CAPÍTULO III - Parte 1 - La Découverte

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Das mais variadas cores e formas, as flores enfeitavam aquela manhã. O campo verde transmitia paz de espírito. O farfalhar das aves encantava ouvidos, adoçava ambientes. De longe se ouvia o gotejar das cachoeiras, os ecos nas pequenas cavernas e as risadas infantis das irmãs Fontaine.

O cheiro de chá corria pelos corredores da pequena residência fazendo Cecili sentir saudade do delicioso café de sua tia Adeline. Por poucas vezes arquitetou que sentiria falta de seus tios, talvez nunca imaginasse uma separação. Mas, que seja! Se estava ali, não poderia voltar atrás.

Estar naquele tempo e lugar, não passava de, em maior parte, sua culpa. Poderia ter evitado, porém seu egoísmo, ou saudade, pretendia interferir em algo perigoso e fatal. Gostaria que sua irmã, Annelise, não sentisse culpa sozinha. Era o que acontecia, por mais que Anne demonstrasse firmeza em suas ações, sua irmã a conhecia o suficiente para saber que a mesma se martirizava por dentro. Como se tivesse culpa de ter usado algo assim. E mesmo que tenha culpa, o dever das duas é dividir, parcelar e pagar quando possível.

Bem cedo, Francesca anunciou que precisava fazer compras. Com a chegada das irmãs Lefebvre, as despesas aumentariam e Anne sentia-se completamente envergonhada por isso. Tinha dinheiro em sua bolsa, mas pela época seria inútil e suspeito. Aquelas cédulas as colocariam numa forca, ou até mesmo na fogueira.

O motivo de tantas risadinhas entre as jovens era a ida ao centro. Esse era pretexto suficiente para exaltarem suas belezas. Natalie sempre ambiciosa acreditava encontrar algum nobre no qual se encantaria por suas ondas douradas. Eloise e Izabele acreditavam tão somente no amor, títulos eram só papéis que se desgastariam com o tempo. As histórias da corte as assustavam, por isso preferiam viver longe do Rei e de seus servos. Claro que jamais, em nenhum momento deixariam de amar o Rei e sua eterna misericórdia e bondade. Deviam a Deus por colocar tão soberano homem a frente de seu povo. As irmãs Lefebvre só admiravam a animação das irmãs. Nas condições em que se encontravam era difícil se contagiar com tamanha alegria. E para as duas, ir ao centro nem era grande coisa.

Francesca preparou a carroça que tinha espaço suficiente para seis pessoas, sete com o condutor que seria a própria. O cavalo alado marrom já pertencia aos Fontaine há anos, era belo e forte, contudo nunca conseguia levar muita carga, logo Osíris preparou outro cavalo de um amigo da família.

O caminho para o centro foi animado. Eloise puxava músicas e a família seguia cantando junta. Se essa cena se repetisse em 2020, seria completamente antiquado e vergonhoso. Já no centro, enquanto Francesca fazia suas compras para a ceia, quatro das cinco jovens, Eloise, Natalie, Annelise e Cecili saíram para caminhar entre as variadas barracas. A outra irmã, Izabele, fora ajudar a mãe, era sempre a mais reservada. Natalie as levou para uma barraca de roupas femininas, ou pelo menos pedaços delas. Encontravam-se pendurados tecidos de todas as cores, fitas, espartilhos, linhas, tudo para se confeccionar um belo vestido. Nada era de luxo, mas trazia brilho aos olhos de belas moças. Enquanto Natalie e Eloise se perdiam entre espartilhos de todos os tamanhos, Anne e Cecili conversavam, pela segunda vez desde que chegaram ali, a sós.

— Pelo amor de Deus Anne! O que estamos fazendo aqui? Tudo isso não tem nada a ver com a gente. Quero minha casa, meu tempo!

— Sem chiliques Cecili! Não estamos no direito de reclamar, Francesca e sua família têm sido tão gentis. E fale baixo! — repreendeu a jovem irmã.

— Claro que estão! E você já está se sentindo em casa. Só preciso te lembrar que em 2020 temos uma vida. Temos amigos, estudos e família. E se o tio do Paul descobrir que quebramos a invenção dele e ainda ficamos presas no tempo? Maldita geringonça! Anne nós temos que dar um jeito de sair daqui. Quanto mais rápido, menos prejuízo levaremos para o futuro. Precisamos voltar para o ano de 2020 o mais rápido possível.

— O que é isso? — Cecili havia desabafado ignorando o pedido de abaixar o tom de voz que sua irmã lhe pediu. Notando logo depois, quem as escutava. Natalie não conseguia processar na sua mente tudo o que ouvira, e as irmãs Lefebvre torciam firmemente para que ela não tivesse ouvido o que realmente importava.

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L'ÉPOQUE - O Relógio do Tempo (CONCLUÍDA)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant