16- Nobody wanna see us together- Zac

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"Que diabos está acontecendo comigo?" A pergunta ecoou em minha mente enquanto me arrastava para a sala, um cigarro entre os dedos. Parecia que eu estava me humilhando aos pés dela, oferecendo-me para ser descartado a seu bel-prazer. "Será que cheguei ao ponto de aceitar ser usado por ela sem me importar?" A ideia me atingiu como um golpe, sugerindo que talvez estivesse lidando com algum tipo de transtorno pós-traumático.


A fumaça do cigarro proporcionava um breve alívio para minha ansiedade, mas era uma solução temporária. Ao entrar no banheiro, a realidade da situação me atingiu com força. Ela tinha usado a toalha limpa, aquela ainda marcada pela presença de Angie. O aroma do shampoo que ela usou ainda pairava no ar, misturando-se com a memória de um tempo que já não voltaria. Fios de cabelo espalhados pela pia revelavam sua presença de uma maneira íntima, arrancando de mim um sorriso inesperado. Angie jamais deixaria tais vestígios; sua obsessão por organização não permitiria.


Após o banho, peguei a toalha que ela havia usado, constatando que a outra estava completamente encharcada – provavelmente, ela a usou para secar o cabelo. Uma descoberta inusitada me aguardava: ela estava vestindo uma das minhas camisetas favoritas. Curiosamente, pela primeira vez, não me senti incomodado com a ideia de alguém sair da minha casa vestindo algo meu.


Passei o resto do dia imerso no trabalho, tentando rastrear os hospitais onde o DNA de Josh poderia ter sido registrado. Surpreendentemente, em três deles, havia registros de entrada da Senhorita Smith. Seria isso possível? Preferi manter a descoberta para mim até ter certeza, apesar das evidências começarem a se acumular.


A porta do apartamento se abriu abruptamente, e por um momento, meu coração acelerou, esperando que fosse ela. Mas era Josh. 


"Desculpa não ser quem você esperava", ele disse, notando minha expressão de desapontamento. 


"Quem eu esperava?" tentei disfarçar. "Ninguém", ele respondeu, sentando-se no sofá com um suspiro. "Achamos o colar", ele anunciou, entregando-o em minha mão. "Ela vai ficar feliz em saber", comentei, sem desviar o olhar do computador.


"Zac, por que não convida a Alexia para sair?" Josh sugeriu, tentando mudar de assunto. 


"Eu não quero nada com ela", respondi, forçando um riso e mantendo os olhos fixos na tela.


 "Zac, a Angeline não vai voltar", ele disse, a irritação evidente em sua voz. Isso só serviu para me irritar ainda mais. "Você está falando besteira. Não espero que ela volte." 


"Espera, sim. Você nem se dá ao trabalho de limpar este lugar. Não sei como aguenta viver assim. Faz meses que não troca as capas do sofá. Fui eu quem trocou os lençóis da sua cama porque você fica aí, remoendo e inalando o cheiro dela!"


"Cala a boca! Você não sabe nada sobre gostar de alguém, não é?"


"Isso está ficando ridículo. Você precisa parar de procurar a Angeline em outras garotas", ele retrucou, levantando-se. "Amar alguém não significa que você tem que parar de viver sua vida por causa dessa pessoa. Ela escolheu ir embora, preferiu te deixar aqui. Você acha que meu pai simplesmente ofereceu o emprego a ela? Ela que pediu, Zac. Ela quis te deixar. Acorda e segue em frente!"


As palavras de Josh atingiram-me como uma rajada de balas, cada sílaba perfurando a armadura que eu havia construído ao redor do meu coração. Com um suspiro pesado, virei-me de costas para ele, refugiando-me no quarto. Como não havia notado a troca dos lençóis? O travesseiro agora carregava um perfume diferente, não era mais o da Angie. Era um aroma desconhecido, mas reconfortante. Fechei os olhos, tentando absorver o peso do que Josh havia dito.


"Me desculpa falar daquele jeito", ouvi sua voz suave atrás de mim. "Só não quero ver meu melhor amigo sofrendo por causa de alguém como a Angeline."


"Eu sei, você se preocupa", respondi, uma risada escapando apesar da tensão. "Até trocou os lençóis para mim..."


"Você é um otário", ele retrucou, mas havia calor em suas palavras.


"Não consegui me deitar nesta cama desde que ela partiu. Já se passaram cinco meses, e parte de mim desejava que ela ainda estivesse aqui." As lágrimas começaram a se formar, a emoção finalmente encontrando sua saída.


"Mas ela não está", Josh insistiu, sua voz firme. "E eu vi como você olhou para Alex ontem. Não me diga que foi a primeira vez que sentiu algo. Você mesmo falou sobre a festa, sobre o almoço... Ela te deu borboletas no estômago!"


"Ela gosta do Chad, o ex da Melissa", murmurei, tentando encontrar uma desculpa.


"Então faça ela gostar de você!" Josh desafiou.


"Não sei como", confessei, afundando o rosto no travesseiro, tentando esconder minha vulnerabilidade.


"Comece devolvendo o colar para ela. Ela disse que era muito importante." A sugestão de Josh era simples, mas carregada de significado.


"Pode ser", concordei, levantando-me, a fragrância desconhecida ainda preenchendo meus sentidos, como um lembrete suave de que havia vida além da minha dor.

This Is How We Do ItWhere stories live. Discover now