CAPÍTULO II - Parte 2

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Jules as levou para a casa de Francesca, em uma humilde residência no campo. O casebre era de grande simplicidade, mas que não tirava o ar da graça daquele lar tão aconchegante e cuidado com muito carinho. A vegetação que o cercava trazia uma deslumbrante brisa fresca. As irmãs Lefebvre maravilharam-se com a recepção calorosa de Dona Francesca e sua família, constituída por seu esposo Osíris, e suas três filhas Natalie, Eloise e Izabele. Os Fontaine eram muito receptivos, porém deixaram bem claro que em sua casa ninguém teria mordomia, e que todos teriam que honrar suas obrigações. Annelise considerava aquilo muito justo já que estavam num tempo que nem as pertencia, entretanto foram acolhidas de tão bom grado por aquela gentil senhora.

— Natalie, mostre-lhes o quarto. — ordenou Francesca para sua filha mais velha.

Oui maman! Acompanhem-me meninas! — Chamou-as uma jovem loira e formosa.

As irmãs Lefebvre a seguiu, rapidamente chegaram ao cômodo. Era grande o suficiente para caber todas as irmãs Fontaine, porém pequeno para abrigar mais duas. Annelise sentiu-se incômoda, tiraria o pouco conforto que aquela família tinha.

— Por favor, não repare! Nosso quarto não é dos melhores, mas é o máximo que podemos ter. — disse Natalie envergonhada. Não fazia idéia se, antes, as irmãs Lefebvre possuíam um quarto simples como o delas.

— Não te preocupes! Nunca fomos afeiçoadas ao luxo. — Anne sorriu acompanhada de sua irmã.

— Permita-me duvidar, já que afirmo com grande certeza, que todas as jovens se afeiçoam ao luxo. — sorriu — Eu e minhas irmãs costumávamos admirar as jóias e a carruagem da Rainha Charlotte, pobre alma. Sua morte não justificou tanta magnificência, não pode levar nada com ela. — brincou sentando-se na beira de sua cama.

— Entretanto, e agora, o Rei procurará uma nova Rainha para desposar? — indagou Cecili, com receio de ter falado algo errado. Em História nunca foi boa, mas no português, teve suas boas notas.

— Descreio que isso sobrevenha tão cedo. Há boatos de que Vossa Majestade está em profunda tristeza, mal come e bebe. Seus servos, de todos os títulos, estão trabalhando o dobro nos negócios da Corte e da França. Nem sua mãe consegue animá-lo.

— Pobre Rei! — afirmou Cecili com tristeza.

— Decerto! A Rainha Charlotte era ótima, espero que Vossa Majestade encontre uma esposa a altura.

Annelise calou-se e ficou a observar as duas jovens conversar. Natalie era a mais velha das irmãs, assim como ela. Doce, gentil e ambiciosa, pode-se perceber. Ela e Anne com toda certeza seriam grandes amigas. A moça começava a se desesperançar na volta para casa. Por mais que fosse comprovada sua volta, independente de data ou maneira. Talvez o L'époque tenha dado defeito lá também, era o que pensava constantemente. Paul estaria se encarregando de salvá-las, disso ela tinha muita confiança, nem que o amigo precisasse contar para o tio. Deixou os pensamentos de lado e continuou a observar as duas jovens que agora riam do motivo no qual ela não fazia idéia. Natalie tinha a pele clara e as bochechas rosadas. O cabelo loiro e ondulado caia de sobre seus ombros. Era bela e prendada, assim como ordenava o estereótipo da época.

•••

O leito do Rei da França, Louis Rousseau, permanecia intacto, percebia-se em sua face, principalmente debaixo de seus olhos, o motivo. Estava cansado, chateado, amargurado... Difícil explicar, contudo, pelo modo que Louis encarava o quadro de sua Rainha Charlotte, descrever-no-iam como um moribundo. O Duque de Lisieux, Pierre Thouars, e melhor amigo do Rei, providenciava toda noite uma dama diferente para agradá-lo, porém Louis as mandava de volta aos seus aposentos. E só não as punia, por apareceram sem serem intimadas por sua Majestade, porquanto iam a mando de Pierre. E seu apreço para com sua Graça, ainda era de tamanho infindável.

L'ÉPOQUE - O Relógio do Tempo (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now