Baby Girl 2: DESTROYED

Capítulo 24

Os dias seguintes após Zayn deixar claro que morrerá, assim como muitos daquele lugar, se arrastam. Era impossível não olhar para ele e sentir uma  estranha sensação de tristeza. Provavelmente por saber que planejava a própria morte e que ninguém conseguiria o impedir de conseguir o que desejava. Estar no meio deles e vê-lo vivo é como ler as ultimas páginas de um livro sabendo o final. Por mais que nunca esqueça tudo o que me fez passar, tudo parecia ter acontecido a muitos anos, era como se fosse uma lembrança de um longo e doloroso pesadelo. Ver o homem que ele estava sendo desde que nos reencontramos fazia parecer loucura da minha cabeça o homem que ele era quando me sequestrou, o ele do passado não parecia real, apesar das cicatrizes espalhadas no meu corpo me lembrarem do contrário. 

Olho mais uma ultima vez para a imagem concentrada a minha frente. Zayn estava sentado diante a escrivaninha estudando uma pilha de papelada, estava concentrado. Ele vestia calças pretas e suas botas, mas não usava blusa, me permitindo ver as tatuagens escuras que tampavam suas cicatrizes. Apesar do rosto possuir novas cicatrizes causadas pelas torturas de Liam, seu rosto ainda se mantinha impecável e bonito. Seus traços finos e marcantes me fazem pensar em Lilith e como seria sua aparência. Por um momento deixo uma risada baixa escapar ao imagina-la com os traços dele, era loucura, mas gostava de como ela se parece com nós dois nas imagens que crio em minha cabeça. Noto que minha risada, por mais baixa que tenha sido, o distraiu da papelada que ele lia, fazendo-o olhar para mim com um sorriso de canto e tento disfarçar levantando o livro que eu lia, usando-o para tampar o homem a minha frente. Não funciona. Sinto a atenção dele queimar minha pele a ponto de me deixar com as bochechas vermelhas e ao me atrever a espiar por cima das paginas amareladas, me deparo com ele de braços cruzados ainda me olhando. 

"O que foi?" Pergunto, sentindo a vermelhidão do meu rosto aumentar. Ele balança a cabeça negando, ainda com o maldito sorriso malicioso nos lábios e coloca a folha que segurava sobre a mesa.

"Gosto da sua risada." Ele responde, pegando-me de surpresa. Esperava que falasse algo obsceno como sempre fez, mas jamais um elogio desses. "Você fica mais bonita quando sorri." 

"Você está bem?" Pergunto, fazendo-o revirar os olhos e rir, uma risada humorada e leve. Não havia resquícios de maldade. 

"Estou." É tudo o que responde, com um sorriso no rosto, e volta sua atenção para as folhas e volta a segura-las em suas mãos. Naquele momento percebo que o clima entre nós estava leve e que nos ultimos dias tudo andou extremamente calmo, coisa fora do normal para o lugar em que estávamos, mas guardo meus pensamentos suspeitos somente para mim. Tento voltar minha atenção para o livro mas não consigo, meus olhos caem sobre o homem a minha frente novamente e mais uma vez sou surpreendida ao vê-lo levantar o olhar em minha direção. Minha respiração pesa e sem que tenha um motivo, meu corpo se arrepia. Ele obviamente percebe e seu olhar escurece, sendo tomado por malicia. Mordo os lábios e limpo a garganta, soltando um longo suspiro, enquanto me esforço para ler as palavras nas paginas a minha frente. Mas o livro é tirado de minhas mãos com delicadeza, fazendo meu coração acelerar. "Você está me distraindo e eu preciso trabalhar." Ele diz colocando o livro sobre a mesinha de cabeceira. 

"Posso sair." Respondo, vendo-o balançar a cabeça negando. Observo-o deslizar os dedos pelas minhas pernas nuas, seus toques queimam minha pele e me deixam ainda mais arrepiada. Sentindo minha respiração pesar a ponto de quase desaparecer, seguro sua mão que me tocava e o puxo para mim, abrindo as pernas para que ele possa se encaixar entre elas e assim faz. Seus olhos castanhos me analisavam como se quisessem gravar cada detalhe meu, podia ver o desejo que sentia, mas ao mesmo tempo o cuidado para não apoiar o peso de seu corpo sobre minha barriga. Passo os braços em volta de seu pescoço e o puxo para mais perto, sentindo nossas respirações se tornarem uma só e então seus lábios tocarem os meus em um selinho demorado e sua língua aprofunda o contato, deixando o beijo mais intenso. Ele  se apoia em um único braço e segura minha coxa com a mão livre, a apertando. Mas antes que pudéssemos aprofundar nossos contatos, três toques ecoam pela porta, nos obrigando a interromper nosso momento, mas Zayn não se afasta.