CAPÍTULO VI - Parte 2

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— Seu conselheiro não lhe ajudará nesse jogo, Majesté! — ironizou Thomas sobre o conselheiro que ficava ao lado do Rei no tabuleiro de xadrez. Era um dos amigos do Rei. Fazia parte do grande grupo de mensageiros de Louis. Alto, olhos claros, sorriso amarelo. Sempre mais reservado.

— Thomas, Thomas, se eu não te conhecesse, diria que estás comentando muito mais do que um simples jogo. — brincou, movendo seu bispo adiante. — Como está sua esposa?

— Um pouco abatida, mas vai passar. Não é a primeira vez que perdemos um filho, sinto que nunca poderemos ter. Deus sabe de todas as coisas. — respondeu tristemente, movendo a torre.

— Claro que poderão! Charlotte é quem não podia ter. Não desanime, é muito pior quando se é um Rei. — Louis sempre fora bem passivo com os amigos. Encarou o tabuleiro movimentando seu peão capturando uma das peças de Thomas.

— Imagino. Pensa em casar-se novamente, Majesté? — Louis estava hesitante, preferia não falar sobre isso agora. Thomas tomou o silêncio como resposta.

— Xeque mate. — Louis sorriu arqueando as sobrancelhas.

— Pierre Thouars, o Duque. — Anunciou um dos guardas na porta da saleta. Louis assentiu, permitindo a entrada do amigo. Pierre curvou-se em sua presença ao adentrar o ambiente.

— Pierre, Pierre! Que ânimo é esse estampado em sua face? Quem é a Dama? — sorriu e Thomas o acompanhou.

— Por que sempre achas que tem mulher no meio? — indagou inquieto.

— Porque eu te conheço melhor do que qualquer homem, meu amigo. — Gargalharam.

— Vou levar isso como um ótimo comentário. Lembra-se da moça que eu lhe disse? — o Rei assentiu — Ela está na Corte! Tu a convidaste para ser uma das Damas!

— Convidei? — e num súbito pensamento... — Lady Anne?

— Não! Sua irmã, Cecili. Acho que outra pessoa aqui já tem Lady Annelise em mente. — disse Pierre contente. Louis revirou os olhos.

— Não sou o único a tirar conclusões precipitadas.

— Presenciando a conversa, me pergunto se um dia ainda verei alianças em vossos dedos. — comentou Thomas, ainda sorrindo.

— Caro, Thomas, cadeados foram feitos para prender celas, não a mim. Já Vossa Majestade sempre teve uma chave escondida pra abrir a sua própria. — dessa vez foi Pierre quem se manifestou, referindo-se a alianças.

Os três continuaram conversando e jogando. Thomas Laforet, na maioria das vezes estava junto a Pierre e Louis. Os três eram amigos inseparáveis, claro que, ele sempre fora mais reservado. É casado com Maximillienne Laforet, também amiga de Elizabeth, assim como era próxima da Rainha Charlotte. Thomas era fiel a sua esposa, diferente dos amigos, sempre há um para fazer a diferença.

No fim da tarde, Louis sentia-se entediado, então resolveu dar uma volta no interior do Palácio. Dois guardas fizeram menção de acompanhá-lo, assim como o camareiro, mas ele os rejeitou. Todos temiam pela vida do Rei, porém o mesmo sempre achou tanto cuidado desnecessário, estava no próprio Palácio. O corredor estava sem movimento algum, exceto por, a cada dez passos dois guardas se curvavam perante ele. Mais a frente pode ouvir um cantarolar baixo, ele sabia que era uma das Damas de sua mãe, e seu coração começou a exigir que fosse Annelise, jamais esquecera os olhos. Contudo, desanimou-se ao ver a moça. O desânimo sobreveio por não ser Anne, mas não podia deixar de notar a beleza da jovem que ali se encontrava. Desde o dia da seleção admirou tamanha beleza. Natalie colocava xícaras de prata sobre a bandeja. Acabara de servir Elizabeth, no entanto cantarolava observando um dos quadros, a pintura era do pai de Louis.

L'ÉPOQUE - O Relógio do Tempo (CONCLUÍDA)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum