Capitulo 2: Verão

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  Já tinha chegado o Verão, o sol brilhava como nunca. Eu estava ótimo, continuava com meu trabalho de bibliotecário e sendo ajudado por Michelly. Estávamos um pouco próximos, já era de se esperar, trabalhávamos juntos, nos víamos todo dia e tinhamos gostos em comum. Logo que ela começou a trabalhar com a gente, falei sobre o dia que ela tinha vindo pegar os livros recém adquiridos pela biblioteca, mencionei o cartão que ela havia deixado cair, ela riu, se desculpou por ficar deixando as coisas dela caírem por ai, me lembrou que em seu cartão havia o número do telefone dela e perguntou se eu já o tinha anotado. Eu ri e disse que ainda não, mas se ela não se importasse, eu poderia fazê-lo ali, naquele momento.

Ela deu um sorriso e disse que, já que tinha pegado o número de telefone dela, nada mais justo que ela também pegasse o meu. Concordei e então também lhe passei meu número, após terminarmos de trocar os telefones, perguntei se ela costumava sair muito e se queria sair qualquer dia. Ela me disse que fazia pouco tempo que estava em Manhattan, ela era do Brooklyn, mas tinha decidido sair de lá e vir tentar a sorte em Midtown. Como era recém chegada, enfrentava o mesmo problema que eu, o de sair e fazer novas amizades. Mas disse que sim, toparia sair qualquer dia.
 
O que nos leva a alguns meses depois, no início do verão; quando no final do expediente, já perto de deixarmos o serviço, eu a convidei:

    -Ei, Michelly. Todas as tardes, depois do expediente eu vou passear no Central Park e de lá vou num bar, não muito longe da minha casa. O que acha de vir comigo?

    -Sim, claro! Gostaria muito de sair com você essa noite, deixe só eu pegar minha bolsa.

  Ela foi até os fundos da biblioteca, pegou sua bolsa e saímos pela frente. Fomos caminhando e conversando até chegar no Central Park, sentamos em um dos bancos de lá e ela começou a me contar um pouco mais da sua vida e o que a trazia a Manhattam.

    -Bom, já fazia três anos e alguns meses que eu morava sozinha, que tinha saído da casa dos meus pais. O Brooklyn é um bom lugar pra se morar, mas queria novos desafios profissionais, novas oportunidades. Lá eu morava num apartamento pequeno e trabalhava como garçonete em um restaurante simples, recebia menos do que gostatia e tinha minhas contas pra pagar.

    -Sim, eu entendo bem. - Eu disse.

    -As vezes eu dava uns cursos de informática, só o básico. O dinheiro que recebia, já ajudava com as contas.

    -Curso de informática? Você entende de computadores, programação e tudo mais?

    -Entendo um pouco. Só o suficiente pra saber o que estou fazendo e pra repassar esses conhecimentos.

    -Mas me diz uma coisa, você a Oldris... você morava sozinha não é mesmo? Como foi isso de vir morar com ela?

    -Eu e a tia Oldris, sempre mantivemos contato. Mais ainda depois que passei a morar sozinha, sempre nos falávamos. Quando decidi que viria para Manhattam, precisava de um lugar.

    -E claro, você pensou em vir morar com sua tia, aqui.

    -Na verdade, não. Não foi bem assim, em primeiro momento eu perguntei a ela se não sabia de algum apartamento ou condomínio de preço acessível que estivesse disponível, perto de onde ela morava. Ela disse que iria procurar se informar, mas pareceu não ter tido muito sucesso.
Entre uma conversa e outra, falei que tinha planos de vir pra Manhattam, mas ainda não tinha achado o lugar, a partir disso, ela me ofereceu um quarto em sua casa pra ficar até que eu conseguisse um bom lugar pra morar. Bom, eu aceitei e estamos aqui {risos}.

    -A Oldris é mesmo uma mulher incrível, mas como andam as buscas por um lugar só seu?

    -Tia Oldris é mesmo especial, não tem muitas outras como ela. Bem, sobre um novo lugar pra morar, ainda estou nas minhas buscas. Mas vamos falar um pouco de você Andrew.

    -De mim? O assunto estava tão bom, por que falar de mim? Não tem nada de muito interessante ao meu respeito pra se saber.

    -É claro que tem! Não se menospreze tanto assim, você é uma pessoa bem interessante Andy.

    -Se você diz, quem sou eu pra tentar dizer o contrário. Vou aceitar seus elogios, mas não tem muito sobre mim que vale mencionar.

    -Ah, para com isso. Vamos começar pelo mais evidente... você não é daqui, não é verdade?

    -Bem observado! Não me enganei quando achei que você fosse alguém muito atenta. Não, eu não sou daqui mesmo {risos}.

    -Ora, pois não faça mistério, me conte logo, de onde você é?

    -Sou de Londres, nascido e criado. Meu sotaque não nega.

    -Você tem mesmo um belo sotaque {risos}. De Londres, não é mesmo? E o que te trouxe até aqui Andrew? Por que veio de Londres para Nova Iorque, Manhattam?

    -Bom, em Londres eu era um jovem fascinado pelos livros, lia praticamente de tudo. Meu sonho era ser um escritor muito conhecido e bem sucedido. Vim a Nova Iorque, a terra das oportunidades para tentar realizar esse sonho.

    -Você escreve? Depois se importaria em me mostrar algum de seus trabalhos. Também sou apaixonada por livros, você já deve ter percebido.

    -Foi o que notei na primeira vez que nos falamos. Você veio procurar pelos livros que tinham acabado de chegar.

    -Sim, eu me lembro bem daquele dia. Estava esperando anciosa por eles. Pouco depois eu comecei a trabalhar com você e a Oldris.

    -Verdade. E então, como andam as leituras? Já leu os livros que pegou naquele dia?

    -Comecei, mas ainda não estou nem na metade. São longos, porém fascinantes aqueles livros.

    -Eu acredito. O que acha de daqui irmos ao bar?

    -Por mim, tudo bem. Adoraria que me apresentasse o lugar, mas vai com calma comigo, ainda sou nova por aqui {risos}.

  Levantamos, caminhamos um pouco e chegamos ao bar. Ao entrarmos, Gil parecia já estar a minha espera, veio até onde eu estava me cumprimentou e disse:

    -Finalmente você chegou! Vamos, preciso de um parceiro. Está vendo aquelas duas ali?

    -Sinto muito Gil, eu já vim com alguém.

    -Sério? Ah, não cara! Seja lá quem for despense-a e venha comigo.

Ele imediatamente mudou o tom quando viu Michelly, ficou boquiaberto e disse:

    -Opa, quem é essa gracinha? - pegou na mão dela e beijou dizendo: - Enchanté, Mademoiselle.

Depois perguntou me:

    -Ela está com você? Por que não me disse que era com ela que tinha vindo? Não a despense, pelo menos não até o final da noite. Você tem a sua, agora preciso achar a minha.
Ele virou-se para trás por um instante, tocou o ombro de uma bela moça em seu lado e perguntou:

    -Com licença, você aceita que eu lhe pague uma bebida.

Ela respondeu:

    -Isso seria muito gentil da sua parte, eu aceito.

    -Ótimo, venha sente-se com a gente.

Sentamos em uma das mesas e começamos a conversar.

O Sol na minha janela Where stories live. Discover now