Capítulo 6: Como um mês só nosso - parte 3

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Elas três levantaram e se abraçaram. Deram um abraço bem forte e riram pelas novidades. Voltaram à mesa, sentamos e terminamos o jantar. Assim que terminamos o jantar, Mia pediu para ir pro seu quarto, sua mãe deixou e ela nos arrastou junto. Pegou minha mãe e a de Michelly e nos Guiou até o quarto. Lá tinha muitos brinquedos, muitas bonecas, desenhos pregados nas paredes e uma TV bem grande. Ela nos sentou na cama, pegou seu brinquedos e começou a nos mostrar. Tinham várias coisas, desde pequenos instrumentos musicais de plástico, até miniaturas de animais, bichinhos de pelúcia e varinhas mágicas também de plástico. Uma delas tinha sido até Michelly que tinha dado para Mia no seu aniversário de quatro anos, junto com um vestidinho com asinhas de fada.

Era uma fantasia de fada madrinha que ela tinha comprado especialmente para sua irmãzinha. Michelly tinha um grande amor por Mia. Apesar de não serem filhas do mesmo pai; Mia era filha do segundo relacionamento de Vivian, depois do pai de Michelly e de Phil, isso não as impedia de serem grandes irmãs. Elas eram muito unidas, muito carinhosas uma com a outra. Mia contava tudo para Michelly e Michelly, contava tudo para Mia no jeito mais puro e inocente possível. Michelly era uma grande irmã, não só no tamanho. Ela era mesmo incrível, o talento, o tato que ela tinha com as crianças, me fazia admirá-la ainda mais. Se fosse da sua vontade, ela seria uma ótima mãe, um dia. Brincamos junto com Mia até por volta das dez, quando ela começou a ficar com sono e dormiu. Eu e Michelly organizamos o quarto, estava meio bagunçado. Cobrimos Mia e demos um beijinho de boa noite nela e fomos para o quarto que estava a nossa espera. Tomamos um banho, trocamos de roupa e estamos na cama olhando pro teto. Ficamos em silêncio alguns minutos, somente com nossos pensamentos.

Passado alguns minutos, Michelly quebra o silêncio dizendo:

-Dá pra acreditar? Minha mãe vai ter outro filha...

-Está feliz em saber que vai ter uma nova irmãzinha? Agora Mia também vai ser irmã mais velha de alguém.
-Feliz? Sim, estou. Mas não pensei que fosse possível. Também não é como se fosse impossível. Mas minha mãe já passa dos quarenta, nessa idade a é gravidez de risco. E pelo que sei, ela não está muito bem.

-É mesmo? O que ela tem? Foi por isso que vinhemos tão repentinamente?

-Sim. Foi por isso que logo vinhemos. Bom, não sei o que ela tem, porquê não me contou nada. Fiquei sabendo por Henry. Ele me ligou uma noite, perguntou como eu estava, como estava sendo em Nova Iorque e conversamos. Perguntei como estava a mamãe e ele disse que ultimamente não estava muito bem. Ela falava muito em mim e que seria bom que vinhesse a qualquer dia fazê-los uma visita.

-Não deve ser nada sério. Talvez ela não estava se sentindo bem porquê eram os sintomas da gravidez aparecendo.

-Eu espero que não Andrew. Tive e tenho minhas diferenças com minha mãe, mas ela ainda continua sendo minha mãe e a amo. Mia precisa dela mais que qualquer um e o bebê que vai nascer também, e bom, eu também preciso dela aqui.

-Vai ficar tudo bem, você vai ver.
Agora por que não me conta a história daquele pônei na fotografia de mais cedo? Aquele pônei era seu? Você costumava andar de pônei? Uau, não sabia que você era esse tipo de garota.

