Capítulo 7: De volta ao lar - parte 2

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Michelly e eu sentamos em um banquinho e ela começou a dizer:

    -Está vendo aquele casal de velhinhos?

    -Sim, claro. O que tem eles?

    -Um dia poderíamos ser eu e você. Já pensou nos daqui a cinquenta anos?

    -Eu teria setenta e seis anos e você...

    -Eu teria setenta e quatro. Seríamos eternos jovens, mesmo que ainda velhos e desgastados pelo tempo. Eu tenho a alma jovem e isso não mudará, nem mesmo com a idade avançada.

    -E quem não tem uma alma jovem?

    -Você.{Risos}. Você tem alma de um velho.

    -Eu? Mas por que? Eu curto as mesmas coisas que você, fazemos as coisas quase do mesmo jeito e temos uma forma de pensar bem parecida.

    -Não me leve a mal. Não falo que você tem a alma de um velho como ofensa. Mas é que você fala das coisas com tanta propriedade, age com tanta maturidade e sabe sempre as coisas certas, no momento certo a dizer. É como se você vivesse ananoà frente, como se tivesse bem mais idade do que aparenta. Você seria um velho bem sábio.

    -Tipo Saruman? Quer saber, eu não gosto muito dele. Melhor, tipo o Gandalf? Gandalf: O Branco. Seria uma boa.

    -Eu Pensei em algo menor. Tipo o mestre dos magos.

    -Sério que vai me comparar com um anão de vestido que ainda por cima e calvo?

    -Não me julgue. Ele é bem sábio.

    -Queria ver se você me acharia sábio ou divertido se só falasse com você em enigmas.

    -Experimente.

    -Segure minha mão. - Peguei a mão dela e disse. - A besta nem sempre tem chifres, garras e presas, e rugi feito leão. As vezes ela é bela, faz constatações espertas e segura em sua mão.

    -Que tipo de enigma é esse? Tá achando que eu sou besta.

    -Resolveu o enigma! Agora culpe o Mestre dos magos em meu lugar.

    -Ha ha, muito engraçado. Mudando de assunto... Já desconfia do que possa ter no bar a nossa espera.

    -Talvez uma Junkbox nova ou um dançarina exótica, afinal, estamos falando do Gil. -Essa curiosidade está me matando. Vamos lá pra tirar isso a limpo de uma vez.

    -Vamos.

  E fomos, caminhamos por aquelas mesmas ruas, confesso que senti falto desse trajeto, dessa rotina no mês em que estivemos fora. Logo chegamos no bar e eles estavam a nossa espera. Estavam todos juntos na frente da mesa, mal conseguíamos ver o que tinha atrás deles, então eu perguntei:

    -Qual era a surpresa? O que tem de novo por aqui? Pra mim, parece o mesmo lugar de quando saímos.
Ele disse:

    -Vejam por vocês mesmos. - E devagar eles se afastaram revelando o que tinha atrás deles.

E o que tinha atrás deles era nada mais, nada menos que uma placa que dizia: Mesa dos quatro mosqueteiros e das três mosquetes. Eu achei aquilo incrível. Tinha sido uma das últimas piadas que tínhamos feito antes de sair por um mês para visitar a mãe de Michelly. Eles transformaram uma pequena e boba piada, em uma coisa maior. Em um cartão de identificação nosso, em uma assinatura, em uma placa. Aquele momento era grande, e foi maior depois do discurso que fizemos. Começou por Noah.

    -Olha gente, é um prazer estar reunido aqui mais uma vez com todos vocês. Essa não é a primeira vez que nos encontramos aqui e eu sinto em meu coração que não será a última. De todos os lugares possíveis, de tantos lugares incríveis em Manhattam, escolhemos este e fizemos a nossa casa. Esse é nosso lugar e essa placa testifica isso. Não importa o quão longe vocês forem, sempre encontraremos casa no coração uns dos outros e qualquer bar nos fará lembrar de casa. - todos aplaudimos.

