22. it's like I'm fighting behind these walls and hiding through metaphors

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— Puta merda, Leo, você quer me matar do coração?

Foi a primeira coisa que Remi disse assim que destrancou a porta da entrada da casa que os três dividiam, se perdendo no próprio raciocínio quando percebeu que, além de Leo, Nate também estava sentado no sofá da sala.

Não tinha conversado com o amigo até aquele momento. Depois da briga — e da confusão que o deixara com um olho roxo que até o momento ainda pulsava por trás dos óculos escuros utilizados até mesmo durante a noite —, Remi achou que precisava dar um tempo para Nate. Sabia que o ódio que queimava na íris escura dele naquela noite não iria sumir, mas torcia para que ao menos pudessem estar em um mesmo cômodo novamente sem nenhum atrito.

Nate também não parecia feliz de vê-lo ali. Tinha as mãos cruzadas na frente do corpo, a postura envergada para frente e olhava para qualquer outro lugar que não fosse em sua direção. Leo, que se levantou do sofá assim que Remi chegou, não tinha uma expressão melhor. Olheiras arroxeadas estavam embaixo dos seus olhos e o cabelo estava tão bagunçado que quase pediu uma piada. Quase.

Remi sabia identificar uma situação ruim quando se encontrava em uma.

— O que aconteceu, cara? — questionou, paciente. A mensagem que tinha recebido de Leo poucos minutos antes não dizia muito além de 'Preciso falar com você, venha para casa' e não entregava do que se tratava. — Tinha acabado de chegar no Ivy quando você mandou a mensagem.

— Eu só continuo aqui por sua causa — Nate cortou, olhando na direção de Leo. Remi sentiu a provocação. Não tirava sua razão. — Então se você puder falar logo o que aconteceu, eu...

— Eu realmente preciso que vocês parem de ser dois idiotas e resolvam as pendências de uma vez — Leo o interrompeu, andando em direção ao sofá onde Nate estava sentado e variando o olhar entre os dois. — Certo, Remi errou em não te contar sobre a Claire. Talvez tivesse sido melhor você ter perguntado a ele o que porra aconteceu antes de assumir o óbvio e quebrar as pouquíssimas partes da nossa casa e fugir para Boston como se isso fosse mudar qualquer coisa. Você costumava ser o sensato desse trio, Nate.

Ouviu em silêncio, travando a mandíbula assim que Leo terminou de falar e desviou o olhar — lentamente — em direção a Remi, esperando que ele falasse qualquer coisa.

— E você, Remi... — Leo continuou, suspirando. — Você é muito cabeça dura. Essa confusão só está montada porque você nunca colocou em sua cabeça que você merece que coisas boas aconteçam com você. Como a Claire. E eu não tenho dúvidas que você merecia ela.

Nenhum dos dois outros presentes esperavam a súbita enxurrada de palavras vindas de Leo, então esperaram em silêncio. Havia alguma coisa ali. Eles sabiam disso.

— E é verdade que às vezes coisas ruins acontecem também, Remi, mas não porque merecemos elas — murmurou baixo, usando um tom que beirava a dor. Nate e Remi levantaram o olhar na direção de Hawkins nesse momento, esperando as notícias ruins. Não tinham mais dúvidas que elas existiam. — Às vezes elas só acontecem.

— O que você não está dizendo, Leo? — Nate foi o primeiro a perguntar, mantendo as sobrancelhas quase juntas em um sinal de pena e curiosidade. Remi permaneceu com a boca entreaberta, esperando o que viria a seguir.

Leo suspirou, deixando seus ombros caírem de cansaço. Nem sabia que horas eram. Cansou de se remexer na cama, chutou os lençóis para o chão quando ouviu a porta abrir — indicando que Nate tinha voltado para casa — e mandou uma mensagem para Remi. Estava insuportável guardar aquele segredo. Queria tirar o band-aid de uma vez só. Talvez, no dia seguinte quando acordasse, tudo estaria de volta ao lugar. Talvez fosse só uma brincadeira sem graça ou um pesadelo estranhamente real.

Dirty Laundry ✅Where stories live. Discover now