-Aquele pônei era Sir Lancelot. Era de um grande amigo do meu pai. Um dia, era terça pela manhã. Todas as grandes histórias começam numa terça de manhã, não é? {Risos}. Meu pai e eu tínhamos saído de casa. Ele tinha acabado de ter uma discussão com a minha mãe. Ele não disse nada, até tentou esconder, queria me proteger de tudo, mas eu ouvi a discussão toda atrás da porta do meu quarto. Ele veio até o quarto, eu corri pra cama, deitei, fechei os olhos, me cobri e fingi que estava dormindo. Ele sentou na ponta da cama, colocou a mão na minha testa, afagou meus cabelos e deu um beijinho em minha testa e nariz, assim como faço com Mia. Eu acordei e disse: "papai" e o abracei. Ele disse: "filhinha, eu não queria acordar você. Só vim ver como estava antes de sair". Perguntei: "Sair pra onde papai?". Ele respondeu que iria pra casa de um amigo e passaria dois ou três dias lá. Perguntei onde era e se poderia ir junto, ele sorriu, baixou a cabeça e pensou um pouco. Depois de pensar, ele disse que estava tudo bem. Eu saltei da cama e o abracei, eu estava feliz da vida de sair com meu pai. Ele mandou eu me arrumar e comer alguma coisa, ele me esperaria no carro. Assim eu fiz, coloquei uma roupa bem bonita, aquela que você viu na foto. Peguei uma mochiliha de rodinhas, coloquei mais duas ou três roupas, um livro e uma Barbie. Descia as escadas, fui até a cozinha e tomei um copo de suco com quatro fatias de pão de centeio, creme de amendoim e geleia de uva. Me despedi da minha mãe, ela me deu um beijo e perguntou onde ia com tanta pressa. Respondi que iria sair com o papai, íamos a algum lugar, mas seria bem divertido. Minha mãe disse que estava tudo bem eu ir e falou pra mim me comportar, eu ri e disse que não precisava se procupar. Entrei no carro e dirigimos alguns quilômetros até chegarmos numa linda fazenda, que esta era de um amigo do meu pai, Jonah. Eles eram amigos desde a infância, cresceram juntos. O pai de Jonah tinha falecido quando ele ainda era jovem, mas deixou uma grande herança em dinheiro, bens e terras, inclusive aquela fazenda. Quando meu pai estava se sentindo só e precisava de um amigo, ele recorria a Jonah e vice-versa. Eles tinham se falado alguns dias atrás e Jonah o tinha convidado a ir qualquer dia visitá-lo em sua fazenda e passar alguns dias. Meu pai aproveitou que já estava querendo sair de casa, devido às discussões com a minha mãe e foi visitar seu amigo, me levando junto. Passamos uma tarde inteira na fazenda, passeando por ela, brincando, colhendo frutas direto do pé e a noite, dormimos em um dos quartos da fazenda. Tinham em média, quatorze quartos naquela fazenda. Ela era bem grande. No dia seguinte, passeando pelo campo, dei de cara com Sir Lancelot e foi amor a primeira vista.

-É bom saber que seu primeiro amor foi um eqüino. Melhor dizendo, um pônei. - Eu disse.

-Meu primeiro amor ha ha! Ele foi meu grande amor, mas a relação entre nós não deu muito certo. Mesmo assim, ainda não o esqueci e talvez nunca esqueça.

-Será que eu posso competir com isso?

-Você pode tentar, lindinho. Mas voltando ao que eu estava dizendo. Fiquei gamada naquele pônei. Jonah disse que tudo bem eu andar um pouco nele, e os últimos dois dias, foram dedicados a me ensinar a montar um pônei. No último dia é que tiramos essa foto, depois voltamos pra casa. Ainda visitamos Jonah algumas vezes, mas não era tão frequente nossas idas lá e depois que meus pais se separaram, nunca mais vi Jonah ou Sir Lancelot.

-É mesmo uma pena, sinto muito.

-Tudo bem. Eu sabia mesmo que não daria certo. Afinal, eu sou uma pessoa e ele um pônei. Como isso iria funcionar?

-Você tem razão. Mas veja pelo lado bom, agora você tem a mim. Sou muito melhor que um pônei, não sou?

-Bom, você é muito esforçado.{Risos}.

-Engraçadinha. Agora me tira uma dúvida, como era mesmo o nome do seu pai?

-O primeiro ou o segundo nome?

-Ele tem dois? Será que tem alguém que a gente conheça que não tenha dois nomes próprios?

-Tem. Minha mãe. Ela chama só Vivian mesmo.

-Tudo bem, você diz as iniciais e eu tento adivinhar os dois nomes, pode ser.

-Tudo bem. D e A.

-D e A.... Daniel Alan?

-Não.

-Dylan Alan?

-Não.

-David? David Alan.

-Não. Na verdade sim. Espera. Você acertou, mas só metade. Acertou o primeiro.

-Um a menos. David Alex?

-Não.

-David Adam?

-Não, tá muito frio.

-David Anthony?

-Também não. Acho que vamos passar a noite inteira assim.

-David Andrew? Ele teria o mesmo nome que eu?

-Não. Vou te dar uma dica. David Ale...

-David Alejandro?

-Não, mas tá mais perto agora.

-Alerrandro?

-Não Andrew. Meu Deus!

-Alexander?

-Sim! Isso! Ufa!

-David Alexander, então?

-Exato. Finalmente hein?! David Alexander é o nome do meu pai.

-É um nome muito bonito.

-Eu sei... hoje foi um dia longo, se importa se eu dormir um pouco? - Perguntou Michelly, deitando a cabeça em meu peito.

Beijei sua testa e desejei que ela dormisse bem. Pegamos no sono, pouco tempo depois já era manhã. A mãe de Michelly veio e nos acordou.

-Crianças, é hora do café. Acordem.

O Sol na minha janela Donde viven las historias. Descúbrelo ahora