CAPÍTULO X - Um Voyage a Liechtenstein

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Mon chérie

Como vai a minha doce e bela jovem? Senti tua ausência no banquete essa noite. Deixou-me desnorteado sem tua beleza para acalentar meu dia exaustivo. Quero o teu olhar e teus lábios rosados, tocar tua face macia, observar tua gargalhada afável.

Sonhei contigo esta noite, estava admirável como de costume. Adentrou ao meu quarto, suntuosa e deleitável. Sorriu-me, e o brilho dos teus olhos e sorriso ofuscou meus pensamentos. Meu coração encheu-se de alegria. Tua luz era absurdamente fascinante. Tive a necessidade de te tocar, beijar-te os lábios. Antes de aproximar-me de ti, notei que tuas vestes escorregavam por teu corpo esguio, e o brilho aumentava chamando-me para ir de encontro às suas luxuosas curvas. 

Mas num súbito piscar de olhos o brilho havia sumido, assim como a miragem que estava a minha frente. Senti-me impotente, o sentimento de perda apossou-se do meu ser. Foi aí que gritei por teu nome, e pedi-lhe, implorei-te, que não abandonastes a mim, que tanto te prezo. Percebi então que essa será a sensação que sentirei em todas as vezes que não te ver.

PS: Nesse final de semana estaremos de viagem para a corte de Liechtenstein, para o casamento de minha prima Desirée. Apronta-te porquanto minha mãe as levará conosco. Aconselho-te a levar agasalhos, o tempo está frio por lá. Anseio ver-te em breve.

Ansioso. Sedento. Apaixonado.

Com afeição,

Louis Rousseau.

Annelise terminou de ler a carta com um suspiro. Estava sozinha no grande jardim, aproveitara enquanto Elizabeth ainda estava dormindo. Desde a conversa que teve com a mesma, decidiu ficar um pouco distante de Louis. Era muito arriscado deixar de obedecer às ordens dela, mal tinha direito de estar ali, naquele lugar, naquele tempo. Passou a mão pelo vestido, levantando-se. Achava melhor arrumar o que fazer antes que a ex-Rainha acordasse.

Cecili ainda lutava com o seu interior, fugia constantemente de Pierre. Em seus pensamentos era impossível se envolver com um homem tão namorador, que não respeita nem o melhor amigo. Ela organizava os remédios de Elizabeth sobre uma prateleira no quarto, quando sua irmã adentrou em passos leves.

— Parece que estaremos indo para Liechtenstein esse final de semana. — Anunciou Anne.

— Para quê? — perguntou Cecili.

— Casamento da sobrinha de Elizabeth. Louis disse-me em uma carta.

— Louis? Quanta intimidade para com Vossa Majestade. Nem sua mãe a chama assim. — Natalie irrompeu quarto adentro assim que ouvira a jovem falar sobre o Rei.

— Ah não, Natalie. Dê-me uma folga, por favor. — implorou Anne, revirando os olhos. Cecili só ignorou as duas e continuou arrumando os remédios.

— Casamento em Liechtenstein, então? Ótimo! Dizem que lá é frio, vou me preparar.

— Fique a vontade! — murmurou Cecili, irritada só por ouvir a voz da loira.

— Ah sabe o que eu ouvi dizer também? Que Sua Graça, Pierre já foi apaixonado por Lady Desirée e que está bem chateado com toda essa situação. — Um vidrinho caiu.

— Mas que merda! — Cecili mal podia ouvir o nome de Pierre que já ficava nervosa. Começou a juntar os poucos cacos de vidro do chão. Elas sabiam que Natalie comentara aquilo de propósito.

— Ora, Cecili! Que coisa feia, não sabe que podem te ouvir falando essas bobagens? — Natalie saiu do quarto sorrindo. Ela costumava ser bem irritante quando queria.

L'ÉPOQUE - O Relógio do Tempo (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now