundo do outro lado dos bancos

__ Ok, já chega! __ Levantei batendo em minhas roupas pra tirar a grama e fechei o semblante passando os olhos por cada um. __ Eu amo vocês e sei que no fundo acham que estão fazendo a coisa certa, mas não estão. Essa "brincadeira" está passando dos limites e nem Philippe e nem eu estamos confortáveis com isso. O que nós tivemos e o que temos hoje são assuntos que só cabem a nós dois e não a vocês. Sei que são nossos amigos e que se importam com a gente, mas tudo tem limite e vocês já extrapolaram o nosso. Não gostamos, não queremos e não damos liberdade pra que toquem no assunto sem que venhamos a pedir. Fui clara? __ Sei que sooei ríspida, mas era preciso se eu quisesse paz pelos próximos dias.

Passei os olhos por cada um uma última vez e saí do campo buscando rumo a frente do estádio. Não estava mais no clima pra ficar ali e pediria um uber pra voltar pro Hotel.

Estava passando pelo túnel quando meu braço fui puxado e eu me virei de abrupto batendo contra o peitoral de alguém, e ao subir o olhar dei de cara com Philippe.

__ Olha Coutinho, eu não quero mais problema. Sinto muito se te ofendi ali de al...

__ Ei, respira. Você tá hiperventilando. __ Soltou meu braço e segurou as laterais do meus rosto me obrigando a olhar em seus olhos __ Tá tudo bem, na verdade, eu vim te agradecer por ter falado por nós dois. Eu já estava desconfortável com toda aquela palhaçada e intromissão deles.

__ Ah... Achei que fosse discutir de novo. __ Comentei meio sem graça baixando a guarda e ele riu nasalmente soltando meu rosto.

__ Dessa vez não, preciso de uma trégua.  __ Sorriu de lado e eu o acompanhei. __ Quer carona? O treino já acabou.

__ N-não, obrigada. Vou pedir um uber pra voltar, não se preocupe.

__ Marianna, nós vamos pro mesmo lugar. Larga de ser orgulhosa, eu só vou buscar minhas coisas e a gente vai.

__ Philippe, sério. Eu agradeço, mas não quero sua carona.

__ E por que você não quer a MINHA carona? __ Enfatizou o "minha" e eu apertei muito forte a palma da minha mão pra não revirar os olhos naquele momento.

__ Porque.eu.não.quero. A frase é bem autoexplicativa, agora, com licença... Preciso ir.

__ Para de ser infantil, Marianna.  Acabei de dizer que quero uma trégua com você.

__ Eu juro, que a próxima vez que você me chamar de infantil eu vou virar a mão na sua cara. Para de ser ridículo, porra. Eu não quero sua carona, eu não quero contato com você e eu não sou obrigada a querer, respeita a merda do meu espaço.

__ Por que você tem que ser tão cabeça dura?

__ Por que você tem que ser tão insuportável? __ Respondo no mesmo tom e o jogador revira os olhos. __ Larga do meu pé cara. __ Indaguei e segui caminho, mas me obriguei a parar quando a seguinte frase soou.

Reencounter | P. CoutinhoWhere stories live. Discover now