CAPÍTULO XIII - Le triste retour

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As várias caravelas abordavam na beira do mar. Seus passageiros desciam tristes, inconsoláveis. O povo que lhes esperavam ansiosos, tomaram aquela tristeza para si mesmos. E por toda aquela agonia, estampava-se a perda da Guerra. A perda que levaria o país para um buraco escuro e inabitável.

Artois curvou-se diante de Louis preocupado, ansioso para que o Rei lhe contasse o que acontecera.

— Lorde Artois. Não te preocupes com a França, vencemos a guerra.

— Vencemos vossa Majestade? Mas como... Como podem estar tão tristes? Agora tens a Ilha de Vera Cruz. - Artois animou-se. Os vários olhares preocupados vagavam por ali, esperando conseguir ouvir o que conversavam.

— Não. A Ilha de Vera Cruz não pertence a nós. Ganhamos somente a guerra, não o que eu pretendia ao cometer tamanho erro. Os portugueses estavam preparados, e muito bem montados. Eu não podia continuar a guerra até a Ilha, já que com o passar dos dias ficamos em minoria. A maioria de nossos guerrilheiros morreu a sangue frio. Corajosos, assim como eu exigi, mas que não mereciam tamanha atrocidade. —     suspirou triste. —     Antes de morrerem, deram tudo de si para acabar com o exército português e derrubar metade do castelo. Foi aí que vencemos, mas a Ilha já estava reforçada, pelo que soubemos. Então seria em vão ir até lá, morreria até eu mesmo. O que mais nos entristece é a morte de um dos mais corajosos guerrilheiros... Mais forte e mais fiel. —     Louis retorceu o rosto em meio a uma careta dolorosa. Lágrimas de tristeza rolaram pelo seu rosto. Queria afastá-las, e demonstrar força e coragem, mas era em vão.

— Quem meu senhor? Quem teve tamanha infelicidade? —     Artois não pode deixar de entristecer-se junto ao Rei. Vê-lo daquela maneira era angustiante.

Louis hesitou, e Artois curioso observou ao redor do Rei, esperando sentir a falta de alguém. Percebera então que Pierre e Thomas não estavam ali, o que lhe apertou o coração. Os melhores amigos do Rei, pensou melancólico. Após certo silêncio, Louis olhou para trás, em direção a caravela, na qual havia saído. E de longe se pode ver, um corpo ser carregado. O povo ajoelhou-se, e fez-se silêncio. Alguns até faziam preces em tom de voz baixo.

Adentraram o Palácio, enquanto todo o povo francês continuava reunido de fronte ao portão real com grande tristeza. Elizabeth abraçou o filho, animada em vê-lo, mas preocupada pelo seu estado. E antes que pudesse repetir toda a história novamente, a Rainha assustou-se com o morto que carregavam até lá dentro. As lágrimas desceram de imediato.

Maximillienne, que apareceu logo em seguida por trás das damas de Elizabeth, gritou. Um grito sufocado, amargo... Deixou-se desabar sobre suas pernas. Annelise, também com lágrimas nos olhos tentou ajudá-la abanando-a com as mãos. O salão de entrada estava sombrio e insípido de alegria. Pierre chorava bastante, demonstrara sua fraqueza sem nenhum receio. O próprio vira Thomas morrer em seus braços, e mal pode pedir perdão pelo que havia feito. E o arrependimento, por todo o mal que já arrojara a ele, vinha à tona. Ele era seu amigo. E fora idiota o suficiente para estragar uma amizade.

Cada mãe, pai, esposa, que estava do lado de fora do Palácio agonizava em tristeza ao saberem das perdas. Foram muitos mortos. Todos sabiam do risco de ir à guerra, mas preferiam acreditar na vitória à derrota. No entanto, essa conquista foi pouca. Sem efeito verdadeiro. E nada, nem ninguém poderiam devolver a vida dos que morreram, para os seus familiares.

•••

Os corpos foram velados no dia seguinte. Thomas fora sepultado na tarde chuvosa que sucedeu o dia do terrível retorno. Todos se encontravam de preto e celebravam uma missa de despedida na igreja. O caixão estava de frente ao altar. Quem celebrava a missa era o Cardeal Firnst. O sentimento de tristeza rodeava amigos e familiares de Thomas Laforet. Maximillienne sentia a mesma culpa que abrangia no peito de Pierre, mal conseguia encarar o ex-amante nos olhos. Agora não tinha mais para onde correr, era pagar por seus pecados.

L'ÉPOQUE - O Relógio do Tempo (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now