CAPÍTULO XIX - L'engagement ou la fin?

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O sol ardia sobre suas cabeças. O verde daquele jardim brilhava, era primavera e as flores pareciam querer desabrochar. Cecili caminhava com Henrique entre os altos arbustos, conversavam sobre a vida. O Príncipe estava sempre filosofando e sorrindo. Aquela fama de libertino parecia ser inexistente.

— Mesmo sorrindo ainda vejo a tristeza no seu olhar. — Comentou. Cecili usava uma pequena sombrinha vitoriana branca rendada, para se proteger do sol.

— Acho que tristeza é o meu novo sobrenome. — Descontraiu. — Vai passar, só preciso de um tempo.

— Claro que vai. Toda tristeza passa, a minha foi brevemente temporária, mas ver-te assim, faz com que ela volte. — Deu um sorriso lisonjeiro.

— Oh, por favor! Não quero que fique triste por mim.

— Cecili. — Posicionou-se em sua frente. — Desde a primeira vez que te vi, sinto coisas que mal sei decifrar...

— Ah não, Henrique... Por favor, não faça isso! — Implorou.

— Espere, eu preciso dizer. Eu me senti livre. Fizeste-me ver que não preciso odiar-me pelo simples fato do Rei da França também me odiar e me culpar por cada mísero passo que dou. — Ele a olhava nos olhos, queria a todo custo beijar seus lábios, tocar aquela pele tão branca e suave.

— Henrique, isso não passa de uma confusão. — Ela estava amedrontada com aquelas palavras.

— Não há confusão. Eu te amo! E digo isso, não com expectativa de que mude alguma coisa, até porque eu sei que nada vai mudar, mas eu precisava dizer como me sinto. Tu és linda, gentil, amorosa. Importa-se com as pessoas.

— Nem sempre fui assim... Mas não podes me amar, pois sofrerás. E não quero isso.

— Sofrer é a lei da vida. Em algum momento eu preciso sofrer, ou diversificar meu sofrimento. Eu não me importo desde que seja por ti. E, às vezes, cometo coisas errôneas e incertas, mas que levarei por toda a vida. Sem arrependimentos. — Cecili mal sabia o que falar, não queria vê-lo sofrer. Ela amava Pierre. E ouvindo aquelas palavras tinha mais certeza a cada minuto. Henrique não a merecia, ela não era para ser dele. — Acho que o que vou fazer agora será o maior erro da minha vida, mas não ousaria me arrepender.

Cecili estava confusa com tudo que ele dizia. Henrique aproximou-se a deixando sem reação. Ele roçou a ponta de seu nariz ao dela, fazendo-a sentir sua respiração. A jovem parecia perder o chão, mil pensamentos numa única mente.

— Não faça isso, Henrique. — Implorou, paralisada contra o alto arbusto, mal conseguia fugir.

Ele não falava mais, agia por simples impulsos. O coração batia acelerado, as mãos suavam. Ele não a ouvia. Então colou seus lábios aos dela. Só ele a beijava, não havia amor, não havia esperança, só o amargo deleite de conquistar o que almejava há tanto tempo. Deleite no qual o angustiou, pois saiu dos trilhos. Tantas noites pensando em como seria, no que sentiria. Afastou-se. Os olhos de Cecili estavam assustados e marejados. Ele sentiu nojo de si mesmo.

— Eu pedi que não fizesse isso. — sussurrou com a voz embargada.

— Me perdoe Cecili. Eu não sei onde estou com a cabeça. Pode me odiar, contar a Pierre. Faça o que bem entender, eu mereço que me odeiem. — Culpava-se antes mesmo de ouvir o que a jovem tinha a dizer.

— Henrique, isso tudo é uma confusão sua. Não vou te odiar, não vou contar a Pierre. Eu não te amo da mesma maneira que tu me amas. E eu não te odeio porque sou a culpada de toda essa confusão. Fui eu quem te induzi a sentir coisas inexistentes.

L'ÉPOQUE - O Relógio do Tempo (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now