Foi a vez de Hellen:

    -Nosso verdadeiro lar, é onde está o nosso coração e acredito que eles estão todos juntos agora. estão e estaram uns com os outros. Mesmo que cada um de nós esteja nos quatro cantos do mundo, separados. Nossos coração estaram juntos aqui. - Aplaudimos de novo.

Agora era a vez de Oldris:

    -Oh, meu Deus. Eu não sei nem o que dizer, mas vamos lá. Todos aqui falaram de um lar e do coração, talvez eu devesse ou pudesse falar algo sobre. Mas acho que a amizade entre duas ou mais, é uma coisa muito linda, a amizade que temos é como uma chama acesa que o vento, a distância ou tempo não pode extinguir. Aonde quer que cada um de nós formos, a amizade e sentimento permanecerá. Enquanto estivermos no coração uns dos outros, sempre teremos uma casa pra voltar. - Uma salva de palmas para Oldris foi dada.

Gil também teve sua vez:

    -Como começar essa história? Bom, sinceramente eu não sei, mas Gabb! Gabb! Tudo começa com Gabb. Foi esse cara que nos uniu aqui até os dias de hoje. E não acho que seja acaso ou mera coincidência, acho que tem um sentido maior, talvez seja algo até profético. Quem sabe Gabb não é uma espécie de messias das Américas. Sendo bem sincero... alguém me segura que eu vou cair... sendo bem sincero... ai meu Deus, eu vou muito chorar. Volta lágrima teimosa, volta! já mandei você voltar! Com toda a minha sinceridade gente. Acho que foi o tempo e as circunstâncias que nos uniram e nem elas mais podem nos separar. Fazer o que? Somos todos ligados e interligados. Enquanto nossos corações estiverem interligados, estejam onde estivermos, estaremos mais que juntos. - Mais aplausos para Gil.

E chegou a vez de Bob.

    -Bom, casas... casas e corações. Como já foi dito, nosso lar é onde o coração está e ele está aqui, nesse ambiente, está conosco um com os outros. Nosso lar é aqui e em qualquer lugar do globo, quem faz o lugar são as pessoas e com certeza, vocês são as melhores pessoas que conheci. Enquanto estivermos juntos, nada, nem ninguém poderá nos separar. Um brinde a casa e que tenhamos sempre um lugar pra voltar.

  Ao final dos discursos, não só nós como também o bar inteiro estavam aplaudindo, batiam palmas e assobiavam. Garry veio e disse que a partir daquele dia, aquela seria a nossa mesa. Sempre que viessemos, podíamos sentar ali. Quando Carl veio e disse isso, me toquei de que eu e Michelly não sabíamos como eles tinham conseguido aquilo, aquela placa. Então eu parei e perguntei para Gil:

    -Isso foi realmente muito incrível. Mas quando? Como? Por que?

    -Ah, eu mesmo. Esqueci de contar pra vocês, mas estava guardado pro final. Melhor sentar... é uma longa história.

    -Já estamos sentado.

    -Foi mal, é a força do hábito.

    -Tudo bem, então comece. Ainda é cedo, temos tempo.

    -Bom, fiz uma oposta Garry. Era uma coisa simples e apostamos que se perdesse, faria uma faxina geral no bar e na casa do Garry por um mês e no caso de eu ganhar, ele deixaria uma mesa reservada só pra nós para toda vez que viessemos e colocaria na parede sobre a nossa mesa, uma placa dizendo o que eu escolhesse. Como podem imaginar, o ganhador fui eu, por isso a placa.

    -Só isso? Essa é toda a explicação.

    -Bom, é. Ela parecia bem mais comprida na minha cabeça.

    -Isso ainda não responde o porquê. Por que a placa?

    -Ah, sei lá. Eu gosto de placas e pensei que seria legal uma placa com algo nosso.

    -É foi bem legal mesmo.

O Sol na minha janela Onde as histórias ganham vida. Descobre agora