Nos corredores do Palácio, Louis caminhava em direção a sala de Reuniões com seus conselheiros e dois guardas que o seguiam. John atrapalhava-se com os vários papéis amontoados sobre os braços. Tentava seguir os passos apressados do Rei.
Chegando a sala os vários conselheiros estavam assentados ao redor da grande mesa. Louis foi direto a cadeira maior na extremidade da mesma. Todos o reverenciaram. O chanceler espalhou os papéis que carregava.
— Majesté, o Rei de Portugal pretende nos visitar para tratar sobre a expansão comercial na França. — disse atrapalhado.
— Faz muito bem. Também pretendo expandir o comércio francês nos arredores de Portugal. — comentou Louis satisfeito. No entanto ele era um dos únicos que aprovavam a ideia. O burburinho começou. A maioria dos secretários e conselheiros não gostariam de fazer um acordo com os portugueses. Um dos secretários fez menção de falar algo, e o Rei silenciou o resto da sala.
— Vossa Majestade, perdoe-me, mas não tem cabimento algum. Os portugueses não são confiáveis. São fominhas ao extremo, exploram o Brasil de forma mesquinha.
— Sem contar com a quantidade de escravos. Aquilo é um matadouro. Minhocas nojentas! — intrometeu-se outro conselheiro.
— Como se vós não fossem tão estúpidos quanto eles. — vociferou Louis fazendo com que os demais abaixassem a cabeça. — A quem querem enganar? Faça-me o favor! Artois e eu decidimos que, haverá sim uma união comercial entre a França e Portugal. Mostre-nos as vantagens Monsieur Artois. — alguns bufaram baixo com a pronúncia do nome do Chanceler.
— Bem, o país crescerá significantemente na economia agrícola. Principalmente na área artesanal. A maioria dos países da Europa já começaram a expandir seus comércios, e estão muito a frente de nosso país. Com a união da economia de Portugal, formaremos um time único contra os outros países. A Suécia continuaria com o tratado juntamente a Holanda. A economia dos dois países, mesmo juntos, não teria a força que Portugal e França possuiriam. — explicou Artois.
— Por causa do Brasil que agora está nas mãos dos portugueses. — manifestou-se o duque Pierre, concluindo o pensamento do chanceler.
— Tudo bem, mas e se o Rei de Portugal não cumprir com o acordo de união e iniciar uma pilhagem contra a França, assim como está fazendo com a Ilha descoberta? — indagou o primeiro secretário.
— Se o acordo for quebrado, invadiremos a "Ilha de Vera Cruz". — afirmou Louis com naturalidade, referindo-se ao Brasil, país que estava em época de colonização nas mãos dos portugueses. — Lá a exportação de açúcar chega a ser muito maior do que a de especiarias em Portugal.
Não era à toa o desejo de Louis em unir os dois países. A vinda do comércio português amenizaria os impostos da França, facilitando para o povo, e não era só isso. Seu olhar já havia passeado muitas vezes por pinturas da ilha descoberta pelos portugueses, o Brasil. Lindo e cheio de riquezas inimagináveis. Era um olhar de inveja. Sabia que no primeiro deslize do jovem Rei de Portugal, teria motivos o suficiente para iniciar uma guerra sangrenta a fim de tomar-lhes a "terra das delícias".
Terminando a reunião, Louis permaneceu ali na companhia de Artois e o seu intendente — agente do rei responsável pelos tributos do reino. — Os outros foram saindo, alguns bufando, ainda não concordavam com a união, outros só comentavam sobre o mesmo. Pierre também saiu, mal suportava encarar Artois e seu cabelo lambido.
Despedindo-se dos demais conselheiros encaminhou-se para a cozinha do Palácio, sentia-se faminto, e o jantar ainda demoraria a sair. O cômodo era quente, por causa das grandes fornalhas acesas que preparavam os alimentos. As grandes mesas estavam repletas de ingredientes, desde alfaces até temperos caseiros e patos depenados. Ao avistarem o duque, três jovens postaram-se diante dele juntas. Sorrisinhos abafados brotavam em suas faces. Elas vestiam aventais. Pierre não pode deixar de devolver-lhes o sorriso. Doce e afável, por trás, um conquistador barato. Pediu-lhes que lhe servissem algo para comer, as jovens, é claro, foram de imediato, nenhum afazer anterior tinha mais importância que aquele, para elas.
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L'ÉPOQUE - O Relógio do Tempo (CONCLUÍDA)
Historical FictionAs irmãs Annelise e Cecili Lefebvre viviam no século XXI. Perderam os pais há sete anos e desde então moravam com os tios. Uma vida normal e regada por uma enorme saudade de seus pais. Até o dia que tudo mudou e um amigo lhes apresentou um objeto es...