Capitulo 2: Verão - parte 4

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Gil, então me chama pra perto e diz:

    -Olha, eu não tenho certeza se isso foi uma boa idéia. Talvez devessemos ir pra casa, olhe, ele está demorando muito. Vamos.

Perguntei:

    -Mas o que é isso? Você por acaso está com medo?

    -Medo? Eu?? Nada disso, eu não tenho medo de nada e certamente não tenho medo de dentistas e agulhas, e aquele motorzinho que faz um barulhinho assim...

    -Tá bom, Gil. Relaxe, isso não é nada de outro mundo. Ela só vai olhar seus dentes e se for preciso extrair, ela vai aplicar anestesia. Fique calmo.

Foi então que um doutor chegou, pegou a prancheta, olhou e disse:

    -Vamos lá, deite-se aqui e relaxe. Vamos ao trabalho.

Gil saltou para detrás de mim e disse:

    -Pra trás homem! Gil, mantenha esse Dane Cook, Charlie Logan de "Maldita sorte", longe de mim e dos meus dentes.

O homem respondeu:

    -Ah, não. Não sou eu quem vai cuidar dos seus dentes, apenas vim prepará-lo para a Doutora.

Logo o semblante de Gil muda e muito empolgado ele pergunta:

    -Doutora? É uma doutora? Você ouviu Gabb? Uma doutora. A barra tá limpa, vamos ficar aqui e esperá-la.

  Ela chegou, Gil deitou naquela cadeira de dentista e ela começou a trabalhar. Enquanto colocava um espelhinho dentro da boca de Gil, ele aproveitava para sondá-la e tirar todo tipo de informações possíveis, desde o nome, sobrenome, endereço, telefone, até o que ela estava vestindo por baixo. Pensando alto ele disse:
-Agora, eu queria ser Dane Cook! E você com certeza seria minha Jéssica Alba, naquele filme recém mencionado.
Ela gentilmente pediu:

    -Sr. William, por favor. Não mexa tanto a boca, preciso ver como está o seu dente.

  Ele parou de falar por alguns minutos, possibilitando que a doutora fizesse o trabalho dela. Ao terminar, ela pegou uma seringa e disse que estava na hora da anestesia, vi os olhos de Gil encherem de água, foi a primeira vez que quase o vi chorar. Ela aplicou a anestesia e Gil segurou bem o choro, ela foi pegar os instrumentos para extrair o dente de Gil. Pedi a ela que sutilmente ligasse aquele "motorzinho" perto de Gil, a tal "Caneta de alta rotação", como ela mesma disse. Então ela o fez e ao ligar aquele motor perto dele, ele quase salta da cadeira, eu e o outro doutor que tinha vindo antes para prepará-lo, o seguramos até que a anestesia fizesse efeito e ele dormiu. Todo processo foi feito enquanto ele dormia, seu dente foi extraído de modo seguro e com perfeição, quando ele acordou ainda meio desorientado, só tinhamos eu e ele na sala. Gil pula da cadeira, agarra meu braço e corre enquanto me puxa dizendo:

    -Vamos Gabb, vamos dar o fora aqui antes que aquela maluca volte. De jeito nenhum que vou deixar ela encostar nos meus dentes. Prefiro ficar como estou.

O parei, o acalmei e disse:

    -Tudo bem, como você quiser. Mas fique sabendo que ela já extraiu seu dente, já acabou, Gil.

Ele ficou sem entender, perguntando:

    -Mas como? Quando?

    -Ela aplicou a anestesia e o extraiu enquanto você dormia.

    -Aproveitadores! Por que deixou que me fizessem isso enquanto eu dormia. Ou melhor, o que mais deixou que fizessem comigo, enquanto eu dormia.

-Nada, Gil. Foi só isso mesmo, extraimos seu dente.

O Sol na minha janela Onde as histórias ganham vida. Descobre agora