Seguindo em frente

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O dia antes da audiência de Jimin e Yoongi amanheceu mais frio do que o normal. Talvez fosse pelo inverno cada dia mais próximo, talvez fosse pelo outro motivo daquele dia ser mais gelado do que parecia.

Jimin tirou suas mãos de dentro do casaco junto com seu celular, estava fazendo doze graus, mas o vento soprava bem gelado em seu rosto. Jimin suspirou e caminhou até a floricultura do outro lado da rua. Depois de comprar as flores que queria, caminhou mais alguns minutos até o cemitério da cidade.

Não foi difícil chegar até o túmulo de Yura, o vento havia parado de soprar e Jimin já havia gravado o número de onde ele ficava. Havia outras pessoas no cemitério, mas totalmente alheias ao que estava acontecendo ao redor delas, o que já era bem comum.

Jimin sentou sobre o cimento gelado e deixou os lírios azuis ao lado da foto de Yura, onde ela estava sorridente e usando uma camisa xadrez que era sua favorita. O Park fitou a pedra acinzentada ao lado da foto de sua ex-esposa.


Park Yura

14 de janeiro de 1997 — 9 de Novembro de 2020

Mãe, filha e esposa amada.


E pela primeira vez ali visitando o túmulo de Yura, Jimin deu um pequeno sorriso, ele conseguia sentir que ela estava em paz. Bem diferente do aniversário de um ano e do dia do enterro.

— Dois anos... o tempo passou mais rápido do que eu imaginava. Eu espero que você esteja bem, Yunnie, e feliz, onde quer que você esteja — Jimin sussurrou tocando na foto dela — porque eu estou. As crianças também estão bem... Jinwoo já está até aprendendo matemática ele é muito inteligente, tem até um QI bem altinho para a idade dele. E Minji cismou que quer aprender a jogar basquete profissional, acho que isso é culpa do Yoongi.

Jimin observou algumas folhas voando sobre a grama do cemitério, o local estava bem silencioso, exceto por algumas pessoas rezando numa capelinha.

— A sua mãe veio nos visitar mês passado, — Jimin murmurou deixando seus dedos correrem pelo cimento frio ao seu lado — ela parece bem melhor do que antes e até disse que queria se mudar para Seul, parece que as coisas em Gwangju estão meio lentas, você odiaria.

Um menino de quatro anos passou correndo pelo corredor, distraindo Jimin por um minuto. Ele viu o garotinho correndo até uma menina de aparentemente uns dezesseis anos e a abraçar, Jimin sorriu vendo a cena.

— E, ah!, o filho de Handong está tão grande e esperto; ela diz que é por causa de Hoseok, que tem um gene que não sabe ficar quieto nunca, porque segundo a mãe dela, quando Handong era pequena ela era muito preguiçosa. Você gostaria dele, parece um anjinho. Um anjinho muito agitado, mas ainda sim um anjinho.

O vento frio atingiu seu rosto e Jimin fechou os olhos e sentiu suas bochechas ficando mais frias, — ele gostava do vento — e sua mente um pouco vazia, ele não estava pensando demais como o habitual, sua mente estava clara, embora amanhã ele provavelmente acabaria o dia com uma ação judicial para pagar.

— É engraçado como as coisas podem mudar tão rápido. No começo do ano, a única coisa que eu tinha na minha cabeça era como eu iria pagar as contas atrasadas, Jinwoo estava quase sem roupas, porque ele cresceu tanto do ano passado para este ano, e como eu pagaria Jungkook sem ter que procurar outro emprego e você sabe como eu odeio pedir ajuda para as pessoas. E eu não tinha tempo de fazer nada; tinha dois empregos e dois filhos para tomar conta, como eu ia encontrar outro emprego? Além disso, eu não podia deixar Jungkook sem o que eu o pagava, quer dizer, ele tirava seu próprio tempo da faculdade — ele até mesmo deixou de se inscrever na faculdade dois anos atrás por minha culpa! — e do tempo que ele poderia gastar com alguns amigos e com algum namorado com meus filhos. Mas com alguns cortes aqui e ali, além de pegar algumas horas extras no restaurante, eu conseguir consertar as coisas sozinho.

Eu, Yoongi e as crianças | YOONMINWhere stories live. Discover now