6. so much that we could've said, so much that we never said

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Leo tinha a sensação de que ainda estava de ressaca.

O domingo inteiro não tinha sido suficiente para ele passar em seu quarto, embaixo dos cobertores, evitando até simples ações como descer as escadas para almoçar ou cruzar o corredor para se certificar que os amigos estavam vivos.

Bem, indiretamente ele sabia que Remi estava vivo porque tinha a má sorte de ter o quarto ao lado do dele e ter escutado a cama do amigo bater incessantemente na parede a porra da manhã inteira. E Nate era agradável o suficiente para ter levado torradas para ele perto das cinco horas da tarde, certificando-se que Hawkins não tinha definhado até a morte depois de um porre que ele se arrependeria pela semana inteira.

Na segunda, quando teve que levantar às cinco da manhã para o treino que aconteceria trinta minutos depois, ele teve certeza que estava pagando por todos seus eventuais erros da vida. Percebeu que seria um treino difícil quando observou o planejamento preso no mural da arena, com duas páginas de comprimento e muito mais do que eles costumavam fazer normalmente.

Merda. Era quase como se o treinador Patron soubesse que o time inteiro tinha perdido a mão na comemoração do final de semana e queria se vingar pelo open-house.

Ou talvez ele fosse um dos vizinhos deles. Aquela era uma teoria válida, Leo não duvidaria.

QUE INFERNOS ESTÁ ACONTECENDO COM ESSE TIME? — o grito do treinador assustou os jogadores que ainda pareciam estar dormindo, fazendo-os entrar em posição antes que ele repetisse o gesto. — É com essa atuação de merda que vocês querem ter uma chance contra Yale no fim de semana?

A chamada fez com que Leo, e parte do time, se esforçasse mais durante o treino matinal mesmo quando seu corpo reclamava. Sua cabeça ainda doía, seus músculos pareciam não ter se recuperado dos exercícios do final de semana e a velocidade que imprimia no gelo revirava sua barriga. Na próxima, talvez fosse indicado que deixassem cestos de lixo próximo da pista, se alguém resolvesse eventualmente esvaziar o estômago durante o treino.

Mas, por outro lado, Leo sabia que precisava dar o seu melhor na sua temporada final na Oak. Era sua última chance de conseguir um contrato ao final do último período letivo, já que ele não tinha sido draftado, como alguns outros companheiros que jogavam ao seu lado. Não se destacou nos primeiros dois anos na universidade e já tinha 21 anos quando começou a chamar atenção. Diferente que Remi, que teve seu potencial reconhecido antes dos 20 e por isso já tinha um futuro e uma vaga em um time da NHL garantida.

— Hawkins, fique — o treinador Patron o chamou assim que o time foi liberado, fazendo-o parar antes de sair do gelo. — Uma palavra?

Leo assentiu, colocando as proteções de lâminas nos seus patins antes de ir até onde Fred Patron estava, esperando perto da penalty box com as duas mãos atrás do corpo enquanto observava a pista de gelo ficar vazia à medida que o resto do time se retirava para o vestiário.

— Vou esperar por você — Remi anunciou antes de sumir pelo túnel da Arena, tirando graça com algum dos outros jogadores na sequência como Leo pode escutar pelo eco da sua voz.

Fred Patron não era o tipo de pessoa com quem você gostaria de ser chamado para uma conversa a sós. A sua figura era pequena se comparada aos companheiros de gelo que Leo enfrentava todos os dias, mas tinha mais relação com sua voz autoritária e seu jeito grotesco de falar. O treinador conseguia fazer um elogio soar como uma ameaça sem nenhuma dificuldade.

— Escute, essa é sua última chance de conseguir um bom contrato no profissional e eu sei que é isso que você quer para seu futuro — o treinador começou assim que Leo se aproximou dele, assentindo com a cabeça. Ele não precisava ser lembrado disso mais uma vez. — Não vou pegar leve com você. Preciso de atuações memoráveis e não números variáveis como as duas últimas temporadas.

Dirty Laundry ✅Where stories live. Discover now