8. i got issues, but you got 'em too

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Já passava das dez horas quando a porta de madeira da casa de dois andares se abriu, estalando suas dobradiças ao notificar a entrada do único morador que ainda não estava na cama até aquele horário.

Leo fez uma anotação mental para resolver aquele problema do barulho assim que jogou sua bolsa de treino no sofá, pisando nos calcanhares para se desfazer dos seus tênis antes de andar nas pontas dos seus pés até a cozinha escura. Tinha pedido para Nate guardar um prato para ele algumas horas antes e suspirou aliviado ao encontrá-lo dentro do microondas, acalmando seu estômago barulhento.

Eles realmente não mereciam dividir a casa com alguém tão bondoso como Nate Duncan. Se um dia ele resolvesse se mudar, Leo iria derramar as lágrimas mais sinceras da sua vida.

Estava prestes a colocar um vídeo qualquer dos melhores momentos dos jogos de hóquei daquela semana no Youtube para se distrair enquanto comia quando se deparou com a imagem de Remi Vince apoiado no batente de madeira, com os braços cruzados e uma das sobrancelhas arqueadas em sua direção. A típica expressão que ele recebia do capitão depois de uma jogada errada ou de perder um gol feito.

— Porra Remi, você quer me matar? — questionou após um segundo de apreensão, levando a mão até o próprio peito. — Não ouvi você descendo.

— Onde você estava?

A voz de Remi era tão autoritária que Leo não conseguir segurar a risada. Parecia mais bravo que seu próprio pai quando ele saia sem avisar ou fugia para ir para um campeonato de hóquei que não era permitido quando era menor.

— O treinador quer que eu me dedique mais, então estendi o treino — Leo respondeu dando de ombros e Remi tomou uma lufada de ar. — Não sabia que tínhamos toque de recolher, mãe.

Achou que a piada descontrairia o clima que tinha formado, mas a ruga no meio da testa de Remi continuava no mesmo lugar.

— Você foi vê-la de novo — Remi falou com o tom terno, mas parecia usar todo seu autocontrole para fazer isso. — Eu sei, Hawkins. Você sabe que tenho contatos em todos os lugares.

Leo suspirou pesadamente, entendendo naquele momento qual era o ponto. Não sabia porque insistia em manter as coisas escondidas de Remi Vince se não havia uma informação sequer que pudesse passar despercebida pelos seus olhos.

Só havia uma pessoa que conseguia fazer as coisas sem ser flagradas na Oak. E era mesma pessoa que sabia de todas elas.

— Escute, foi a última vez...

— Até surgir a próxima vez — Remi aumentou a voz, caminhando em direção a Leo em passos pesados. — Pelo amor de Deus, Leo. Você precisa de um médico e não da porra de uma criminosa dos dormitórios.

Leo se calou. Era tão mais fácil quando era ele que julgava as atitudes questionáveis de Remi que mal sabia agir quando o jogo virava. Geralmente só acontecia dentro do gelo, já que Vince era o responsável por porcentagem considerável de besteira que faziam em Silvermount.

— Eu só quero ver você bem... Você sabe disso, não é?

Remi baixou o tom de voz antes de continuar. Sabia que não deveria ser fácil. Leo era uma das pessoas mais corretas que conhecia em sua vida e fugia do usual tomar uma atitude do tipo comprar analgésicos de difícil acesso de uma veterana que os vendia por um preço superfaturado no dormitório feminino sem checar se havia uma receita.

Descobriu que Hawkins fazia isso no final do semestre anterior, associando diretamente aos machucados que ficavam em seu corpo depois de um treino pesado ou jogo lotado de emoções. Tinham conversado sobre e Leo prometeu — de dedinho — que a situação não iria se repetir. Remi confiou em sua palavra e nunca mais tinha escutado sobre até aquele dia.

Dirty Laundry ✅Where stories live. Discover now