CAPÍTULO XIV - Confesser et commettre dês péches

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Maximillienne ainda chorava a morte de Thomas, e também pelo futuro casamento de Pierre. Tinha tudo sob controle e perdeu num piscar de olhos. Nem filho tinha, por sua própria ignorância. Sabia que, por causa de sua traição, não poderia mais casar-se novamente. Pelo menos não se alguém soubesse de seus delitos. Mas como viver com o arrependimento e culpa lhe corroendo? Decidira se confessar, assim, cumpriria parte de seus pecados.

Ajoelhou-se já dentro do confessionário pequeno e fechado. Do outro lado estava o Cardeal Firnst, pronto para ouvi-la. Sua estadia na França se estendera, a pedido do Rei.

— Vossa Eminência Reverendíssima! Almejo me confessar. — Clamou, angustiada.

In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti. — Murmurou em latim, recebendo um doce e fraco "Amen" de Maximillienne. — O que te afliges minha jovem?

— Eu pequei Senhor. Sou uma asquerosa pecadora. E nada do que fiz tem perdão, mas preciso pagar com arrependimento e dor.

— Seja específica minha filha, o que fizestes? — indagou languidamente.

— Deitei-me em cama diferente, por demasiadas noites. — Ela pausou nervosa. O Cardeal tinha seus olhos amenos. Olhos que a jovem não podiam apreciar. — Abortei meus três filhos, e menti ao meu falecido marido, que morreu sem me perdoar por tudo que fiz.

— Adultério e assassinato minha jovem! — exclamou com olhos arregalados. Em seu pouco tempo de Cardeal, jamais tinha ouvido confissão tão pecaminosa. — Não há perdão para algo tão cruel, mas quem sou eu diante de Deus para perdoar-lhe? Vá, e santifique-se. Deus há de encontrar misericórdia, se assim tu o implorar.

— Não buscarei vossa Eminência. E como já estou no poço, afundar-me-ei mais. Já peço perdão pelo meu próximo pecado. Creio que, infelizmente, não terei como voltar.

— Filha! Que Deus a tome em Suas mãos, seja lá o que pensa em fazer, jovem. E não cometa nada, que possa prejudicar sua alma.

— Prejudicá-la mais? Não me importo com o que vem pela frente, já que de todas as maneiras arderei no fogo do mais profundo inferno. — cuspiu as palavras com rancor. O cardeal fez o sinal da cruz, enquanto via Maximillienne despedir-se sem mais uma palavra.

Pela noite, a Corte estava em festa. Comemoravam o noivado do jovem Duque Thouars com a doce Dama Lefebvre. Enquanto Louis apreciava de longe a postura de Annelise perante os convidados. Era doce de vista, e sua educação beirava a perfeição, assim como a beleza estonteante. Os olhos azuis chamavam pelo mesmo mar de águas cristalinas do Rei. Algo que o fazia ficar em chamas. Ela o atraia mais do que podia imaginar. Até mais que a Rainha Charlotte, também dona de curvas e beleza inadmissível entre as mulheres do século.

Preparara uma surpresa para aquela noite. Já estava tudo organizado, e somente Artois sabia de suas pretensões. No entanto aproveitou a deixa do noivado, e uniu o útil ao agradável. Ou seria o contrário?

Ainda diante de seu trono, levantou-se erguendo sua taça de ouro. O mesmo gesto certeiro que fazia com frequência em seus discursos. Todos se calavam imediatamente, com sorrisos e falsas expressões. Louis pigarreou e deu início a sua falação.

— Aqui estou eu, novamente. Como não me pronunciar diante do noivado de meu melhor amigo? — Pierre sorriu ao longe, tendo Cecili acolhida ao seu lado. — Acredito que todos estejam abismados e estarrecidos com tal notícia, o nosso galanteador finalmente entrelaçou seu coração ao de alguém. — Risadas ecoaram pelo salão. — Lady Cecili, obrigada por mostrar ao nosso Duque o respeito, a responsabilidade, e mais ainda o motivo de sorrir. E obrigada muito mais, pela distração, adoramos ver Pierre ficar vermelho com as minhas palavras. — mais risadas surgiram, observando o duque enrubescer. — No entanto, essa é uma noite especial, não só pelo mais novo casal prestes a ir às núpcias. É uma noite peculiar, porquanto tenho o desejo incontido de honrar uma pessoa.

L'ÉPOQUE - O Relógio do Tempo (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora