6- Garoto de programa, ou melhor, garoto que desenvolve programas- Zac

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Toda a minha determinação se esvaiu assim que comecei a conversar com Alexia. Entre risadas e histórias compartilhadas, esqueci completamente da missão. Do lado de fora do restaurante, Jason aguardava, claramente frustrado com meu fracasso.

O almoço foi uma surpresa tão agradável quanto um choque elétrico. E a responsável por esse festival de emoções contraditórias? Alexia. Ah, a doce Alexia, que tem o dom especial de despertar em mim um misto de admiração e vontade de jogar um vaso na parede. Ela odeia minha irmã com a paixão de mil sóis ardentes, e parece que eu acabei entrando nesse pacote de ódio por tabela. Por que ainda estou pensando nela? Ah, sim, porque aparentemente, meu cérebro acha divertido se apegar à pessoas que claramente querem me ver na miséria. Encantador, não é?


 Foi então que Fiona apareceu, como um raio de esperança, estendendo-me um pequeno saquinho."Aqui, uma amostra da saliva dela. Essa semana, a Vanessa participou de uma matéria sobre uma empresa de DNA que traça sua linhagem. Consegui uma amostra extra dizendo que a dela havia se perdido."


"Fiona, você é um anjo!" exclamei, surpreso, plantando um beijo agradecido em sua bochecha.


"Vocês não conseguiram nada com o cabelo dela, né? É uma peruca," ela revelou, rindo. "Ela raspou a cabeça para fazer a transição capilar."


"Transição capilar? O que é isso?" perguntei, minha confusão evidente.


"Não se preocupe com isso agora, vá!" 


Fiona me encorajou, dando-me um empurrãozinho amigável no ombro. Parecia que tanto ela quanto Jason tinham algo contra meu ombro. Cada tapinha era um lembrete de que, apesar dos contratempos, eu não estava sozinho nessa empreitada. Com a amostra em mãos e um plano meio cumprido, voltei para Jason, pronto para enfrentar a próxima etapa do nosso plano, seja lá o que isso significasse. Chegando em casa após o almoço com Jason, me vi pensando em alguém novo pela primeira vez em muito tempo. Alexia, com sua acidez,  tinha despertado algo em mim. Seus olhos verdes brilhavam com uma vivacidade que me atraía irresistivelmente.

...

Encontrei Melissa na cozinha, envolvida na tarefa de preparar um sanduíche de pasta de amendoim, uma careta de frustração no rosto. "Como é possível não ter geleia de morango nessa casa?" ela questionou, revirando os armários.


"Está na geladeira. Prefiro ela fria," expliquei, arrancando dela um olhar que misturava desdém e incredulidade.


Enquanto me acomodava na bancada da cozinha, observando-a finalizar seu lanche, a conversa desviou para a segurança de minha casa. "Por que você não tranca a porta?"


"Sinceramente? Não sei. Talvez esteja esperando alguém entrar e resolver todos os meus problemas," brinquei, tentando aliviar o peso da minha próxima pergunta. 


"Como foi a escola hoje?"


"Um tédio. Parece que sou a única lá que já tocou em drogas..." Sua voz carregava um misto de resignação e frustração.


"Tudo vai melhorar, Mas Mel, se quiser eu posso te ajudar a resover as coisas" ela negou com a cabeça enquanto lambia a faca ." Agora come, que tenho trabalho a fazer."


"Eu pensei que íamos fazer algo juntos hoje," ela murmurou, uma nota de esperança na voz.


"Vamos sim. Te levo comigo ao trabalho, e depois cinema. Que tal?" Sua resposta afirmativa veio acompanhada de um sorriso tímido.


Cumprindo a promessa, após deixar as amostras no laboratório para o teste de DNA - um processo agora rotineiro para Jason e que levaria cerca de quinze dias para os resultados - levamos a noite adiante. O cinema foi seguido por uma ida ao shopping, onde nos entregamos à terapia do consumo. Cada sorriso e risada de Melissa, a cada nova peça de roupa ou acessório escolhido, iluminava algo em mim. Vê-la feliz era uma recompensa inesperada, um bálsamo para as feridas que ambos carregávamos.

Após deixar Melissa em casa, me acomodei no sofá e naveguei até o Instagram. Curioso, procurei por Alexia Connor. Seu perfil, aberto e cheio de vida, rapidamente chamou minha atenção. Não demorou muito para que ela retribuísse o follow. Com mais de seiscentas publicações, ela parecia adorar compartilhar momentos, embora, recentemente, só postasse pores do sol e fotos da Times Square. "Uma verdadeira nova-iorquina," pensei, admirando sua autenticidade. Acabei adormecendo ali mesmo, perdido em suas fotos.


Fui despertado pela porta se abrindo abruptamente. Era Josh, invadindo meu espaço com a mesma falta de cerimônia de sempre.


"Já ouviu falar em campainha?"


"Se você trancasse a porta, eu não entraria assim," ele replicou, ecoando o conselho que já tinha recebido outras vezes.


"Terceira vez essa semana que me falam isso," ri, mudando de assunto. "Detenção, é?"


"Acertei um soco em alguém. Razões pessoais," ele disse, com um tom que me fez entender sem precisar de mais explicações.


"Quer que eu vá até a escola resolver isso amanhã?"


"Meu pai já sabe. Não expliquei o porquê e ele não ficou feliz."


"Ele entenderia se você explicasse. Mas, se prefere não falar, tudo bem."


A conversa se voltou para Alexia quando Josh notou o Instagram aberto em meu celular. "Quem é Alexia?"


"Filha da Amiga do seu pai, e da Melissa também."


E antes que pudesse reagir, Josh já estava fuçando nas fotos dela. "Não sabia que você tinha uma queda por ruivas."


"Não tenho 'queda' por ela," tentei me defender, mas a risada de Josh mostrou que ele não acreditou. 


Decidindo mudar de assunto, mencionei o trabalho que precisava fazer. "Jason me passou um novo software que Angeline desenvolveu. Vou checar algumas localizações, fotos e vídeos. Deve ser mais fácil desta vez."

Enquanto Josh se acomodava para assistir a "Juniper Lee", eu me preparei para uma longa noite de trabalho. A TV iluminava o rosto dele, já entregue ao sono, enquanto eu mergulhava nas profundezas da rede, cada clique me aprofundando mais em trabalho.

This Is How We Do ItWhere stories live. Discover now