11-MAPS LISTEN TO YOU- Zac

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A manhã me trouxe de volta à realidade com ruídos vindos da cozinha, um lembrete da noite anterior cujos detalhes me escapavam. A visão do quarto, com suas roupas femininas dispersas e minha própria nudez, não fez nada para ajudar a clarear minha memória. Sem me dar ao trabalho de vestir sequer uma cueca, me encaminhei para a cozinha, encontrando uma figura feminina em busca de algo comestível entre meus armários escassamente abastecidos.


"É uma perda de tempo, docinho. Não faço compras desde que minha ex decidiu que a vida dela estaria melhor sem mim," comentei, observando-a se virar, visivelmente constrangida, vestindo apenas uma calcinha e uma de minhas camisas. Seu cabelo cacheado mantinha-se inexplicavelmente perfeito, apesar da noite agitada que, aparentemente, incomodou até os vizinhos.


"Desculpe, acho que é melhor eu ir," ela disse, ou talvez tenha perguntado, seu sorriso tímido não ajudando a esclarecer.


"Se precisar, pode ficar. Quando eu voltar, tentarei compensar a falta de café da manhã. Afinal, parece que ontem foi uma noite... intensa," sugeri, notando como suas bochechas ganhavam cor. Era um detalhe pequeno, mas de alguma forma agradável.


A tarde avançava e eu precisava me arrumar para o trabalho. Jason, aparentemente incapaz de funcionar sem mim, já havia ligado três vezes. Com meu carro ainda no mecânico e recusando-me a pegar a moto, optei por um Uber, mergulhando em meus pensamentos e no trabalho pendente durante a viagem.


Concentrado nos sistemas e contas que Josh me passara, comecei a perceber que estávamos mais próximos do que nunca de rastrear Morgana. As coincidências entre as entradas hospitalares e o DNA de Josh eram muitas para serem ignoradas. O coração acelerou com a possibilidade de Jason estar certo sobre sua teoria – Morgana poderia realmente estar mais perto do que imaginávamos.


Por que Jason hesitaria em fazer o teste de DNA que poderia confirmar tudo? As peças do quebra-cabeça estavam lá, mas faltava algo para completar a imagem.Ao desembarcar do Uber já era noite. Após pagar o motorista, fui surpreendido por uma garota em pânico, congelando no lugar ao reconhecê-la.


Quando entramos pra dentro do prédio, a sala, com sua atmosfera taciturna, parecia conter nossos suspiros e palavras não ditas. Enquanto nos acomodávamos no sofá, não pude deixar de notar a beleza peculiar de Alexia, mesmo com a maquiagem borrada – havia algo profundamente tocante em sua vulnerabilidade.


"O que te trouxe aqui?" perguntei, já antecipando uma história complicada.


"Se eu contar, você vai me achar um idiota," ela disse, desviando o olhar, um rubor de constrangimento tingindo suas bochechas.


"Impossível te achar idiota. Vamos, desembucha," insisti, tentando aliviar a tensão com um sorriso.


Ela então revelou o propósito de sua visita: um encontro marcado com Chad que nunca aconteceu, substituído pela visão de uma foto dele com outra pessoa. Minha frustração e raiva fervilharam ao ouvir seu relato. Chad, o perpetuador de jogos e enganos, tinha novamente deixado alguém à deriva.


"Você tinha razão, agora eu te acho idiota," admiti com um toque de sarcasmo. "Há milhares de cinemas perto da casa de vocês. Por que aqui? E onde está esse idiota agora?"A simples menção do nome de Chad incendiava meu corpo com raiva profunda. Esse moleque, filho de uma... "Por que aqui, Alexia? Por que se arriscar tanto?" Minha voz aumentou, um misto de raiva e preocupação. Ela tentava esconder o relacionamento do irmão, uma tentativa de manter segredos que claramente custou caro. "Você poderia ter evitado isso," argumentei, minha mente girando com os 'e se'.

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