Prólogo

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O plano era audacioso, movido pela urgência de resgatar Alec, mesmo que isso significasse desobedecer cada ordem de Jason. Manter minha mãe alheia à situação era vital; a mera sugestão do perigo que Alec enfrentava seria demais para ela. Quando finalmente pagamos o resgate, Alec foi descartado no chão frio do galpão, um lembrete cruel de sua vulnerabilidade. Corri até ele, e no momento em que nossos olhos se encontraram, vi um desespero que partiu minha alma. Foi então que os tiros soaram, um som que congelou meu sangue nas veias.

No pânico que se seguiu, minha única reação foi puxar Alec para perto, protegendo-o com meu próprio corpo. Foi nesse instante de terror absoluto que percebi Zac, não os sequestradores, caído ao chão. Ele havia se colocado entre nós e o perigo, um escudo humano movido por um instinto de proteção. Corri em sua direção, desesperada, pressionando minhas mãos contra o ferimento em seu peito numa tentativa frenética de estancar o sangue que fluía.

"Alaric, me ajude..." Minha voz se perdeu em meio ao caos. "Ligue para a ambulância, rápido!"

Enquanto Alec ligava para a emergência, o olhar de Zac encontrou o meu novamente. Havia um pedido silencioso em seus olhos, um pedido de desculpas por todo o terror que estávamos vivendo.

"Vai, eles vão voltar," Zac sussurrou, cada palavra custando-lhe um esforço imenso.

"Para de falar, eu não vou deixar você aqui..."

"Você tem que ir. Por ele, lembra?" As palavras de Zac eram um lembrete do porquê estávamos ali.

"Por que você fez isso? Por que se colocou na frente?"

"Jamais deixaria que você ou ele se machucassem... estamos aqui por ele, não esqueça."

Sua calma diante do caos era tanto reconfortante quanto aterrorizante. "Vai. Eu prometo que vai ficar tudo bem..." Com a mão trêmula, ele tocou meu rosto. "Corre, Baby Al," disse ele, com um sorriso que me dilacerava por dentro.

"Não posso te deixar... Jason! Onde está o Jason?" Minha voz era um grito de desespero, enquanto o som das sirenes se aproximava.

"LEVE-A DAQUI! EU AVISEI QUE NÃO QUERIA ELA AQUI PORRA!" Jason ordenou, sua voz cheia de urgência.

"VOCÊ PROMETEU CUIDAR DELE!" Minha determinação era feroz, apesar da dor que pulsava em meu braço. "ELE SALVOU SUA VIDA! AGORA É SUA VEZ!" Eu lutava para ficar, cada fibra do meu ser resistindo à ideia de deixar Zac ali.

Lutando contra a maré de emoções, cada parte de mim se recusava a abandonar Zac naquele estado. Os olhos de Jason refletiam meu próprio pânico, e quando ele segurou minha mão, a urgência da situação tornou-se palpável, suas mãos tremiam. "Me promete que vai salvá-lo," sussurrei entre soluços, enquanto as lágrimas embaçavam minha visão. O aperto de Jason era um misto de consolo e desespero, enquanto observávamos juntos Alec sendo levado na maca, um lembrete cruel de quão rápido a vida pode mudar.

Quando Jason finalmente me soltou, dando-me as coordenadas do hospital, senti uma tontura avassaladora, a dor no meu braço tornando-se um grito silencioso que não conseguia mais ignorar. "Acho que vou desmaiar..." consegui murmurar, a escuridão ameaçando engolir minha consciência.

"Merda, você tá sangrando!" A voz de Jason carregava um misto de preocupação e medo. Ele me segurou firme, tentando me manter de pé, mas podia sentir minha resistência desaparecendo, minha força se esvaindo como areia entre os dedos.

Nos últimos fragmentos de consciência que me restavam, uma ironia cruel se desenrolava em minha mente: a jornada que me trouxe até aqui, cheia de reviravoltas e desafios inimagináveis, parecia culminar justamente em um tiro e na escuridão implacável do desmaio. Era um final que, apesar de dramático, parecia estranhamente adequado para a saga tumultuada que havíamos enfrentado. E então, sem mais aviso, o mundo ao meu redor desapareceu em um vazio completo.

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